«Toda a minha vida desejei fazer a viagem ao Egipto, mas o tempo que tudo desgasta já tinha desgastado essa vontade. Logo que surgiu a hipótese desta expedição, que devia tornar-nos donos dessa região, a possibilidade de executar o meu antigo projecto, acordou em mim o desejo. Um palavra do herói que comandava a expedição decidiu a minha partida: ele prometeu levar-me consigo, e eu não duvidava do meu regresso. Depois de ter segurado a sorte daqueles que dependiam da minha existência, tranquilo com o passado, eu pertencia por completo ao futuro. Sabendo que o homem que desejava constantemente algo, adquire logo a faculdade de alcançar o seu objectivo, eu já não pensava nos obstáculos ou, pelo menos, sentia dentro de mim tudo o que era necessário para os ultrapassar. O meu coração palpitava sem que conseguisse descobrir se aquela emoção era de tristeza ou de alegria. Eu caminhava errante, evitando todos, agitando-me sem ideia, sem prever nem saber o que iria ser útil num país assim tão desprovido de todos os recursos.»
terça-feira, 10 de abril de 2012
O Barão Vivant Denon
«Toda a minha vida desejei fazer a viagem ao Egipto, mas o tempo que tudo desgasta já tinha desgastado essa vontade. Logo que surgiu a hipótese desta expedição, que devia tornar-nos donos dessa região, a possibilidade de executar o meu antigo projecto, acordou em mim o desejo. Um palavra do herói que comandava a expedição decidiu a minha partida: ele prometeu levar-me consigo, e eu não duvidava do meu regresso. Depois de ter segurado a sorte daqueles que dependiam da minha existência, tranquilo com o passado, eu pertencia por completo ao futuro. Sabendo que o homem que desejava constantemente algo, adquire logo a faculdade de alcançar o seu objectivo, eu já não pensava nos obstáculos ou, pelo menos, sentia dentro de mim tudo o que era necessário para os ultrapassar. O meu coração palpitava sem que conseguisse descobrir se aquela emoção era de tristeza ou de alegria. Eu caminhava errante, evitando todos, agitando-me sem ideia, sem prever nem saber o que iria ser útil num país assim tão desprovido de todos os recursos.»
De regresso de mais uma visita de estudo ao Egito encontro esta postagem da nossa diligente escriba Teresa que lembra o saboroso texto que Vivant Denon nos deixou da sua viagem ao país do Nilo, acompanhando Napoleão, «o herói que comandava a expedição».
ResponderEliminarA obra do viajante e desenhador francês (e que viria a ser o primeiro diretor do Museu do Louvre) foi editada entre nós pelas Publicações Europa-América em 2004, e desse volume foi feita uma recensão crítica que saíu na revista Cadmo nº 14 (pp. 218-220).