terça-feira, 31 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Abido, fonte de conhecimento
É conhecida a importância de Abido como local onde se cimentou a ideologia que modulou a prática civilizacional egípcia durante mais de 3000 anos.
Abido contribui sobremaneira para a compreensão da cultura do Antigo Egipto como um todo e nas suas várias vertentes.
Hoje gostaria de, embora ao de leve, realçar as possibilidades de conhecimento sobre urbanismo que as escavações arqueológicas no canto Norte de Abido já conseguiram. Mathew Adams identificou 9 casas, construídas na mesma altura, no início do I Período Intermediário e que ainda funcionavam no início do Império Médio. Formam um conjunto muito diferente dos das "cidades" das Pirâmides, cujo padrão de construção é repetitivo e com funcionalidades específicas.
Construídas a Sul do que terá sido uma casa excepcionalmente grande, possivelmente habitada por um Alto Sacerdote, tinham funcionalidades muito diversificadas e não obedecem a um padrão de construção. São todas diferentes umas das outras, o que constitui uma especificidade rara na arqueologia egípcia. Adjacente uma manufactura de faiança, ou seja cerâmica fina, usada em amuletos, estatuetas e quejandos. Inscrições evidenciam uma comunidade complexa que corresponde aos achados arqueológicos.
Estes achados são também importantes porque são de uma época tremendamente conflituosa, que tanto afectou a elite dominante. Contudo não se encontra deterioração das condições de vida e existem muitos materiais importados do Sul. Será que a luta pelo poder passou ao lado das populações?
Fonte: David O'Connor, Abydos, The American University in Cairo Press
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Description de l'Egypte
Napoleão Bonaparte foi um dos grandes responsáveis pela divulgação da história do Antigo Egito.
Na sua expedição ao Egito (1798 a 1801) vieram mais de 160 especialistas ligados a variadas áreas, assim como largas centenas de artistas especializados em desenho e pintura. No fim foram feitos vários livros em que mostrava com bastante detalhe os monumentos e artefactos encontrados no Egito, e a que se chamou globalmente "Description de l'Egypte" e foram publicados progressivamente entre 1909 e 1929.
No Link da Wikipedia podemos ter uma ideia geral desta extraordinária obra.
Aqui abaixo fica então o interessante link com acesso a uma parte importante desta obra e que eu recomendo vivamente.
Nota: Escolher a divisória "Plates Volumes" que se encontra na parte superior da página para ver as excelentes imagens da obra. Pode-se fazer zoom de cada página e até copiar para o nosso desktop. ;-).
(Para os que queiram também ver os textos, é escolher a divisória "Text Volumes").
«Imagens de satélite permitiram encontrar pirâmides no Egipto»
In Público (25.05.2011)
«A arqueologia espacial “substituiu” Indiana Jones. Imagens de satélite sobre o Egipto permitiram descobrir 17 pirâmides que estavam desaparecidas e três mil infra-estruturas escondidas debaixo do solo, num trabalho pioneiro de arqueologia espacial de um laboratório em Alabama, apoiado pela NASA.
As autoridades egípcias pretendem utilizar esta tecnologia para proteger o seu património (Foto: Asmaa Waguih/Reuters/arquivo)
"Indiana Jones é o método antigo. Ultrapassámos Indy, desculpa Harrison Ford”, disse à BBC Sarah Parcak, do laboratório de Birmingham, Alabama, especializada em arqueologia espacial.
A equipa de Parcak analisou as imagens obtidas por satélites a 700 quilómetros da Terra, equipados com câmaras de infra-vermelhos capazes de detectar objectos com menos de um metro de diâmetro na superfície terrestre. “Escavar uma pirâmide é o sonho de qualquer arqueólogo”, comentou Parcak, dizendo-se surpreendida com o que ela e a sua equipa encontraram.
“Trabalhámos intensamente durante mais de um ano. Mas o momento alto foi quando pude, finalmente, ver o conjunto de tudo o que encontrámos. Nem queria acreditar que localizámos tantos sítios em todo o Egipto”.
Depois de localizar os locais, a equipa começou as escavações. Já está confirmada a descoberta de duas pirâmides na região de Saqqara.
Segundo a BBC, as autoridades egípcias pretendem utilizar esta tecnologia para ajudar a proteger o seu património. Parcak acredita que este método pode encorajar os jovens cientistas e ajudar os arqueólogos em todo o mundo. “Permite-nos ser mais rigorosos no trabalho que fazemos. Perante um sítio enorme, muitas vezes não sabemos por onde começar”.»
sábado, 21 de maio de 2011
Hoje é um dia triste
Pelo desparecimento do nosso escriba e amigo João Venâncio, que há cerca de um ano desbravou connosco as maravilhas do Antigo Egipto, sempre gentil e afável. Fica connosco.
Templo solar de Abu Gurab
Este templo é muito diferente da maioria dos outros templos do Antigo Egito.
Era dedicado a Ré, divindade solar que foi cultuada muito intensamente na V dinastia (Império Antigo) tendo sido mandado erigir pelo faraó Niuserré Ini (c. 2453-2422 a.C.).
A sua localização situa-se a sul do atual Cairo, entre Guisa e Sakara, perto de Abusir.
A tipologia deste templo solar era basicamente constituído por um pequeno templo de acolhimento perto do Nilo que se ligava ao templo principal localizado mais acima, por um caminho processional.
No interior deste existia um pátio a descoberto onde se encontrava o altar em forma do signo "hotep" (oferenda), orientado pelos quatro pontos cardeais, ficando atrás deste um um obelisco bastante largo, encimado por um piramidion e assente numa espécie de pódium de pedra, o benben, que representava o raio de sol petrificado.
Infelizmente o templo está bastante destruído, mas mesmo assim foi possível com o material encontrado ter uma ideia aproximada como foi na realidade. (ver foto acima )
Outro templo solar que fica na proximidade e com idênticas características foi mandado erigir pelo faraó Userkaf, também da V dinastia, mas ainda aguarda que seja adequadamente escavado.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Buhen, uma fortaleza que não soube nadar…
A imagem da fortaleza de Buhen, que ficava praticamente sobre a fronteira egito-sudaneza perto da 2ª catarata do Nilo na sua margem ocidental, desapareceu definitivamente, porque infelizmente não foi transladada do local original por motivo do enchimento do lago Nasser na sequência do represamento do Nilo quando foi feita a barragem de Assuão, ao contrário do que aconteceu para alguns templos que se encontravam em localização semelhante. Assim, já que o material de construção era em grande parte o adobe e menos a pedra, terá sido destruída completamente fruto da corrente natural do rio.
Foi atribuída a sua execução ao faraó Senuseret III da XII dinastia, cerca de 1860 a.C. , e destinava-se a fazer a defesa militar do território relativamente à Núbia bem como
o apoio a intervenções militares mais a sul principalmente na região de Cush.
A maior curiosidade é o seu aspecto muito semelhante aos castelos medievais que foram construídos cerca de 2500 anos depois. Podiam-se ver vários tipos de torres com seteiras, muralhas com ameias e contrafortes, valas exteriores de protecção, pontes e até um pequeno templo.
Deixo-vos aqui este raríssimo vídeo que documenta como eram as ruínas antes da área ter sido completamente inundada.
RIP
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Casamento no Antigo Egito
Uma idiosincrasia no Antigo Egito é aquilo que nós chamamos casamento.
Ao contrário da nossa tradição, o casamento era neste caso um acto apenas do foro privado, sem um claro enquadramento jurídico ou mesmo religioso.
Apesar disso o casamento era muito importante, sendo habitualmente uma relação monogâmica. No entanto em alguns casos em que havia uma maior capacidade económica era permitido ao homem o concubinato, mas com mulheres com estatuto inferior ao da esposa (“nebet-per”).
As mulheres casavam habitualmente bastante cedo, entre os 12 e os 14 anos e os homens um pouco mais tarde, por volta dos 16 ou 17 anos. A justificação de ser tão precoce tinha em grande medida a ver com a baixa esperança média de vida e a necessidade de ter uma ampla descendência, já que a mortalidade infantil precoce era muitíssimo elevada.
Para além do interesse dos noivos, era essencial a concordância paterna, e o casamento consumava-se com a coabitação do novo casal. Havia habitualmente um contrato pré-nupcial em que havia troca de presentes entre ambos os cônjuges e dos familiares para os noivos.
Nos ensinamentos de Ptah-hotep, era feita recomendação a qualquer homem a se casar e a constituir família, logo que as suas condições económicas o permitissem, sendo também aconselhado ao homem, a amar e a procurar agradar à sua esposa.
Nas instruções de Hardjedef, era sugerido ao homem, quando começasse a prosperar, a erguer a sua casa, a tomar uma mulher de bom coração, para que ela lhe dê um filho.
No caso de divórcio que era previsto em casos de adultério, de incapacidade para gerar um filho ou de incompatibilidade do casal, era proporcionada proteção tanto à esposa como os eventuais filhos do casal.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Inacabado
Pedindo desculpas ao autor do post já aqui escrito sobre este impressionante obelisco inacabado, depois do repto feito num comentário à última "postagem" e porque o tema continua por acabar, é-me impossível resistir a colocar esta imagem do mesmo, tirada há cerca de um ano junto àquele bloco colossal.
sábado, 14 de maio de 2011
A melhor altura para visitar o Egito
A localização deste país encastrado entre dois imensos desertos condiciona algum cuidado a fazer na escolha do calendário de visita.
O período de junho a agosto é desaconselhado por causa do calor extremo e do muito baixo teor de umidade, principalmente se a viagem inclui o sul, onde as temperaturas diurnas podem aproximar-se da faixa dos 45 - 50º. Quem for saudável, tenha uma boa proteção solar e carregue bastante água mineral, sobreviverá certamente, mas fica aqui o aviso.
Habitualmente considera-se como a melhor altura para viajar para este país, o período de janeiro a maio, porque aqui o clima encontra-se mais ameno, facilitando a visita dos muitos monumentos ao ar livre. Mesmo assim é habitual a presença no período de meados de março a abril, de ventos quentes e intensos soprando do deserto líbico e que duram vários dias, a que se chama Khamsin (Khanseen) e que arrasta grande quantidade de areia e poeira prejudicando bastante a visibilidade (ver fotos).
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Um quiosque em Kalabcha
«... Sur une colline conique qui domine le Nil et le désert, un petit sanctuaire d'Hathor élève ses ruines élégantes. Dans ces contrées pleines de constructions cyclopéennes, on est surpris de trouver un temple grêle et délicat. C'est le temps qui, en faisant son oeuvre, l'a rendu si charmant; en effet, il a abattu les murailles, la terrasse, et n'a laissé debout que deux colonnes et deux piliers qui se détachent sur le ciel bleu. Les colonnes, reliées par une architrave monolithique de cinq mètres de long, ont des chapiteaux à fleur de lotus. Les piliers carrés, encore embarrassés des jambages d'une porte brisée, sont surmontés par une tête d'Hathor, entourée de bandelettes et couronnée d'un petit temple, sa coiffure spéciale; nulle inscription ne raconte l'époque de la construction, qui paraît remonter aux empereurs romains. À travers l'intervalle des colonnes, on aperçoit à l'horizon des palmiers verdoyants, et les méandres du fleuve..»
Maxime du Camp (1822-1894)
Foto: TMS
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Umm Seti
Umm Seti é o nome por que ficou conhecida Dorothy Eady, uma inglesa, nascida em 1904 e falecida em 1981, assaz excêntrica que, depois de ter visitado o Museu Britânico aos 4 anos, se convenceu que o seu mundo era o antigo Egipto. Desde a adolescência que se dedicou à Egiptologia e ao estudo da Escrita Hieroglífica, mas só aos 29 anos, já casada com um egípcio, viajou para o Egipto, tendo sido a primeira mulher a ocupar um cargo no Serviço de Antiguidades, onde trabalhou muitos anos. Teve um filho a quem chamou Seti, daí o nome Umm Seti. Só em 1956, já descasada, seguiu o seu destino, Abido e o Templo de Seti I, onde ela se considerava uma Sacerdotisa jovem de 14 anos, chamada Bentreshyt. Muito inteligente, no dizer de David O'Connor que com ela privou, com uma imaginação muito criativa, combinada com profundos conhecimentos de Egiptologia, tornaram esta mulher famosa e conhecida de todos os Egiptólogos, que desde os anos 60 (após uma interrupção de 30 anos) estudam os muitos e importantes sítios arqueológicos de Abido. Para mais informações consultar o link, onde também podem ser vistos 3 pequenos filmes. http://meerkatz007.multiply.com/journal/item/1348
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Belzoni
A este Indiana Jones de princípios do séc. XIX se devem muitas das descobertas mais famosas feitas no Egipto. E maior fã fiquei deste antigo artista de circo depois de visionar «Egypt», uma série memorável e imperdível da BBC.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Um saltinho até ao Neolitico
A figura mais pequena mostra um dos locais astronómicos mais antigos do mundo. Trata-se de Nabta Playa, a cerca de 800 km a sul do Cairo, no deserto Nubio.
Os alinhamentos da pedra em círculos, mostram a existência, há mais de 7000 anos a.c., de um calendário. As pesquisas revelam que Sirius e Orion estão lá representados, e serviria para a previsão de fenómenos naturais, nomeadamente as cheias do Nilo.
sábado, 7 de maio de 2011
Nilo, um rio especial
O Nilo é um rio extraordinário, não só pela sua dimensão (o 2º maior, com 6852 Km) e caudal, mas por percorrer todo o Egito, numa extensão de cerca de 1200 Km, tendo permitido a fixação das populações na antiguidade ao longo das suas margens e permitido o desen-volvimento de uma avançada civilização ao longo de milhares de anos.
Só a partir do século XIX se descobriram as origens do Nilo, sendo constituído pela junção de três braços:
-O Nilo Azul, proveniente da Etiópia;
-O Nilo Branco originado no Lago Vitória, já ao Sul do Equador;
-O Rio Atbara também proveniente da Etiópia.
Os dois primeiros, que são os braços principais juntam-se na cidade sudanesa de Cartun.
Dada a origem de uma parte muito importante das suas águas nas áreas equatoriais, as inundações no Egito aconteciam em meados de Julho, pouco depois do reaparecimento de Sirius acima do horizonte.
Para os antigos egípcios, essas cheias, que normalmente duravam cerca de quatro meses, eram "asseguradas" pelo faraó, e pelas oferendas às divindades. Esses sedimentos férteis trazidos pelas cheias eram essenciais para permitir a sementeira e a posterior colheita agrícola.
Na antiguidade, eram contabilizadas seis cataratas, sendo a primeira em Assuão, ainda no Egito e as outras cinco em território do atual Sudão.
No século XX foram feitas duas barragens na zona de Assuão, que regularizaram definitivamente o caudal do Nilo, terminando com as cíclicas cheias e tendo criado um enorme lago artificial chamado lago Nasser.
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