Esta foto mostra o rosto de um grande monarca do Império Novo, que reinou cerca de 1290-1279 a.C. como Menmaetré Seti-merenptah, ou seja Seti I, segundo faraó da XIX dinastia e pai do ainda mais célebre Ramsés II, que tão popularmente é conhecido.
Seti I, cujo nome indica a sua inclinação pelo culto ao deus Set e atesta a origem da família, de cariz militar e provavelmente vinda do Delta Oriental do rio Nilo, teve um reinado relativamente curto, se comparado com o do seu famoso sucessor, possivelmente não superior a 11 anos, mas não menos pleno de realizações políticas, artísticas e militares. Da sua consorte, Tuia, teve vários filhos, inclusive o seu célebre herdeiro.
Associado ao poder, ainda em vida do pai, Ramsés I, fundador da linhagem, o novo monarca depressa se inteirou das questões governativas e bélicas, na qualidade de vizir e comandante, usando depois as suas capacidades para travar o avanço dos Hititas na região da Sírio-Palestina e subordinar de novo as tribos e principados rebeldes após as perturbações decorrentes da experiência armaniana. Assaltou a cidade de Kadesh e dominou, mais ou menos vitoriosamente, os seus inimigos, conseguindo manter intactas as possessões egípcias na Ásia. Também existem notícias de expedições contras tribos líbias e contra os Núbios. A competência militar de Seti I, juntamente com o apoio de excelentes funcionários permitiu uma sã administração do país e a manutenção do seu prestígio internacional, embora o conflito com os Hititas só se resolvesse no reinado seguinte.
A nível artístico, destacam-se obras de Seti I no grande templo de Karnak, em Tebas-Uaset, sobretudo a fabulosa sala hipostila, com 134 colunas, que ainda hoje constitui uma das grandes atracções turísticas. Em Abido, o rei ampliou e decorou o templo em honra de Osíris, suprema divindade local, a par de outras divindades nacionais e dele próprio como deificado. Os relevos do templo de Abido são dos mais belos e bem preservados de todo o Egito e possuem, inclusive, a lista de sucessão dinástica dos monarcas egípcios anteriores a ele, com as devidas alterações para eliminar nomes impróprios. O templo não seria terminado senão já no reinado do seu filho, Ramsés II.
Em Gurna, Seti mandou criar o seu templo mortuário ao passo que existem outros vestígios seus em Auaris, Mênfis e mesmo na Núbia e no Sinai como forma de reconhecimento do poder e riqueza do faraonato mesmo além-fronteiras.
No Vale dos Reis, na margem ocidental do rio Nilo, perto de Tebas, Seti foi a enterrar no túmulo KV17, o maior e mais ricamente decorado sepulcro da necrópole real. Tem 136 metros de comprimento, onze câmaras e algumas salas anexas. Giovanni Batista Belzoni, um dos primeiros arqueólogos modernos, foi o responsável pelo achado tumular, em 1817, daí que por vezes se chame ao KV17, o "túmulo de Belzoni". Dado o avançado estrago feito por Champollion, ao remover duas secções de paredes, em 1829, o túmulo de Seti I encontra-se quase sempre encerrado ao público para minimizar os danos.
A múmia de Seti I seria encontrada num túmulo coletivo em Deir-el-Bahari, em 1881. Embora a mais bem preservada, não escapou à ação destruidora dos ladrões tumulares, pois sabe-se que a sua cabeça fora decepada e depois cuidadosamente recolocada com o auxílio de pedaços de linho por sacerdotes fiéis que em seguida enterraram o corpo nesse túmulo coletivo para evitar mais profanações. Atualmente, encontra-se no Museu Egípcio do Cairo.