A pesagem do coração (psicostasia)
O coração fala mais alto do que a razão...
Este era o momento mais dramático e importante do julgamento do mortos. O coração do homem era avaliado em relação ao respeito pela norma Maet: a rectidão, a justiça, o equilíbrio ...
Perante o Deus Osíris e a Deusa Maet o morto confessava-se pela negativa. O tribunal era composto por 42 juízes: cada um deles representava um nomo e era presidido por Osíris. O julgamento consistia na pesagem do coração do morto, o qual era colocado num dos pratos da balança e no outro estava uma pena de avestruz que simbolizava a verdade.
Quando não se verificava o equilíbrio, o morto era devorado por um deus crocodilo. No entanto, o morto podia usar em sua defesa a confissão pela negativa. Declarava, assim, a sua inocência: Não causei sofrimento aos homens; Não empreguei violência com os meus parentes; Não matei e não mandei matar; Não monopolizei os campos de cultivo; Não trabalhei em meu proveito em excesso... etc..
Como esta última negação veio a cair em desuso ao longo dos anos...!
A Hermínia utilizou para ilustrar a sua mensagem sobre o «Livro dos Mortos» um dos mais belos exemplares que chegaram até nós: o papiro de Ani, da XIX dinastia, hoje no British Museum.
ResponderEliminarMas a imagem merecia bem um tamanho maior, para se perceber melhor o defunto a dar entrada na sala conduzido por Anúbis, depois o mesmo Anúbis a conferir o fiel da balança onde está o coração de Ani, a inquietante presença de Ammut, o monstro devorador de corações impuros (animal mítico formado por partes de crocodilo, hipopótamo e leão), o deus Tot a registar a ocorrência, a seguir o defunto com o deus Hórus que apresenta o relatório a seu pai Osíris sentado no trono, com as suas irmãs Ísis e Néftis.
Lembro que este tema do coração no antigo Egipto foi o tema para a tese de mestrado, e depois para a tese de doutoramento, de Rogério Sousa (Universidade do Porto).