terça-feira, 22 de dezembro de 2020

«Livro dos Mortos» da dama Nani


Os papiros funerários datados da XXI dinastia (séculos XI-X a. C.), 
como este fragmento que pertenceu à dama Nani, contêm sobretudo
versões do «Livro dos Mortos» e «Livro de Amduat», e continuam
a ser ricamente decorados com vinhetas que acompanham os textos.

Nesta folha, que faz parte de um rolo de papiro que hoje se encontra 
no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque, vê-se a dama Nani
em pose de veneração perante o deus Osíris, identificado na legenda
como «deus grande e senhor da Duat» (o outro mundo paradisíaco), 

Quanto à defunta, com um belo vestido transparente e com a pesada
cabeleira rematada com um cone de perfume, exibe os dignos títulos 
de música dos senhores de Uaset (hesit net nebu Uaset), dona de casa
 (nebet-per), música-cantora de Amon-Ré rei dos deuses (chemait net 
Amon-Ré nesu-netjeru), e filha verdadeira do rei (sat-nesu maet).

Quanto aos referidos «senhores de Uaset», ou Tebas (hoje Lucsor),
são Amon, Mut e Khonsu, a divina família tebana que é mencionada
noutras partes do texto, sendo de notar que o elevado título de filha 
verdadeira do rei (sat-nesu maet) pode ainda ser interpretado como
filha carnal do rei (neste caso o rei é Pinedjem I, um sumo sacerdote  
de Amon que se revestiu de dignidade real, típico da XXI dinastia).

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