Os primeiros faraós apresentavam o seu Nome de Hórus, dentro de um Serekh, uma figura basicamente rectangular que representava a fachada do palácio real e que, no seu interior, continha o(s) hieróglifo(s) do seu nome, e era encimado por um falcão hórico.
Esta foto representa uma estela pertencente ao faraó Raneb da II dinastia, aproximadamente 2880 a.C., encontrando-se presente- mente no Metropolitan Museum of Art,
New York.
Só a partir da IV dinastia, foi introduzida a cartela, em que os nomes de "Filho de Ré" e o nome de "Rei do Alto e do Baixo Egipto", se encontram, cada um, rodeados por um vinheta elíptica.
Tomara eu ter estado no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, cuja colecção egípcia só conheço através do seu catálogo, que é de resto um dos melhores catálogos de arte egípcia que até hoje se publicaram. O seu título é: The Scepter of Egypt. A background for the study of the Egyptian Antiquities in the Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, 1990 (dois volumes), que é uma das minhas obras preferidas no âmbito da Egiptologia.
ResponderEliminarO seu autor foi o notável egiptólogo William Hayes, tendo sido editados os volumes I (desde a Pré-História ao final do Império Médio) e II (dos Hicsos ao final do Império Novo). Infelizmente ele faleceu antes de concluir o volume III (que seria o Terceiro Período Intermediário, a Época Baixa e a Época Greco-Romana), e a obra ficou por aqui.
De facto a estela postada pelo nosso sunu mostra o serekh que contém o nome do Hórus Raneb (por vezes interpretado como Hórus Nebré), demonstrando que o culto do deus Ré de Heliópolis começou desde muito cedo a ascender, até que a partir da IV dinastia todos os prenomes dos reis conterão a forma Ré no final. As duas formas possíveis do nome deste Hórus da II dinastia permitem também outra informação: é que quando numa forma onomástica o nome do deus está no princípio é Ra (como por exemplo em Ramsés) e quando vai no final passa a Ré (Khafré, Menkauré, etc.).
E finalmente chegou a altura de a Hermínia ir buscar o chicote e, se for preciso, pedir emprestadas à Teresa as botas altas pretas: é que o nosso sunu cometeu um lapso que nenhum escriba egípcio faria - referiu um aberrante título de «Filho do Alto e do Baixo Egipto» quando afinal se trata do bem conhecido título de «Rei do Alto e do Baixo Egipto» (nesu-bit).
Realmente... só à chibatada... e o Filho já passou a Rei...
ResponderEliminarO que vale é que temos, por aqui, muito material fotográfico dos 2 magníficos museus para aplacar a "ira" do nosso maético Professor... ;-)
Valeu pela dica do que é um serekh! Parabéns pelo post.
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