Esta bonita escultura do anão Seneb acompanhado pela sua bonita esposa e seus filhos encontra-se no Museu Egípcio do Cairo e data da IV dinastia, isto é, contemporâneo das duas maiores pirâmides de Guisa.
Seneb era responsável pelo guarda-roupa dos faraós Khufu e Khafré, função extremamente prestigiada na época graças à grande intimidade com o faraó.
Esta original escultura mostra o anão com as suas características morfológicas típicas como a cabeça desproporcionadamente grande e as pernas bem curtas, em posição de escriba.
Os filhos foram colocados numa curiosa disposição como a substituir as pernas do seu pai e dando metaforicamente apoio ao seu progenitor. Como é habitual na representação feminina, a cor da pele da esposa é muito mais clara que a do marido.
Afinal de contas, o que parece contar é o prestígio associado à posição social! Seria de esperar que um anão não fosse considerado de grande nota devido à sua deformidade, mas sem dúvida ele gozava da intimidade desses grandes reis, ou não teria sido retratado como tal! Um belo exemplo de estatuária familiar!
ResponderEliminarAcrescentaria que o anão Seneb (que em egípcio queria dizer «Saúde» ou «Saudável») foi, entre outros cargos que exibe, sacerdote funerário dos reis Khufu e Djedefré, tendo este último reinado entre o pai e o seu irmão Khafré.
ResponderEliminarAliás, os nomes de Khufu e Djedefré, dentro das respetivas cartelas, estão presentes na base cúbica do grupo escultórico, mesmo de frente, ladeando as figuras ternurentas do menino e da menina, filhos de Seneb e da sua esposa.
Quanto à rechonchuda esposa do anão Seneb, chamava-se Senetités, e o texto gravado junto dela apresenta-a como sacerdotisa das deusas Hathor e Neit, o que faz da dama uma personagem deveras importante naquela época.
De acordo com as inscrições hieroglíficas frontais, o filho tinha o nome de Ankhemadjedefré («Que Djedefré viva») e a filha chamava-se Autibenkhufu («Khufu está alegre»), ou seja, têm nomes faraóforos - nomes de pessoas que integram um nome real.
Estão a ver o «truque»?... As formas onomásticas faraóforas prestigiam o seu portador (e os pais que lhes puseram os nomes), mas ao mesmo tempo os nomes reais podem por isso mesmo figurar nas inscrições, como aqui se vê!