Os Antigos Egípcios também se revelaram jardineiros de primeira qualidade. Durante milénios a cultivarem plantas de inúmeros tipos e espécies em hortas para a sua subsistência, gradualmente desenvolveram os jardins nos templos, nos palácios e nas residências privadas dos abastados, não só como fonte de produção alimentar e medicinal - muitas das plantas eram hortícolas e medicinais assim as árvores eram de fruto para abastecer as cozinhas e as mesas - mas também como espaço de recreio, lazer e descanso para os respectivos proprietários.
À medida que crescia a riqueza do Antigo Egito, especialmente no Império Novo, os jardins dos privilegiados e dos templos tornaram-se ainda mais elaborados e luxuriantes, com todo o género de plantas exóticas, flores bizarras, delicadas e belas e até mesmo piscinas e lagos com peixes e aves aquáticas como ornamentos decorativos.
E evidentemente, quando faleciam, os Antigos Egípcios procuravam recriar os jardins na forma de modelos funerários em miniatura que sepultavam nos túmulos dos seus proprietários a fim de lhes permitir gozarem esses prazeres verdejantes na vida além da morte.
A bonita imagem acima provém do túmulo de Nakht, um jardineiro real, nos princípios do século XIV a.C. - meados do Império Novo - e representa os "Jardins de Amon", do Templo de Karnak, tal como ele se lembra de os gerir e orientar. Esses jardins produziam flores, plantas e árvores para abastecimento das cozinhas, para questões medicinais e para os ritos religiosos, ligados com os ciclos da natureza e das estações do ano. Esta pintura pode ser vista no Museu Real de Arte e História, em Bruxelas, na Bélgica.
P.S. Para quem quiser saber um pouco mais sobre antiga jardinagem egípcia é favor ver o seguinte link: http://en.wikipedia.org/wiki/Gardens_of_Ancient_Egypt.
Esta postagem do zeloso escriba Fernando Azul que nos apresenta o jardineiro Nakht (e não Nakh como vem no texto) insere uma pintura que supostamente seria do túmulo de Nakht - mas ela é uma interpretação moderna dos verdejantes espaços ajardinados egípcios.
ResponderEliminarJamais numa pintura egípcia se poderia ver aquele grupo perspetivado de jardineiros a laborar no campo, dado que nas representações murais em pintura ou em baixo-relevo a perspetiva nunca é expressa, porque a arte egípcia é sobretudo aspetiva!
Obrigado, professor, pela apresentação do correcto nome do dito jardineiro. Já fiz a devida alteração. Quanto à pintura em si, confesso a minha larga ignorância acerca das normas da representação artística. Se acha que devo mudar mais alguma coisa nesta postagem, agradecia muito que me informasse. Afinal de contas, o rigor científico existe precisamente para fornecer a verdade sobre os conteúdos em exposição.
ResponderEliminarA postagem vale sobretudo para se apreciar a pintura do túmulo de Nakht que aqui é vista numa interpretação moderna, dando uma visão de perspetiva a uma imagem que na pintura original egípcia não existia, porque os homens ali representados a tratar do jardim estariam todos alinhados na mesma linha de base.
ResponderEliminarTambém na arquitetura o jardinamento tinha uma natural continuidade, as colunas e os capitéis, claramente inpirados no lótus e no papiro, davam ares de paraíso terrenos aos templos.Os capitéis dos templos ptolomaicos são uma verdadeira ode às inspirações variadas que a natureza pode proporcionar. O forte contrate do verdejante e sinuoso vale com a aridez retilínea dos penhascos e do deserto, geraram essa dualidade da vida com a morte no imaginário egípicio. Os animais e as plantas eram respeitados como emanações vivas do aspecto perfeito do divino. Tantos séculos depois, é ainda este o mesmo caminho que a contemporânea sensibilidade ambiental de tantos de nós, ainda persegue.
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