Realiza-se no próximo dia 4 de dezembro, quarta-feira, pelas 18 horas,
mais uma sessão do VI curso livre de Egiptologia, no Anfiteatro III
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A sessão é dedicada a um faraó pouco conhecido chamado Horemheb,
que reinou em finais da XVIII dinastia do Império Novo (c. 1320-1292 a. C.)
e que preparou o caminho para a XIX dinastia de Seti e de Ramsés II.
Na imagem surge Horemheb, quando ainda não era faraó, exibindo os seus
importantes títulos de «membro da elite (iri-pat), governador (hatiá),
escriba real verdadeiro (sech-nesu maé), seu amado (meri-ef; amado
do rei, que era Akhenaton ou Tutankhamon ou Kheperkheperuré Ai),
grande comandante do exército (imirá-mechá uer)».
Mas antes da entrada em cena de Horemheb será feito o lançamento
da nova revista Hapi, com uma intervenção do seu diretor, o egiptólogo
Telo Ferreira Canhão, vice-presidente da Associação Cultural
de Amizade Portugal-Egipto.
Nessa imagem Horemheb ora a Osíris. As duas deusas atrás de Osíris não tenho a certeza absoluta, mas vou arriscar: Ísis é a que está mais atrás e Neftis a que está em primeiro plano. Segundo me recordo é frequente associarem-se estas duas divindades - que são irmãs - nos ritos fúnebres relacionados com a mumificação. Acertei?
ResponderEliminarEstá certo! E, já agora, acrescente-se que o deus Osíris está identificado não só pela sua típica iconografia mas também pelas duas linhas de texto vertical que estão à sua frente, que dizem: «Osíris-uennefer, que está à frente do Ocidente, senhor da terra sagrada (a necrópole)».
ResponderEliminarQuanto às duas deusas que estão atrás de Osíris, deus da eternidade, são de facto as suas irmãs Ísis e Néftis, estando a primeira identificada pelo texto que diz «Ísis, a grande, mãe de deus, dama do Belo Ocidente», e a segunda apresenta-se como «Néftis, senhora do céu, dama das Duas Terras».
As duas restantes linhas verticais, em frente de Horemheb, dizem: «Louvores para o teu ka, Ptah-Sokar-Osíris, que ele dê pão, cerveja, carne de bovino e de aves, tudo coisas boas e puras, como oferendas para seguirem para (perante) o ka do Osíris (...) Horemheb.»
Note-se que se trata de uma divindade sincrética, fundindo três deuses numa só imagem, que são Ptah, Sokar e Osíris - por isso seria de esperar que no texto de solicitação de oferendas estivesse «que eles deem» (di-sen) e não «que ele dê» (di-ef) como lá está.
E pronto, uma pequena licão de leitura de escrita hieroglífica.