Quem for ao Museu Britânico, em Londres, poderá encontrar esta esfinge de um peculiar tipo de rocha denominada "gneiss" (em inglês). Representa um rei pouco notável da XII dinastia: Amenemhat IV, penúltimo da sua linhagem, que terá reinado por volta de 1780-1770 a.C.
Maekheruré Amenemhat - para tratá-lo pelo prenome e nome - não se destaca no compêndio da XII dinastia. As suas ligações familiares ainda são motivo de debate: em tempos achou-se que seria um príncipe menor, casado com a princesa Neferusobek, talvez herdeira de Amenemhat III, assumindo o trono através dela. Hoje tem-se mais ideia de que seria filho de Amenemhat III, sucedendo-lhe como único varão sobrevivente, após uma curta regência conjunta, atestada por inscrições em rochas na Núbia. A brevidade do seu reinado talvez se deva à idade avançada do próprio monarca aquando da morte do pai. O Papiro Real de Turim confere-lhe 9 anos, 3 meses e 27 dias de reinado.
No essencial é uma época tranquila e isenta de ameaças externas: o rei limita-se a finalizar as obras iniciadas pelo pai nos templos em Medinet Maadi e possivelmente a ele se deve a construção de um templo em Kasr-el Sagha, no nordeste do Faium. Conhecem-se referências de quatro expedições ao Sinai em busca de turquesas e uma ao Uadi el-Hudi, na procura de ametistas.
Contudo o poder real começa seriamente a declinar nesta época. Registos contemporâneos dão conta de secas sucessivas que terão levado ao fracasso das colheitas, fragilizando a base de uma economia agrícola e com ela os rendimentos da monarquia faraónica. É possível que, no fim do Império Médio, os recursos tenham sido explorados ao ponto do esgotamento, tornando-se insuficientes para uma população crescente, ainda mais com o início de um fluxo de imigrantes de origem asiática.
Acrescentem-se problemas de ordem dinástica: possivelmente o longo reinado de Amenemhat III privou a monarquia de herdeiros capazes, razão que dita a ascensão de uma mulher ao trono, Neferusobek, talvez meia-irmã e esposa de Amenemhat IV e sua imediata sucessora, derradeira representante de uma dinastia moribunda e em processo de extinção.
Desconhece-se com exatidão o local de enterro de Amenemhat IV: uma pequena pirâmide em Mazghuna, a sul de Dahchur terá sido feita para ele, supostamente como morada final para a eternidade.
Desconhece-se com exatidão o local de enterro de Amenemhat IV: uma pequena pirâmide em Mazghuna, a sul de Dahchur terá sido feita para ele, supostamente como morada final para a eternidade.
Realmente o aspeto um tanto desajeitado da estátua deixa perceber a fase de menor brilhantismo artístico no final da XII dinastia, que atingiu o seu apogeu com os dois reis anteriores a Amenemhat IV - o avô dele, Senuseret III, e o pai, Amenemhat III.
ResponderEliminarEntretanto, no peito desta estátua esfíngica de Amenemhat IV, no meio da enorme juba leonina, pode ler-se dentro da cartela o quarto nome do rei, que era Maakheruré («Ré é justo de voz»).
É uma estátua um tanto feiosa, realmente...Não me digam que tinham esgotado todas as matérias-primas para fabrico de esculturas! Comparativamente a outras esculturas do período, não é das melhores...
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