Ainda acerca da pobre exposição sobre o túmulo de Tutankhamon,
que acaba por ser o chamariz e a «justificação» para exibir imbecis
e alvares «reproduções» de outras épocas históricas do antigo Egito,
poderá a organização invocar que se limitou a comprar a «artesãos
do Cairo» (até dizem que têm as «faturas») as «réplicas» expostas,
muitas delas patenteando um incrível, vil e adulterado mau gosto,
tendo ainda sido «aprovadas» pelo Museu Egípcio do Cairo, o que
é altamente duvidoso, e até insultuoso para aquela instituição.
Tudo isto para apresentar, como dizem alguns anúncios da mostra,
«uma visão única» sobre o tema... De facto, trata-se da visão muito
deturpada e ínvia de quem adquiriu as «réplicas», algumas delas
bem conhecidas de quem visita várias lojas do Cairo onde estão
à venda, como testemunham as imagens aqui publicadas, vendo-se
na segunda foto uma das «réplicas» mais solicitadas: a máscara
funerária de Tutankhamon, em geral com um semblante esgazeado
e néscio, a que se juntam outros objetos encontrados no túmulo.
Desde que os clientes disponham da verba pedida, tudo se pode
comprar nessas lojas, e com tais «réplicas» até se podem montar
exposições que, de uma forma despudorada, se podem travestir
com um sedutor timbre «cultural» e «pedagógico» - enfim, afinal
tudo não passa de um negócio, e negócios há muitos, mas nestas
situações convém que haja seriedade e respeito pelos visitantes
que pagaram as suas entradas no Pavilhão de Portugal, tutelado
pela Universidade de Lisboa (o que torna o caso mais triste).
Alguns alunos e amigos confessaram que em meios informáticos
adequados protestaram contra as gritantes e estouvadas anomalias
mas as suas reclamações e as suas críticas foram sistematicamente
apagadas pela organização, só lá ficam os comentários positivos.
No entanto, noutras páginas não censuradas sobreviveram alguns
comentários do género: «A exposição foi uma desilusão total»,
ou «A relação qualidade-preço deixa muito a desejar», e ainda
«Uma exposição a evitar, todos os objetos são réplicas com ar
duvidoso», ou «Trata-se, no fundo, de uma exploração à custa
do fabuloso achado e da magnífica história que o rodeia. Uma
exposição que é uma vergonha para o nome de Tutankhamon».