quarta-feira, 27 de junho de 2018

O Obelisco Inacabado




Depois da emocionante visita à ilha de Filae, para ver o grande templo
da deusa Ísis e o pavilhão de Augusto-Trajano, entre outros monumentos
mais modestos, seguimos para o local das antigas pedreiras faraónicas,
onde se encontra o impressionante Obelisco Inacabado, assim chamado
porque ficou por terminar devido à pedra ter rachado em vários pontos.

Apesar de ser dos sítios mais quentes do Egito (mesmo na primavera),
vale a pena estar na pedreira e perceber como eram os blocos extraídos
da rocha através de buracos previamente feitos e nos quais eram fixadas
cunhas de madeira para serem copiosamente regadas com água na certeza
de que a madeira inchava e fazia estalar a pedra para se obter os blocos.

No caso do Obelisco Inacabado, procedeu-se ao desbastamento da rocha
granítica usando pesados blocos de dolerito, com pancadas fortes dadas
pelos operários, como se percebe na segunda imagem a rodear o obelisco, 
vendo-se na terceira imagem o guia a exibir um desses blocos de dolerito
achado na zona da grande pedreira de Assuão, que é a origem do granito
que serviu para erigir os monumentos do antigo Egito, como o interior
das grandes pirâmides de Guiza... a oitocentos quilómetros para norte!

Eis, pois, uma visita que serve para mostrar um fracasso da arquitetura
 faraónica, contrastando com os notáveis sucessos obtidos no antigo Egito 
ao longo de três mil anos de história e de operosa atividade construtiva,
sobretudo em túmulos e templos - mas este grande obelisco de granito,
que hoje ali jaz na grande pedreira de Assuão, se tivesse sido acabado 
ficaria com mais de 40 metros de altura e um peso superior a mil toneladas.

Resta saber quem foi o grande faraó que o mandou executar... Há diversas
hipóteses, desde Tutmés III, em cujo reinado se fizeram vários obeliscos
(o maior dos quais está hoje em Roma, com 32 metros de altura), Seti I
e Ramsés II, um incansável construtor (com um obelisco seu em Paris),
mas poderia ter sido a rainha-faraó Hatchepsut - era mulher para isso!

2 comentários:

  1. A História do Antigo Egito não é só feita de sucessos...as múltiplas pirâmides de Seneferu mostram a insatisfação das experiências arquitetónicas até culminar num exemplar de sucesso. Tentativa e erro...

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  2. A zona das pedreiras de granito, situada a sueste da cidade de Assuão, é das mais quentes do Egito - faço ideia de como estará a temperatura quando visitarmos o local de extração dos blocos no próximo mês de agosto...

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