Julga-se que a rainha-faraó Hatchepsut tenha mandado erguer
no templo de Amon, em Karnak (Lucsor), pelo menos quatro
obeliscos, dos quais resta um (que se vê na imagem de cima),
tendo sido recentemente reerguido um fragmento (com cerca
de cinco metros de altura) na zona do lago sagrado de Karnak
o qual se vê também na primeira imagem, entre o obelisco de
Hatchepsut e o de seu pai Tutmés I (XVIII dinastia) sendo de
registar que o da rainha-faraó é o maior do Egito (30 metros),
magnificamente esculpido num único bloco de granito rosa.
Sabe-se que, regra geral, os obeliscos eram erigidos aos pares
à entrada dos templos, e no caso dos grandes obeliscos feitos
para a rainha-faraó até sabemos o nome do arquiteto e mestre
de obras que dirigiu os trabalhos de extração e colocação: foi
Amen-hotep, cujo nome está numa inscrição hieroglífica que
ele mandou gravar e que se pode ler na primeira imagem com
o título de «conhecido verdadeiro do rei, seu amado», e mais
o seu cargo de sumo sacerdote da tríade divina de Elefantina,
o deus Khnum, a esposa Satet e a jovem filha deles, Anuket.
Quanto à segunda imagem, é a reprodução expressiva de um
relevo que Hatchepsut mandou fazer, garantindo que os dois
obeliscos se destinavam ao deus Amon-Ré, que se encontra
à direita, estando a rainha-faraó à esquerda (com o prenome
de Maatkaré e o título de deus bom) e ao meio os obeliscos.
Note-se que o texto da esquerda tem leitura retrógrada, nele
se declarando que ela mandou fazer os dois obeliscos para o
seu pai Amon-Ré, com a ponta coberta de eletrum brilhando
sobre as Duas Terras (o Egito) como o disco solar, com uma
afirmação convicta no fim: «Nunca se tinha feito uma coisa
assim, desde os tempos antigos!» Sim, mas Hatchepsut fez!