Os antigos egípcios cedo criaram um mundo de dualidades.
A margem oriental, onde o sol nascia, era dedicada aos vivos, enquanto o lado ocidental, onde o sol se punha, era vocacionado para os que estavam no Além. Daí, com raríssimas exceções, ser a zona ocidental a escolhida para os túmulos. pirâmides, mastabas e templos funerários; enquanto a zona oriental era a dos templos votivos dos muitos deuses, assim como as cidades dos homens.
O país também era conhecido pelas duas terras: uma a norte, o baixo Egito, representado pelo papiro, pela abelha ou pela deusa cobra (Uadgit),
e o baixo Egito, representado pela flor de lotus, pelo junco ou pela deusa abutre (Nekhbet)Para além destas dualidades, havia outras, como a terra negra, cor dada pelos aluviões trazidos pelas cheias do Nilo (Khemet) e a terra vermelha que corresponde ao deserto (Decheret); o dia e a noite; a ordem e o caos. Cabia à deusa Maet, com a sua inconfundível pena de avestruz na cabeça, a preservação da ordem, a justiça e a harmonia tão cara aos antigos egípcios.
Este oportuno texto do nosso sunu Jorge Pronto permite recordar como a geografia nilótica influenciou deveras o pensamento dos antigos Egípcios ao longo de toda a sua história milenar.
ResponderEliminarNa verdade essa realidade geográfica reflectiu-se em todos os níveis da vivência egípcia desde a política à ideologia, da administração à iconografia, da arte à religião, impondo no essencial uma visão dualista das coisas e do mundo.
Embora por vezes se considere, em termos de estudos de topografia cultural, e por uma questão de maior facilidade na apreensão do espaço, a existência de um Baixo Egipto, um Médio Egipto e um Alto Egipto, a verdade é que os faraós eram senhores das Duas Terras (neb Taui).