quarta-feira, 29 de junho de 2011

Museu Fitzwilliam - Cambridge, R.U.


O Império Antigo, também conhecido como a Era das Pirâmides, tem como percursor o Rei Djoser, para quem o Arquitecto Imhotep construiu uma primeira Pirâmide, a Pirâmide de Degraus, em Sakara. Construída para ser o complexo funerário do Rei, consiste o seu interior num elaborado sistema de quartos e corredores revestidos de magníficos conjuntos de azulejos em faiança egípcia. (A "faiança egípcia" assim denominada, por ser um composto de quartzo esmagado com pasta de vidro, distinguindo-se da verdadeira faiança do Séc. XV, a majólica).
Os azulejos da foto estavam engessados precisamente numa das paredes referidas, do complexo funerário de Djoser, III dinastia, c.2690-2670 B.C.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O SENTIDO DA HISTÓRIA
















Entre 1858 e 1926 as escavações em Abydos foram orientadas principalmente por dois arqueólogos: Auguste Mariette e Flinders Petrie, cujas personalidades e métodos não podiam ser mais distintos.
Mariette, nomeado em 1858, primeiro chefe da Organização de Antiguidades Egípcias, recuperou em Abydos, desde 1858 até 1861, uma vasta quantidade de materiais e publicou sobre o sítio os primeiros relatórios arqueológicos significativos. Morreu em 1881, um ano depois de Petrie visitar o Egipto pela primeira vez.
Petrie promoveu escavações meticulosas e focalizadas por 2 vezes: 1899-1903 e 1921-22. Supervisionava pessoalmente as escavações, em proximidade com os assistentes. Apesar das excentricidades, era muito respeitado. Foi Petrie que identificou, perto do Templo de Khentamentiu, que mais tarde se apelidaria de Osíris, uma povoação de tamanho considerável, a que está associado um importante cemitério, onde desde a Dinastia O até à II Dinastia foram sepultados muitos Reis do Egipto e seus antecessores.
O Museu Petrie em Londres tem mais de 80000 objectos reportados ao Vale do Nilo.

Vem aí uma segunda barca solar


«Khufu’s second solar boat revealed


Buried for 4,500 years, King Khufu’s second solar boat, designed to ferry him to the afterlife, has been uncoveredNevine El-Aref , Thursday 23 Jun 2011

Today, hundreds of foreign and Egyptian journalists along with photographers, cameramen and TV presenters flocked to the Giza Plateau, where Minister of State for Antiquities Zahi Hawass, Chargé d’Affaires at the Japanese Embassy to Egypt Masami Kinefuchi, and the chief executive representative of the Nitori Holding Company, Akio Nitori, unveiled King Khufu’s second solar boat.

This boat was first discovered in 1954 by Egyptian architect and archaeologist Kamal El-Malakh with fellow archaeologist Zaki Nour during routine cleaning at the southern side of Khufu’s Great Pyramid. The first pit was found under a roof of 41 limestone slabs. Removing one of these slabs, a cedar boat, completely dismantled but arranged in the semblance of its finished form, was found along with layers of mats, ropes, instruments made of flint and some small pieces of white plaster with 12 oars, 58 poles, three cylindrical columns and five doors.

The boat was removed from the pit to a nearby warehouse where the late master of restorers Ahmed Youssef spent more than 20 years reassembling it. It is now exhibited at the Khufu Solar Boat Museum near to the Great Pyramid. The second solar boat remained sealed in its pit until 1987 when the American National Geographic Society examined it in association with the Egyptian Office for Historical Monuments. The team penetrated the limestone ceiling and inserted a tiny camera ascertain the boat’s status, then sealing the pit again. Unfortunately the hole made leaked air into the pit, allowing insects to thrive inside and damage some part of the boat’s wooden beams.

In collaboration with the Japanese government, a Japanese scientific and archaeological team from Waseda University offered a grant of $10 million to lift the boat out of the pit, restore and reassemble it and exhibit it beside its twin. A joint team made up of staff of the Egyptian Ministry of State for Antiquities, a delegation from Waseda University and the Japanese Institute for Restoration Research embarked on a scientific examination of the boat.

In 2008, the Japanese team from Waseda University led by archaeologist Sakuji Yoshimura inserted a tiny camera through a hole in the chamber’s limestone ceiling to transmit video images of the boat onto a small TV monitor on site in order to re-examine and assess the condition of the boat’s cedar beams and ascertain at the possibility of restoring it. It also make the boat available to Giza Plateau visitors through an LCD screen installed inside a hangar erected at the Plateau.

Today, after the completion of a comprehensive study, the limestone blocks, consisting of 41 panels that have covered the boat pit for 4,500 years, were removed and the boat’s wooden beams extracted one by one to a special warehouse in order to be reassembled as it would have looked in ancient times.

A beaming Hawass told reporters that it is the first time that this technology has been used to look at buried antiquities. Modern technology had also been used to solve other riddles of ancient Egypt, explained Hawass, such as the "CT scan examination to know the reason for the mysterious death of Tutankhamun, as well as identifying royal mummies, such as that of Queen Hatshepsut, and the diseases they suffered from," he said. He celebrated the application of modern science in the service of ancient history.

Upon completion of the restoration, the boat will be erected near the entrance gate to the Pyramids Plateau, on the Cairo-Fayoum road, Hawass told reporters. The first boat, on the other hand, will be moved from its current site, beside Khufu's Pyramid to the Grand Egyptian Museum, currently under construction.»

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Morte no Nilo


Às 22:21h de amanhã, na RTP Memória.

E a Núbia?


Uma curiosíssima variante de pirâmides, as do actual Sudão, em que, por bela disposição cénica, aquelas se dispõem como que acopladas em pilones. Definitivamente, do outro mundo. Definitivamente, à atenção dos programas turísticos e das visitas de estudo.



Foto

terça-feira, 14 de junho de 2011

Os deuses que há em mim

«Eu sou Ré que torna fortes os que ama.
Eu sou o Nó do Destino cósmico escondido na Árvore sacrossanta.
Se eu prospero, Ré prospera.
Em verdade, vede!
Os cabelos da minha cabeça são os mesmos do deus Nun.
O meu rosto é o Disco solar de Ré.
A força da deusa Hathor vive nos meus olhos.
A alma de Upuaut ecoa nas minhas orelhas.
No meu nariz vivem as forças do deus Khenti-Khas.
Os meus dois lábios são os lábios de Anupu.
Os meus dentes são os dentes de Serket.
O meu pescoço é o pescoço da deusa Ísis.
As minhas duas mãos são as mãos do poderoso Senhor de Djedu.
É Neit, a soberana de Sais, que vive nos meus dois braços.
A minha coluna vertebral é a de Set.
O meu falo é o falo de Osíris.
A minha carne é a carne do senhor de Kher-Aha.
O meu peito é o do Senhor dos Terrores.
O meu ventre e as minhas costas são os da deusa Sekhemet.
As forças do Olho de Hórus circulam nas minhas nádegas.
As minhas pernas são as pernas de Nut.
Os meus pés são os os pés de Ptah.
Os meus dedos são os dedos do duplo Falcão divino que vive eternamente.
Em verdade! Não há nem um só dos meus membros do meu corpo que não seja habitado por uma divindade.
Quanto a Tot, ele protege todo o meu corpo.
Semelhante a Ré, renovo-me todos os dias.»


Extracto do capítulo XLII do Livro dos Mortos

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Hicsos- Sua influência na história do Antigo Egito

Às vezes o que aparentemente é mau pode ter, no fim, uma influência bem positiva.
Aqui deixo um exemplo...
Se o asteróide que caiu há 65 milhões de anos na região do Iucatão não tivesse acertado na Terra, ainda hoje provavelmente os dinossauros por aqui andavam e nós nunca teríamos hipótese de aqui estar...

Mas aonde é que eu quero chegar?

No fim do Império Médio (XIII dinastia) o poder dos faraós decai significativamente, ao mesmo tempo que aumenta de modo si
gnificante a influência dos nomarcas e chefes regionais. No Baixo Egito começaram a chegar, ao longo de várias décadas, povos nómadas algo heterogéneos, de origem asiática, a quem mais tarde se chamou de Hicsos.
Esses povos eram culturalmente menos desenvolvidos que os egípcios, mas em determinada altura, por possuírem uma técnica militar mais evoluída, nomeadamente o uso de cavalos com carros de combate e arcos de flechas mais potentes e precisos, infligiram uma pesada derrota, pelo que a XV e XVI dinastias foram dominadas por faraós hicsos.
A sua presença no Egito teve, no entanto, alguns pontos positivos, pois trouxeram muitas inovações tecnológicas que passaram a fazer parte do património egípcio.
O faraó Ahmés, fundador da XVIII dinastia, combateu e venceu finalmente
os Hicsos, mas beneficiaram dos conhecimentos adquiridos e permitiu o início de um novo período de desenvolvimento, a que se chamou Império Novo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Mais uma BD imprescindível:


Blake e Mortimer (1954), por Edgard P. Jacobs. Tem algumas similitudes com a epopeia vivida pelos demais escribas há pouco mais que um ano, senão vejamos:

«Le professeur Philip Mortimer a décidé de passer ses vacances au Caire avec son fidèle serviteur, Nasir. Il compte y retrouver son vieil ami, le professeur Ahmed Rassim Bey, conservateur du Musée des Antiquités Égyptiennes, qui lui offre la fantastique opportunité d’assouvir sa passion pour l’égyptologie. Le professeur Bey l’a invité à participer au déchiffrement de ses dernières trouvailles, en l’occurrence des papyrus provenant d’un cartonnage de momie de l’époque des Ptolémées.

Son enthousiasme est tel qu’il ne s’inquiète pas des soupçons de Nasir, qui, dès leur arrivée à l’aéroport, a l’impression qu’ils sont suivis par une mystérieuse " Lincoln " noire. Il se plonge avec délices dans les mystères de l’égyptologie antique. Et quelle n’est pas sa stupéfaction de découvrir que l’un des fragments semble avoir été écrit par Manethon, seul historien de race égyptienne connu et dont l’œuvre avait été perdue depuis deux mille ans.
[...]»

Cara ou coroa?

Para os antigos egípcios a simbologia era fundamental.
A coroa real transmitia ao faraó uma força sobrenatural e mágica, importante para a sua afirmação ideológica sobre os seus súbditos.

(à direita- coroação do imperador romano Tibério)


No Alto Egito era utilizada a coroa branca, Hedjet, de forma aproximada de cone alto com ponta arredondada. Para além do faraó era frequentemente associada à deusa abutre, Nekhbet que regia o Alto Egito.


No Baixo Egito era utilizada a coroa vermelha, Decheret, de forma aproximada de tronco de cilindro, com uma alta procidência posterior e apresentando à frente um apêndice enrolado possivelmente relacionado com a antena da abelha, inseto que se encontrava relacionado com o baixo Egito. Também se associava à divindade titular do Baixo Egito, a deusa serpente, Uadjit.
Desde que foi realizada a união do Alto e Baixo Egito que se juntaram sob a forma da coroa dupla, Pschent, as duas coroas representativas dos dois reinos, já anteriormente em uso.
Já na paleta de Narmer , que documenta a reunião das duas terras, ambas as coroas eram representadas na cabeça do faraó, embora ainda em imagens separadas já que se encontravam uma em cada face da referida paleta.


sábado, 4 de junho de 2011

Vai. Glups.


Ei-la, a henket mais famosa do Egipto ... actual.

Ora vai uma cervejinha?


Estamos a entrar no verão... por isso vou esmiuçar um pouco o tema...

A cerveja foi criada há muitos milhares de anos, ainda em período pré-histórico aparentemente na região da Mesopotâmia pelos Sumérios mas também foi produzida desde uma fase muito arcaica no Egito e é quase tão antiga como a confeção do pão. De facto as cervejarias mais antigas foram descobertas no Egito e datavam do período anterior a 5000 a.C.

As características dessa cerveja eram bastante diferente da cerveja actual embora tambem ela fosse produzida pela fermentação da cevada a que se associavam outros componentes (tâmaras, mel, etc.) para enriquecer o sabor e produzir num líquido mais espesso e nutritivo.
Pela semelhança de processos (fermentação) com a panificação, foi nas padarias que se iniciou o seu fabrico.
A cerveja tornou-se a bebida nacional e fazia juntamente com o pão a base da sua alimentação, por essa razão era utilizada como parte do pagamento pelo trabalho executado.
Também não era de admirar que fosse um produto muito apreciado para ofertas funerárias assim como para os deuses.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Antigo Egito a terra da dualidade

Na verdade o Nilo é só um, mas é um facto que tem duas margens.


Os antigos egípcios cedo criaram um mundo de dualidades.
A margem oriental, onde o sol nascia, era dedicada aos vivos, enquanto o lado ocidental, onde o sol se punha, era vocacionado para os que estavam no Além. Daí, com raríssimas exceções, ser a zona ocidental a escolhida para os túmulos. pirâmides, mastabas e templos funerários; enquanto a zona oriental era a dos templos votivos dos muitos deuses, assim como as cidades dos homens.
O país também era conhecido pelas duas terras: uma a norte, o baixo Egito, representado pelo papiro, pela abelha ou pela deusa cobra (Uadgit),
e o baixo Egito, representado pela flor de lotus, pelo junco ou pela deusa abutre (Nekhbet)
Para além destas dualidades, havia outras, como a terra negra, cor dada pelos aluviões trazidos pelas cheias do Nilo (Khemet) e a terra vermelha que corresponde ao deserto (Decheret); o dia e a noite; a ordem e o caos. Cabia à deusa Maet, com a sua inconfundível pena de avestruz na cabeça, a preservação da ordem, a justiça e a harmonia tão cara aos antigos egípcios.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

E o nariz da esfinge?


O álbum «Astérix e Cleópatra» é peremptório: o nariz da esfinge mais conhecida do Egipto partiu-se por culpa do obeso Obélix. Isto é, a BD ganhou aos pontos à "História", seja ela qual for e essa é que é essa.

Aconchegada em estátua-cubo


A princesa Neferuré no regaço do seu preceptor Senenmut

(Museu Egípcio de Berlim)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Horror Vacui

A ideia deste tema surgiu-me após uma visita a um dos locais onde, no nosso país, se podem encontrar sarcófagos egípcios antropomórficos, por sinal, particularmente mal conservados, (a história do costume, problemas logístico/financeiros, etc..) mas não é isso que agora interessa, mas sim a profusa decoração que os antigos egípcios aplicavam nos sarcófagos, e que cabe na categoria da historia de arte de “horror vacui”, que significa precisamente o horror ao espaço vazio, não deixando nenhum centímetro por preencher. As diversas épocas registam, na arte, diversas formas de expressão onde este elemento está presente mas, seguramente com objectivos diferentes dos antigos egípcios. Uma arte que procura a perfeição, não para ser admirada pelos vivos, mas para ficar “escondida por toda a eternidade”, para garantir que o defunto atinja a vida eterna, pode, de acordo com a hierarquia social da época, decorar o mais que pode, na esperança de que quanto mais pode, mais eficaz será.

O verdadeiro Post(e)

Para os meus amigos escribas, que tanto me têm criticado por não "postar" nada ultimamente, aqui vos deixo a verdadeira razão, tenho andado a trabalhar no post, e saiu isto...bom, para não dar por totalmente perdido este precioso conjunto de bites que este post consome, aqui vai um link com as últimas do nosso estimado Hawass, com os (s) todos..

http://www.nytimes.com/2011/04/18/arts/design/antiquities-official-sentenced-in-egypt.html?_r=2&ref=design