quinta-feira, 26 de abril de 2012

Breve introdução sobre a cor no Antigo Egito

Os antigos egípcios aplicavam quase sempre um acabamento de cor tanto nas estátuas como nos relevos interiores e exteriores dos templos.

Simulação do Templo de Lucsor

Infelizmente a grande maioria dos monumentos chegaram aos nossos dias sem cor ou, apenas, com pálidos apontamentos da mesma: umas vezes atribuídas ao envelhecimento natural dos monumentos e das peças de arte, outras graças à destruição humana, intencional ou não.
Nalguns locais, mais abrigados dos elementos e mais inacessíveis, essas cores ainda se vislumbram, com alguma palidez, é certo, mas que nos impressiona pela sua extrema beleza. É no interior dos túmulos, mesmo nos anteriormente saqueados, que encontramos as pinturas nas paredes e nos objetos funerários, relativamente bem preservadas. Ao vê-las, podemos imaginar como seria tudo isto na época em que foram feitas.
As cores eram utilizadas com intenções mais do tipo mágico-religioso do que simplesmente estéticas, pois algumas delas estavam codificadas para transmitir certas ideias.


A título de exemplo e duma maneira um pouco simplista:
O preto (kem) obtido frequentemente a partir de carvão moído ou do óxido de manganésio, era a cor que representava a regeneração, tal como o verde. Os deuses Anúbis e Min eram representados com esta cor.
O branco (hedj) obtido a partir de cal ou gesso, representava a alegria e a felicidade.
O vermelho (decher) obtido a partir de certas terras de ocres avermelhados, tinha habitualmente conotações negativas, relacionando-se com a violência, o deserto e claro com o mais malvado dos deuses, Set, o terrível irmão de Osíris (foi principalmente na Época Baixa que o deus Set foi amaldiçoado e ostracizado, mas nem sempre foi assim).
O verde (uadj) obtido a partir da malaquite ou do crisólito, transmitia a ideia de rejuvenescimento, sendo utilizada para pintura da pele do deus Osíris.
O amarelo (ketj) obtido a partir de ocres amarelos ricos em óxido de ferro, era utilizado em substituição do ouro.



1 comentário:

  1. No Antigo Egito, a simbologia era uma prática corrente, até mesmo no uso das cores. E de certo modo, não nos esqueçamos que a simbologia das cores está presente de forma tão viva hoje como no Antigo Egito. Simplesmente utilizamo-la muito mais nas nossas roupas diárias que nas estruturas dos edifícios e dos templos.

    Obrigado caro escriba Jorge pela apresentação da simbologia cromática no Antigo Egito!

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