sexta-feira, 9 de julho de 2021

«Cidade dourada perdida»

 



Em abril deste ano a imprensa noticiava, com forte adjetivação
típica das notícias sobre o Egito, a descoberta de uma «cidade
dourada perdida» na região de Lucsor Ocidental, ficando assim
desvendado o «mistério» da urbe que data do tempo de Amen-
-hotep III. Sim, mas por que raio é que tem de ser «dourada»?

De propósito deixou-se passar algum tempo à espera de notícias
mais claras e mais expressivas sobre a descoberta «espetacular»
ocorrida na área de Lucsor Ocidental onde foram construídos os
templos funerários para os faraós do Império Novo (1550-1070
a. C.) cujos túmulos foram feitos (e roubados) no Vale dos Reis.

Afinal não se soube mais nada de concreto, e na recente viagem
ao Egito, no mês de junho, até estivemos lá perto, passando por
diversos templos funerários erigidos na região (Amen-hotep III, 
Merenptah, Ramsés II, Ramsés III), tendo mesmo visitado este
último templo em Medinet Habu, hoje parcialmente destruído.

Em proveitosa conversa com a egiptóloga Salima Ikram, que é
professora na Universidade Americana do Cairo, e realiza em
Lucsor Ocidental trabalhos de escavação, com quem tivemos
oportunidade de jantar no Hotel Steigenberger Achti (última
imagem), concluímos que foi mais um exagero da imprensa.

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