A decoração do pequeno túmulo preparado quase à pressa para
receber o corpo do defunto faraó Tutankhamon, precocemente
falecido com 18 anos de idade, e 10 anos de reinado, apresenta
um tipo de decoração parietal bastante invulgar em relação aos
temas habituais dos túmulos faraónicos do Vale dos Reis, como
testemunham estas duas fotos das paredes do norte e do leste, a
que se junta outra, a oeste, com doze babuínos e a barca solar.
Na primeira vê-se o monarca a ser recebido pela deusa Nut, sua
mãe celestial (dado que Tutankhamon era como seu filho Osíris
que ressuscitava), vendo-se à direita uma cena com forte leitura
política: Tutankhamon, com a iconografia tradicional de Osíris,
tendo perante ele o seu herdeiro Kheperkheperuré Ai, faraó que
cumpre o ritual mágico e litúrgico de «abertura da boca» para o
seu «pai», estando revestido com a sacerdotal pele de leopardo.
Na segunda imagem vê-se o transporte da urna de Tutankhamon
para o seu túmulo no Vale dos Reis, puxada por altos dignitários
encimados pelo texto hieroglífico que diz: «Palavras ditas pelos
amigos do palácio real que estão a puxar (a urna de) Osíris, rei
e senhor das Duas Terras, Nebkheperuré, para o Ocidente. Eles
dizem as (seguintes) palavras: (Ó) Nebkheperuré, vem em paz,
ó deus protetor da terra!» (No final está a urna com o ataúde).
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