Uma pessoa habitua-se de tal maneira à útil máscara protetora,
que custa muito largá-la - que o diga o faraó Amen-hotep IV,
que aqui se pode ver num bloco de arenito pintado descoberto
no templo de Karnak, antes de o rei herético e revolucionário
mudar o seu nome para Akhenaton e abandonar de vez Lucsor,
encerrando os templos de Amon, proibindo o culto deste deus
e perseguindo os sacerdotes amonianos, numa invulgar atitude
violenta, exacerbada e fundamentalista muito pouco egípcia.
O rei Amen-hotep IV, antes de se mudar para a sua nova capital
em Amarna, à qual deu o nome de Akhetaton, já se fazia figurar
com um rosto anguloso e disforme, não sendo fácil adaptar-lhe
a recomendada máscara - e quanto ao egiptólogo, afeiçoou-se
de tal maneira a esse adereço azul que não pode passar sem ele,
mesmo que esteja a tomar a bica na tranquila esplanada do café
Pascal, no Monte Abraão (antes de partir para férias merecidas
no Alentejo onde ficará cerca de uma semana... com a máscara).
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