Neste fragmento de papiro que mostra apenas uma pequena parte
do exemplar do «Livro dos Mortos» elaborado para um sacerdote
de Amon chamado Nesiperennebu (nome que tem a tradução de
«O que pertence à casa do ouro») pode ver-se um texto feito com
bonitos hieróglifos em treze colunas verticais por cima das duas
personagens: o deus Osíris (à esquerda) e o defunto (à direita).
As quatro colunas de texto à esquerda (com signos que se leem
da direita para a esquerda) exaltam o deus Osíris como «senhor
da perenidade, que está à frente dos Ocidentais em Abido, Uen-
nefer, rei dos vivos», e as duas colunas seguintes contêm a lista
de invocações-oferendas que o deus concede a Nesiperennebu,
que corresponde em parte à fórmula de oferenda hotep-di-nesu.
Nesiperennebu, que viveu durante a XXI dinastia, exibe no texto
que começa na coluna n.º 7 (com signos que se leem da esquerda
para a direita), os seus títulos: sacerdote pai divino de Amon-Ré,
rei dos deuses, sacerdote pai divino e escriba do templo de Mut,
a grande senhora de Acheru, sacerdote pai divino de Khonsu em
Tebas Neferhotep, supervisor dos sacerdotes de todos os deuses
do Alto e do Baixo Egito, sacerdote de Tot, o que está em cima
no grande lugar, grande administrador que enche o coração do
seu senhor, escriba arquivista da primeira grande superiora das
damas do harém de Amon (era um importante cargo feminino).
Note-se, finalmente, que o catálogo do Museu Egípcio do Cairo,
editado em 2001 por Alessandro Bongioanni e Maria Sole Croce
apresenta na p. 526 o sacerdote pai divino Nesiperennebu como
«sumo sacerdote de Amon» - bom, não exageremos, na verdade
ele não alcançou esse tão elevado cargo na hierarquia amoniana,
mas os seus títulos não deixam de ser claros e impressionantes.