Entre o variegado espólio tumular do funcionário Kha e de Merit
estavam objetos de toucador para a toalete do casal, vendo-se em
cima a tampa de uma caixa de madeira pintada em nome de Kha,
com um texto típico de oferenda, e em baixo uma elegante caixa
com diversos recipientes para óleos perfumados da esposa Merit.
A inscrição pintada na caixa de Kha diz: «Oferta feita pelo rei
a Osíris, deus grande, governante da eternidade, para que ele dê
invocações-oferendas em pão, cerveja, carne de bovino e aves,
baixela, roupas, incenso, óleos, tudo coisas boas e puras, para
o ka do favorecido de Amon, Kha, justificado (justo de voz).»
Em transcrição corrente, para se perceber o essencial da prosódia
que teria a frase, será: «Hotep-di-nesu (en) Usir, netjer aá, keka
djet, di-ef peret-kheru (em) té, henket, kau, apedu, chés, menkhet,
sennetjer, merhet, khet nebet nefert uebet, en ka en hesi en Amon,
Kha, maé-kheru». A outra caixa diz que é «para o ka de Merit».
A fórmula de oferenda é muito comum em objetos funerários,
sendo conhecida por fórmula hotep-di-nesu, ou seja «oferta que
faz o rei», não ao defunto mas sim ao deus Osíris, para que este,
por sua vez, conceda ao morto invocações-oferendas, saídas da
sua voz (peret-kheru), seguindo-se depois a lista das oferendas.
No final da lista dos produtos oferecidos, que convém estarem
todos bons e puros (nefert uebet), segue-se o nome do defunto
e no final a declaração tranquilizadora de maé-kheru (ou maet-
kheru se for uma senhora), asseverando que ele está justificado
porque no tribunal de Osíris foi declarado «justo de voz».
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