domingo, 31 de janeiro de 2021

Ena, tantos títulos!


Neste fragmento de papiro que mostra apenas uma pequena parte
do exemplar do «Livro dos Mortos» elaborado para um sacerdote 
de Amon chamado Nesiperennebu (nome que tem a tradução de
«O que pertence à casa do ouro») pode ver-se um texto feito com
bonitos hieróglifos em treze colunas verticais por cima das duas
personagens:  o deus Osíris (à esquerda) e o defunto (à direita).

As quatro colunas de texto à esquerda (com signos que se leem
da direita para a esquerda) exaltam o deus Osíris como «senhor
da perenidade, que está à frente dos Ocidentais em Abido, Uen-
nefer, rei dos vivos», e as duas colunas seguintes contêm a lista
de invocações-oferendas que o deus concede a Nesiperennebu,
que corresponde em parte à fórmula de oferenda hotep-di-nesu.

Nesiperennebu, que viveu durante a XXI dinastia, exibe no texto
que começa na coluna n.º 7 (com signos que se leem da esquerda
para a direita), os seus títulos: sacerdote pai divino de Amon-Ré,
rei dos deuses, sacerdote pai divino e escriba do templo de Mut,
a grande senhora de Acheru, sacerdote pai divino de Khonsu em
Tebas Neferhotep, supervisor dos sacerdotes de todos os deuses
do Alto e do Baixo Egito, sacerdote de Tot, o que está em cima
no grande lugar, grande administrador que enche o coração do
seu senhor, escriba arquivista da primeira grande superiora das
damas do harém de Amon (era um importante cargo feminino).

Note-se, finalmente, que o catálogo do Museu Egípcio do Cairo,
editado em 2001 por Alessandro Bongioanni e Maria Sole Croce
apresenta na p. 526 o sacerdote pai divino Nesiperennebu como
«sumo sacerdote de Amon» - bom, não exageremos, na verdade
ele não alcançou esse tão elevado cargo na hierarquia amoniana,
mas os seus títulos não deixam de ser claros e impressionantes.

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