segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Hino a Osíris


Alguns papiros contendo os capítulos do «Livro dos Mortos»
não iniciam a coletânea pelo capítulo 1, como seria de esperar,
começando, por exemplo, com o importante capítulo 30 (trata 
da pesagem do coração do defunto na balança do tribunal dos
defuntos que querem ir para o Além), mas antes mostra hinos
apologéticos aos deuses Ré e Osíris, com os quais o defunto,
a caminho da eternidade, se pretende identificar para sempre.

Na imagem está um fragmento do Papiro de Ani, um dos mais
belos exemplares conhecidos do «Livro dos Mortos», que está
no Museu Britânico em Londres (EA10470), vendo-se o casal
de defuntos: Ani, que exibe o título de escriba real (sech-nesu)
e ainda intendente dos celeiros (imirá-chenuti), e a sua esposa
a dama Tutu era dona de casa (nebet-per) e cantora de Amon
(chemait net Amon), tendo vivido no reinado de Ramsés II.

O texto lê-se da direita para a esquerda, começando a rubro,
com o verbo duá (adorar, venerar), e corresponde às palavras
que o escriba Ani está a proferir, de braços erguidos, perante
 um florido altar de oferendas bem recheado com vitualhas.
Na oitava coluna vê-se outra expressão com signos rubros
que corresponde a uma saudação ao deus Osíris: Salve a ti

O texto apologético de Ani começa com o louvor a Osíris:
Venerar Osíris Uennefer, o deus grande que reside em Tinis
rei da eternidade, senhor da perenidade, que vive milhões
de anos, filho primogénito de Nut, gerado por Geb, herdeiro
e senhor da coroa uereret, que exalta a coroa branca,
soberano dos deuses e dos homens (a humanidade).

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