Alguns capítulos do «Livro dos Mortos» previam que o defunto
se pudesse metamorfosear na forma que quisesse podendo, por
exemplo, transformar-se num lótus (sechen), como se assevera
no capítulo 80, ou, melhor ainda, passar a ser um deus (netjer),
como garante o capítulo 81 neste fragmento do Papiro de Ani.
Note-se que da palavra egípcia sechen, aludindo ao lótus, que
se vê na vinheta à esquerda, derivou, por via hebraica, o nome
de Susana, justificando-se ainda referir que ao lótus os antigos
Egípcios chamavam nanefer, isto é, o belo, e daí veio o nosso
nenúfar, a bonita planta nilótica que podia ser branca ou azul.
E quanto à transformação em deus, que consta no capítulo 81,
ilustrado por uma vinheta com uma figura divina solarizada e
exibindo a típica pera dos deuses, o defunto esperava que no
outro mundo pudesse equiparar-se a Osíris e a Ré, porque, ao
contrário de outras religiões, o homem egípcio podia ser deus.
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