quarta-feira, 31 de março de 2021

Limpeza na Praia das Maçãs




Constou que na praia estava uma pequena multidão atarefada,
e houve até quem pensasse que seriam os surfistas de regresso
às suas atividades lúdico-desportivas, mas ao chegar lá viu-se
que no estacionamento se encontravam veículos com material
que não é usado nas práticas do surf - tratava-se afinal de uma 
conhecida empresa de limpeza, que ao serviço da câmara e da
junta de freguesia de Colares limpou, com primorosa eficácia, 
o vasto areal, deixando-o pronto para a fruição dos banhistas.

Ainda Nesitanebetacheru


Complementando a anterior apresentação sumária do Papiro
de Nesitanebetacheru que tem 37 metros de comprimento, o
que faz dele o mais longo exemplar do «Livro dos Mortos»,
e que se encontra no Museu Britânico (EA10554), conviria
acrescentar mais títulos desta importante dama de finais da
XXI dinastia (cerca de 950 a. C.), filha do sumo sacerdote
Pinedjem II e da dama Nesikhonsu, sacerdotisa de Amon.

Para Nesitanebetacheru foi feito um belo exemplar contendo
bastantes capítulos do «Livro dos Mortos», estando o papiro
ainda enriquecido com vários hinos a Amon-Ré, vendo-se na
imagem uma alusão ao par divino Nut (o céu) e Geb (a terra)
que estão a ser separados pelo deus Chu, acompanhados por
várias divindades, tudo feito num traço fino e certo a preto,
que é uma das caraterísticas dos papiros da XXI dinastia.

Pelo papiro e outros documentos da época sabemos que ela 
era primeira grande superiora do harém (grupo musical) de
Amon-Ré rei dos deuses (herit ueret khenerit tepit en Amon
-Ré nesu-netjeru), sacerdotisa (hemet-netjer) de Nekhebet,
Anhur-Chu, Pakhet, Min, Hórus e Ísis, e ainda do «senhor
de Abido», isto é, do deus Osíris, demonstrando toda esta
acumulação de cargos e títulos a sua grande importância.

terça-feira, 30 de março de 2021

Papiro de Nesitanebetacheru



O papiro funerário de maior comprimento contendo capítulos 
do «Livro dos Mortos» foi feito para uma sacerdotisa do deus
Amon, chamada Nesitanebetacheru, um longo nome que tem
a tradução de «A que pertence à senhora de Acheru», sendo a
senhora de Acheru a deusa Mut, esposa de Amon, a qual tinha
o seu templo a sul do grande templo amoniano de Karnak. 

Trata-se de um belo papiro redigido em escrita hierática, mas
com legendas e breves trechos em escrita hieroglífica, como
se nota no fragmento de cima, onde estão várias divindades, 
de corpo humano e cabeça de animal, a serem veneradas por
Nesitanebetacheru, cujo nome se pode ler, em bonita escrita 
hieroglífica, ao lado da sua figura elegante (XXI dinastia).

segunda-feira, 29 de março de 2021

Papiros de Nu e de Ani



Escreveu recentemente uma egiptóloga que «O Papiro de Nu,
actualmente em exibição no Museu Britânico, e exemplo de
livro funerário típico dos nobres tebanos do Império Novo,
é o maior, o mais perfeito, melhor conservado e iluminado
de todos os papiros funerários que sobreviveram até nós»,
numa néscia asserção que não é corroborada pela realidade, 
donde se conclui que convém ver e apreciar outros papiros. 

É opinião pessoal dela, talvez influenciada por uma fonte que
não é mencionada, mas a primeira imagem mostra uma parte
do Papiro de Nu referente aos capítulos 84 (transformação em
garça chenti), 81 (transformação em lótus), 87 (transformação
em serpente), que pode ser comparada com os fragmentos que
lhes correspondem no Papiro de Ani da segunda imagem, com
os mesmos capítulos em montagem gráfica para comparação.

Além disso o Papiro de Nu não é o maior, embora tenha cerca
de 34,5 cm de altura, mas há papiros funerários posteriores de
40 cm de altura, e também no comprimento não é maior que o
da sacerdotisa Nesitanebetacheru (Papiro Greenfield) que tem
37 m (o exemplar de Nu fica-se pelos 19,27 m); quanto à sua
perfeição compare-se com o Papiro de Ani, que também vale 
para o ser «melhor iluminado» (basta comparar as vinhetas).

Diz ainda a egiptóloga que o Papiro de Nu está em exibição
no Museu Britânico, mas a informação do próprio museu diz
que o documento está «not on display» (esteve apenas numa
exposição temporária: novembro de 2010 a março de 2011),
e quanto à sua conservação o registo do museu informa que 
ele está «cockled, fractured», e vestígios de «insect attack»,
com parte do «orpigment faded», além de estar «friable».

Ou seja, antes de se escrever de forma displicente e mesmo
desrespeitosa para com os leitores convinha alicerçar o que
se redige com uma investigação prévia sólida e séria, assim
se evitavam dislates grosseiros, devendo também ter maior
cuidado com a terminologia, porque não é correto apelidar
de «nobre» o funcionário Nu, que era apenas um mordomo
do intendente do tesouro real Amen-hotep (XVIII dinastia).

domingo, 28 de março de 2021

Papiro de Ankhesenisit


Decorreu no passado sábado a sessão do curso sobre o Antigo
Egito dedicada ao «Livro dos Mortos», por videoconferência,
tal como as sessões anteriores, tendo sido apresentadas várias
imagens de papiros contendo diversos capítulos da coletânea
de fórmulas mágicas, mas não a que aqui se mostra, que é um
fragmento do Papiro de Ankhesenisit, do fim da XXI dinastia
(cerca de 950 a. C.), com a defunta venerando o deus Osíris,
estando o papiro na Biblioteca Nacional de França em Paris.

As duas últimas colunas à direita apresentam a defunta como
Osíris cantora de Amon e música de Mut, seguindo-se o nome
de Ankhesenisit (que tem a tradução de «Ela vive por Ísis»),
e as quatro colunas à esquerda declaram: «Palavras ditas por
Osíris, o deus grande, senhor da perenidade, que está à frente
dos Ocidentais (defuntos) no Ocidente, que reside em Abido,
Uennefer, soberano dos que estão vivos na verdade (maet)»,
e na quarta e quinta colunas está uma lista de oferendas.

sábado, 27 de março de 2021

Pastelinhos desconfinados



Depois de algumas semanas de encerramento, o restaurante
«Sabores da Praia» voltou a abrir com serviço de take-away
esmerado para servir os moradores da Praia das Maçãs e não
só, propiciando mais um ponto de abastecimento nesta crise
pandémica - por isso fomos lá buscar uns belos pastelinhos
de bacalhau deveras apetitosos e totalmente desconfinados.

sexta-feira, 26 de março de 2021

O poder no Antigo Egito



A Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa
leva a efeito, no próximo dia 7 de abril, uma conferência virtual
 por Zoom a cargo do Professor Doutor José das Candeias Sales,
egiptólogo e docente da Universidade Aberta onde é vice-reitor.

Os alimentos para hoje




No Antigo Egito existia uma grande preocupação de fornecer 
aos defuntos os alimentos necessários para a fruição da vida
eterna, como o «Livro dos Mortos» bem testemunha ao pedir
com reiterada insistência a comida e a bebida para os mortos
que no Além desfrutavam as delícias dos campos de Osíris.

Antes, porém, é necessário pensar nas necessidades urgentes 
dos vivos que carecem de bens alimentares, numa dramática
situação que a atual pandemia veio agravar - e nesse sentido
o Rotary Clube de Lisboa tem contribuído com a angariação
de cestas básicas alimentares para doar a várias instituições.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Os alimentos do «Livro dos Mortos»




Abundam no «Livro dos Mortos» as referências à alimentação
do defunto, com relevo para o pão, a cerveja, a água e a carne,
alimentos que foram achados intactos em vários túmulos, para
que ele coma com abundância como fazem os deuses no Além.

Segundo as crenças egípcias, o defunto que gozava as delícias
da eternidade nos úberes campos de Osíris era também ele um
deus no outro mundo, como recompensa pelo comportamento
regrado que praticara durante a sua efémera vida neste mundo.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Preparação para a eternidade


 


Na sessão do próximo sábado, dia 27 de março, que é dedicada
ao «Livro dos Mortos» do Antigo Egito, será evocada, na fase
de introdução ao tema, a preparação dos corpos dos defuntos,
desde a mumificação e embalsamamento ao enfaixamento, em
cuidadosa sequência, levada a efeito por diversos especialistas 
ligados aos templos, a que se juntam os letrados que redigiam
os exemplares do «Livro dos Mortos» e os exímios fabricantes 
de sarcófagos, vasos de vísceras, estelas e estatuetas funerárias
conhecidas por chauabtis (no Império Novo) e depois uchebtis.

terça-feira, 23 de março de 2021

Antigo Egito - 11.ª sessão



No próximo sábado, 27 de março, realiza-se a 11.ª sessão do curso
sobre o antigo Egito que decorre no Solar Condes de Resende, em
Canelas, com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova
de Gaia, sendo dedicada ao tema que a primeira imagem anuncia:
«O "Livro dos Mortos" do Antigo Egito», pelo Professor Doutor
Luís Manuel de Araújo, docente jubilado da Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa (esta sessão será por videoconferência
tal como sucedeu nas anteriores, devido à pandemia covídica).

A temática apresentada versará sobre uma das obras mais faladas
e debatidas da literatura religiosa que nos foi legada pelos antigos
Egípcios, embora na verdade não se trate de um livro (no sentido
habitual deste termo) podendo os vários capítulos ou fórmulas da
coletânea (que os Egípcios designavam Rau nu peret em heru) ser
redigidos sobre papiro ou faixas de linho para envolver as múmias
e ainda em sarcófagos e estelas, num total aproximado de duzentas
fórmulas, porque os capítulos foram crescendo ao longo do tempo.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Um mecenas arménio




Na sessão por videoconferência dedicada à viagem à Arménia
e à Geórgia, que a agência Novas Fronteiras vai realizar no fim
do Verão com o apoio científico e cultural do Instituto Oriental
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi evocado
o grande mecenas de origem arménia Calouste Gulbenkian e o
Museu Calouste Gulbenkian, que exibe dois belos objetos que
evocam o cristianismo arménio: um turíbulo de prata dourada
e um evangeliário feito de velino com encadernação de prata.

domingo, 21 de março de 2021

Lombinhos desconfinados



Nesta tenaz luta anti-pandémica, em que estamos todos ainda
muito empenhados, chegou a vez de um prato com qualidades
gustativas e calóricas contra o vírus: lombinhos desconfinados,
perdão, lombinhos assados, em muito boa hora encomendados
aqui perto, no restaurante Rijo, que mantém um movimentado
serviço de take-away, e assim vamos sensatamente alternando 
entre o requintado Búzio e o popular Rijo da Praia das Maçãs.

Quanto ao vinho tinto que acompanhou a saborosa refeição, foi
escolhido um Pêra Doce Reserva, um agradável vinho regional 
alentejano, de cor granada e um aroma onde se combinam bem
o fruto de qualidade com o baunilhado da madeira, envolvente
e sedoso na boca, com um final longo e estruturado  -  bom, se
eles o dizem... Ah, e aproveitando este tempo primaveril que já
se começa a sentir, o café e o licor foram tomados na varanda.

Não se pode ver tudo...



Na viagem à Geórgia e Arménia, que se vai realizar no período
de Verão-Outono, entre 18 de setembro e 1 de outubro, veremos
muitos monumentos, em especial igrejas e mosteiros ortodoxos,
alguns dos quais com muitos séculos de história, mas o percurso
concebido não permite ver tudo, quer pelas distâncias quer pelo
tempo dedicado à viagem (14 dias) nos dois países do Cáucaso.

De facto não se pode ver tudo, mas o essencial do rico legado 
cultural será devidamente visto e apreciado, e do que fica por
ver aqui ficam dois registos: o mosteiro de Guelati, na região
de Kutaisi, na Geórgia Ocidental, fundado no século XII, e na
segunda imagem está a igreja do mosteiro de Tatev, no Sul da
Arménia, do século IX, dedicada a São Paulo e a São Pedro.

sábado, 20 de março de 2021

Reedição das Notas de Viagem


Amanhã, domingo, dia 21 de março, às 12 horas, é apresentada 
uma nova edição do livro de Eça de Queirós dedicado à viagem
que o então jovem escritor fez ao Egito na companhia do conde
de Resende, para estarem na abertura do canal de Suez (1869),
que levou os dois amigos de Alexandria até ao Cairo e a Suez.

A apresentação está a cargo do Professor Gonçalves Guimarães,
mesário-mor da Confraria Queirosiana, diretor do Solar Condes
de Resende, em Canelas, e ativo divulgador da obra literária de
Eça de Queirós, num evento cultural promovido pela Comissão
de Vitivinicultura da Região dos Vinhos Verdes (sede no Porto).

Os interessados em seguir o lançamento desta nova edição feita
pela Alêtheia Editores podem aceder ao evento pelo link:

Dois países para visitar



Os dois pequenos países que iremos visitar em setembro ficam
na zona do Cáucaso, entre elevadas e espetaculares montanhas
com paisagens inesquecíveis e monumentos cheios de história.

O primeiro é a Geórgia, um nome internacional, em georgiano 
diz-se Sakartvelo, evocando o antigo reino da Cártia (também
chamado Ibéria) que existiu na Antiguidade a par da Cólquida.

O segundo é a Arménia, também uma nomeação internacional,
porque os Arménios chamam ao seu país Hayastan, ou Hayaq,
designação ancestral, para os Persas era a satrapia da Armina.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Da Cólquida à Geórgia


No século VI a. C. os Persas começaram a construir o seu vasto
império, no reinado de Ciro II, que seria depois aumentado por
Dario I e seus sucessores, fixando aquele que veio a ser um dos
maiores impérios do mundo (séculos VI-IV a. C.), antes de ser
destruído com relativa facilidade por Alexandre da Macedónia.

No seu apogeu o imenso Império Persa dos Aqueménidas ficou 
organizado em províncias designadas por satrapias, as quais em
geral correspondiam a antigos reinos anexados, a bem ou a mal,
ao império, entre os quais estavam a Cólquida (XIX satrapia) e 
a Arménia (XIII satrapia), entre o mar Negro e o mar Cáspio.

O reino da Cólquida, em castanho claro no mapa, seria tomado
por Dario I, correspondendo à região atual da Geórgia (e ainda 
avançando pela costa do mar Negro, onde hoje fica a Turquia),
enquanto o reino da Arménia, a roxo no mapa (e que era maior
que a Arménia atual) foi conquistado por Ciro II em 550 a. C.

A Arménia, satrapia persa




O antigo reino da Arménia foi integrado no vasto Império Persa
dos Aqueménidas no século V a. C., constituindo a XIII satrapia
conhecida pelo nome de Armina, a qual surge representada numa
das delegações dos povos submetidos que levam os seus tributos
ao «rei dos reis» no seu palácio de Persépolis, a capital da Pérsia.

Alguns desses povos portadores de tributos estão representados
na apadana (palácio cerimonial) de Persépolis, figurando numa
grande escadaria nobre de acesso, a par de elementos da guarda
real formada por soldados persas e medos (na segunda imagem)
estando em baixo a comitiva arménia com um cavalo e um vaso.
 

Prenda no Dia do Pai


Hoje o Miguel Araújo lembrou-se do pai neste dia 19 de março
dedicado aos papás, tendo generosamente oferecido o conjunto
simpático de garrafas que na imagem se veem, graças ao eficaz
e diligente serviço da Enoteca, que tem sede no Porto, e consta
de uma garrafa de vinho branco, outra de vinho tinto, mais uma
aguardente velha  -  mas como o pai não bebe aguardente, já se
está mesmo a ver quem a vai beber, com prazer e moderação.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Rumo à Geórgia e Arménia


No próximo sábado, dia 20 de março, pelas 15 horas, faremos
uma viagem virtual à Geórgia e Arménia, dois pequenos países
do Cáucaso, que nos oferecem belas e espetaculares paisagens,
além de inúmeros monumentos do cristianismo ortodoxo, com
antigas igrejas e mosteiros como testemunhos de uma religião
que, durante muitos séculos, foi um fator de unidade nacional
e de inspiração para garantir a independência dos dois países.

A sessão é uma iniciativa da agência Novas Fronteiras, e conta
com uma intervenção do historiador e orientalista Luís Manuel
de Araújo, que é professor jubilado da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, e a guia arménia Vilena Hovhannisyan
muito experiente na condução de visitas às regiões anunciadas,
rematando com a guia Teresa Neves, das Novas Fronteiras, que
dará informações úteis sobre aspetos práticos para esta viagem.

Os interessados em acompanhar esta sessão podem inscrever-se
no Zoom webinar acedendo ao link que em baixo consta:

Bacalhau desconfinado

 

Em mais um almoço caseiro, a contornar esta pandemia maluca,
eis que chegou a vez de mais um prato tradicional: um bacalhau
desconfinado, com (quase) todos, em função do gosto particular
dos comensais confinados que puderam fruir de um belo almoço
opíparo e saboroso (as fotos e o bacalhau são do Miguel Araújo).

quarta-feira, 17 de março de 2021

Geórgia: o mito e a história



Um dos episódios mais conhecidos da mitologia grega é a aventura de
Jasão, que viaja para a Cólquida na nau Argo, com cerca de cinquenta 
tripulantes (os argonautas) em busca do desejado Velo de Ouro (Tosão
de Ouro), vendo-se na primeira imagem uma estátua de Jasão (Museu
Thorvaldsen) e uma recriação moderna do navegador grego que subiu
o rio Rioni até Kutaisi, onde foi recebido por Eetes, rei da Cólquida.

Na segunda imagem vê-se uma pintura de um vaso grego com o herói
Jasão exibindo o Velo de Ouro obtido na Cólquida (Museu do Louvre),
a Ordem do Tosão de Ouro instituída por Filipe III duque da Borgonha,
aquando do seu casamento com D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa
de Lencastre, e a Ordem da Jarreteira, de origem inglesa, tendo no seu
grande colar a imagem de São Jorge lutando contra o dragão maléfico.

Passando do mito para a história, a chegada de Jasão à Cólquida ilustra
a expansão grega do século VII a. C., no chamado período arcaico, que
demanda a região do Cáucaso em busca de metais (ouro, cobre e ferro), 
sobretudo os colonos de Mileto, que se aventuram pelo mar Negro, até
às costas da atual Geórgia Ocidental, onde fundaram a cidade de Fásis,
entre outras, e estabeleceram relações comerciais com os autóctones.

Da Geórgia à Arménia



A viagem que a agência Novas Fronteiras está a organizar para
o próximo mês de setembro à Geórgia e à Arménia vai permitir
aos felizes viajantes admirar paisagens espetaculares em ambos
os países, aqui exemplificadas com a bonita e verdejante região
de Svaneti junto das altas montanhas do Cáucaso georgiano, ou
a deslumbrante visão do monte Ararat, tomada da zona onde se
encontra o mosteiro de Khor Virap, na Arménia, que vamos ver.

terça-feira, 16 de março de 2021

São Jorge e a Geórgia

 


O nome da Geórgia, que por esta forma é internacionalmente
reconhecido, não tem a ver com a designação original do país,
que em georgiano é Sakartvelo, o qual remonta aos tempos da
Antiguidade Clássica (grega e romana e mais tarde bizantina), 
quando existia o reino da Cártia (também chamado Ibéria) no 
interior, e o reino da Cólquida, na costa do mar Negro, depois
unificados no século IV a. C., tornando-se mais tarde, durante
alguns séculos, um aliado de Roma na luta contra os Partos.

No reinado do imperador Diocleciano (284-305), um oficial
romano chamado Jorge (do grego Georgios) foi martirizado
por não querer renunciar ao cristianismo, morrendo em 303,
nascendo então o culto a esse santo cavaleiro que combatia
heroicamente o mal, culto que se foi espalhando no Oriente
e também na Europa, de onde nos séculos XI e XII partiram
os Cruzados para a conquista de Jerusalém e da Terra Santa,
tomando São Jorge como um modelo de heroicidade cristã.

A região caucásica de Sakartvelo tinha uma religião de tipo
pagão, com influências do zoroastrismo persa introduzidas
durante o período dos Sassânidas (séculos III-VII) os quais
sucederam ao anterior período dos Partos, até Santa Nina
introduzir o cristianismo na região a partir de 320, levando
com ela o culto de São Jorge (Agios Georgios), que depois
os Cruzados identificariam com o país que hoje é Geórgia,
onde o mártir cristão é cultuado (festa no dia 6 de maio).

Um dos principais centros de culto é a catedral arménia de
São Jorge, em Tbilissi, erigida no meio do casario da parte
antiga da cidade, tendo vestígios que remontam ao século
XIII mas que foi alvo de muitos restauros e adaptações ao 
longo do tempo, o último dos quais foram os frescos que
lá se pintaram, no século XVIII, embelezando o interior.
Mas o edifício entraria em decadência e só recentemente 
foi reabilitado sendo reaberto em festa com a presença do
presidente da República da Geórgia e do clero georgiano.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Evocações pré-clássicas




É deveras curioso que a Geórgia e a Arménia reclamem para
os seus brasões nacionais simbologias pré-clássicas ancestrais
que antecedem muito o cristianismo que se implantou, desde
o século IV, naqueles dois países do Cáucaso que visitaremos
em setembro deste ano, livres da pandemia que nos assolou,
numa manifestação de vida e liberdade que a viagem faculta.

No brasão georgiano figura a imagem de São Jorge atacando
o dragão do mal, numa iconografia cristã inspirada no Hórus
cavaleiro combatendo o deus Set em forma de crocodilo, um
símbolo do mal difundido no Egito Greco-romano, adaptado
depois na Europa (onde não há crocodilos, daí o «dragão»),
e politizado no escudo coroado que os dois leões protegem.

O escudo arménio, envolvido por dois animais nobres muito
comuns na heráldica de diversos países, é o centro do brasão
de armas que tem a águia prateada e o leão dourado a exibir
símbolos de várias dinastias reinantes em tempos anteriores,
vendo-se ao centro a representação do lago Van com o monte
Ararat em cima do qual está ancorada a bíblica Arca de Noé.