Ainda no âmbito do Dia Internacional da Mulher, que decorreu
no dia 8 de março, recordemos aqui o reinado de Hatchepsut,
entre 1479 e 1458 a. C., que foi rainha-faraó no país do Nilo,
tendo usado o título de rei (nesu) embora na imagem de baixo
o seu prenome Maatkaré na cartela seja antecedido pelo título
de senhora das Duas Terras (nebet-taui), o Alto e Baixo Egito,
e pela fórmula inicial de deusa beneficente (netjerat nefert).
A primeira imagem mostra um fragmento da cabeça da rainha-
faraó e na segunda está alguma da estatuária feita para ela, com
a típica iconografia da realeza masculina mas com graciosidade
feminina, e na última ela recompensa o deus Amon, tendo atrás
de si o seu ka, exibindo o prenome Maatkaré identificado como
«ka real vivo, senhor das Duas Terras, vive no templo da Duat»,
certamente uma alusão ao templo funerário de Deir el-Bahari.
Quando olhamos para outras civilizações pré-clássicas, coevas
do Egito faraónico, do III ao I milénio, seja na Suméria, Elam,
Babilónia, Assíria, Hatti ou em Israel, não vemos nada que se
pareça com tanta expressividade política, artística e ideológica
que as peças escultóricas do Museu Egípcio do Cairo e outros
museus do mundo mostram - só no antigo Egito uma mulher
poderia assumir esse poder real e divino tão «masculino».
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