domingo, 15 de dezembro de 2013

Boas Festas!


Com este artístico postal natalício de temática piramidal
desejo aos escribas e aos muitos leitores deste faraónico blogue 
Boas Festas e um Bom Ano Novo, que em antigo egípcio seria:
HEBU NEFERU UEPET RENPET NEFERT

Resta dizer que o autor desta festiva e artística montagem gráfica,
feita a partir do texto hieroglífico elaborado pelo escriba que assina 
esta postagem, foi o egiptólogo Telo Ferreira Canhão.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Festa de Natal


Para os escribas e leitores deste faraónico blogue lembrei-me
de uma apropriada sugestão para a quadra natalícia, muito propícia
para lautas comezainas e excessos pantagruélicos.

Aqui se mostram as apetitosas vitualhas encontradas num túmulo
do Império Novo, que agora se encontram no Museu Egípcio de Turim,
fazendo certamente crescer água na boca aos visitantes.

Não faltam suculentos nacos de carne, costeletas magníficas,
pães e bolinhos, frutos secos (claro!) e outras iguarias...
Falta apenas o vinho licoroso adocicado com mel
e a quentinha e espessa cerveja egípcia... mas não se pode ter tudo!

Boa ceia de Natal!!!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Um Amenemhat pouco conhecido...


   Quem for ao Museu Britânico, em Londres, poderá encontrar esta esfinge de um peculiar tipo de rocha denominada "gneiss" (em inglês). Representa um rei pouco notável da XII dinastia: Amenemhat IV, penúltimo da sua linhagem, que terá reinado por volta de 1780-1770 a.C.

   Maekheruré Amenemhat - para tratá-lo pelo prenome e nome - não se destaca no compêndio da XII dinastia. As suas ligações familiares ainda são motivo de debate: em tempos achou-se que seria um príncipe menor, casado com a princesa Neferusobek, talvez herdeira de Amenemhat III, assumindo o trono através dela. Hoje tem-se mais ideia de que seria filho de Amenemhat III, sucedendo-lhe como único varão sobrevivente, após uma curta regência conjunta, atestada por inscrições em rochas na Núbia. A brevidade do seu reinado talvez se deva à idade avançada do próprio monarca aquando da morte do pai. O Papiro Real de Turim confere-lhe 9 anos, 3 meses e 27 dias de reinado.

   No essencial é uma época tranquila e isenta de ameaças externas: o rei limita-se a finalizar as obras iniciadas pelo pai nos templos em Medinet Maadi e possivelmente a ele se deve a construção de um templo em Kasr-el Sagha, no nordeste do Faium. Conhecem-se referências de quatro expedições ao Sinai em busca de turquesas e uma ao Uadi el-Hudi, na procura de ametistas.

   Contudo o poder real começa seriamente a declinar nesta época. Registos contemporâneos dão conta de secas sucessivas que terão levado ao fracasso das colheitas, fragilizando a base de uma economia agrícola e com ela os rendimentos da monarquia faraónica. É possível que, no fim do Império Médio, os recursos tenham sido explorados ao ponto do esgotamento, tornando-se insuficientes para uma população crescente, ainda mais com o início de um fluxo de imigrantes de origem asiática.

   Acrescentem-se problemas de ordem dinástica: possivelmente o longo reinado de Amenemhat III privou a monarquia de herdeiros capazes, razão que dita a ascensão de uma mulher ao trono, Neferusobek, talvez meia-irmã e esposa de Amenemhat IV e sua imediata sucessora, derradeira representante de uma dinastia moribunda e em processo de extinção.

   Desconhece-se com exatidão o local de enterro de Amenemhat IV: uma pequena pirâmide em Mazghuna, a sul de Dahchur terá sido feita para ele, supostamente como morada final para a eternidade. 

sábado, 30 de novembro de 2013

Horemheb e Hapi


Realiza-se no próximo dia 4 de dezembro, quarta-feira, pelas 18 horas,
mais uma sessão do VI curso livre de Egiptologia, no Anfiteatro III 
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A sessão é dedicada a um faraó pouco conhecido chamado Horemheb,
que reinou em finais da XVIII dinastia do Império Novo (c. 1320-1292 a. C.)
e que preparou o caminho para a XIX dinastia de Seti e de Ramsés II.

Na imagem surge Horemheb, quando ainda não era faraó, exibindo os seus
importantes títulos de «membro da elite (iri-pat), governador (hatiá), 
escriba real verdadeiro (sech-nesu maé), seu amado (meri-ef; amado
do rei, que era Akhenaton ou Tutankhamon ou Kheperkheperuré Ai), 
grande comandante do exército (imirá-mechá uer)». 

Mas antes da entrada em cena de Horemheb será feito o lançamento
da nova revista Hapi, com uma intervenção do seu diretor, o egiptólogo
Telo Ferreira Canhão, vice-presidente da Associação Cultural
de Amizade Portugal-Egipto.

domingo, 24 de novembro de 2013

Quem é este feioso?!


   Esta estátua representa uma divindade egípcia muito em voga no Império Novo. A sua popularidade é atestada até mesmo fora do Antigo Egito, já que a estátua que aqui admiramos foi descoberta nas ruínas da antiga cidade real de Amatus, na ilha de Chipre, em pleno Mar Mediterrâneo. Presentemente encontra-se no Museu Arqueológico de Istambul, na República da Turquia.

  Protetor dos lares, tinha diversas funções, como afastar espíritos malignos, destruir todas as manifestações negativas que ameaçavam mulheres e crianças, auxiliar nos partos, portanto, atuando à semelhança dos espanta-espíritos que ainda hoje em muitos lares ocidentais, são colocados à entrada das casas, para reter todas as influências maléficas e proteger a família.

  E assim sendo, eu lanço a pergunta: quem é este feioso?!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Chegou a Hapi


Saiu uma nova revista de temática egiptológica, com o nome de Hapi
editada pela Associação Cultural de Amizade Portugal-Egipto, 
com direção de Telo Ferreira Canhão, vice-presidente da Associação.

O tema geral do volume, que tem 160 páginas, é «A vida no Antigo Egipto»
reunindo artigos referentes às sessões de um curso com idêntico título
realizadas nos meses de abril e maio de 2013 pelo Centro de História 
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

O primeiro artigo é da autoria de Ahmed Zaki, médico de origem egípcia
que há muitos anos reside em Portugal, apresentando um tema bem atual:
«O Egito contemporâneo: tendências e raízes».

Os restantes artigos da revista têm por tema o Egito faraónico:
«Viver no campo», de Telo Ferreira Canhão
«Viver na cidade», de José das Candeias Sales
«Viver no templo», de Luís Manuel de Araújo
«Viver no exército», de José Varandas

Quanto ao preço deste primeiro número de Hapi, é de 10 euros 
para estudantes e membros da Associação de Amizade Portugal-Egipto,
e de 15 euros para não sócios da Associação.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Regresso à Escola


Decorreu no dia 13 de novembro na Escola Secundária de Queluz
(Escola Secundária Padre Alberto Neto), uma conferência sobre 
Escrita Hieroglífica Egípcia.

A assistência no amplo auditório da Escola era formada pelos alunos
 do 7º ano, reunindo oito turmas e os seus respetivos professores,
com mais de duzentas pessoas (e todos desejavam ver o seu nome
em escrita hieroglífica, mas era impossível!).

E assim o antigo Egito com a sua escrita esteve presente entre a ruidosa 
mas atenta e bem comportada assistência, e o conferencista 
voltou à Escola onde deu aulas entre 1985 e 1987. Saudades...



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Adivinhem quem é a divindade representada!


    Esta bonita estela funerária, de madeira pintada, data da XXII dinastia, c. de 1069-930 a.C.  e está atualmente no Museu do Louvre, em Paris. Exibe a Dama Taperet - a elegante e bem vestida mulher à direita - que presta culto a uma divindade que está à esquerda. Em frente à respetiva dama, encontram-se oferendas e ela própria coloca-se em posição respeitosa de oração, sendo abençoada pelo deus através de raios de luz que milagrosamente se transformam em flores.

   Para quem quiser adivinhar que divindade é esta, dou apenas uma pista: é uma divindade que resulta do sincretismo dos atributos de duas outras.

    Boa sorte, caros colegas leitores e escribas!!!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Há vinte anos...



Descobri no «baú» da minha «mastaba» uma imagem antiga que tem o mérito
 de recordar os tempos distantes em que ainda se usava o giz e o apagador
 nos quadros antigos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 
que hoje já desapareceram, dando lugar aos quadros brancos com canetas!

A inédita foto é de 1993, tem por isso vinte anos, atestando deste modo
a antiguidade da cadeira opcional de Escrita Hieroglífica na Faculdade, 
com um assistente relativamente jovem (mas promissor...), aqui a desenhar, 
como zeloso escriba, os seus «bonecos» hieroglíficos a giz.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Egito em coreano


Aqui está a capa e a contracapa de um livro do famoso egiptólogo 
Christian Jacq, traduzido em coreano, com o título Viagem no Egito
e que teve a tradução de Kim Bong Uk a partir do original francês.

A edição comprova a grande difusão universal das obras de Christian Jacq
traduzidas em dezenas de línguas, entre as quais o português, cuja leitura
se recomenda - mas atenção, algumas têm tradução deficiente...

Mas quem quiser ler esta versão em coreano posso emprestar!


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mais uma novidade egiptológica...



Uma equipe de arqueólogos checos descobriu na necrópole de Abusir, a tumba de um médico real da V dinastia, informaram as autoridades egípcias nesta terça-feira. A tumba pertence ao chefe dos médicos reais Chabskaf Ankh, que certamente gozou de uma posição privilegiada, informou o Ministério de Estado de Antiguidades do Egito em comunicado.

Trata-se da terceira tumba de um médico encontrada na necrópole, destacou o Ministro de Antiguidades Mohammed Ibrahim, que ressaltou que o mesmo deve ter tido fortes laços com o faraó. No local, os arqueólogos acharam uma porta com inscrições onde se menciona a profissão do médico e os sobrenomes que recebeu como “sacerdote do deus Ré”, o que, segundo a nota, revela a posição social e profissional de seu dono.


Fontes:

http://english.ahram.org.eg/NewsContent/9/40/84509/Heritage/Ancient-Egypt/Tomb-of-Head-of-Pharaohs-Physicians-of-fifth-dynas.aspx

http://noticias.terra.com.br/ciencia/arqueologos-tchecos-descobrem-tumba-de-mais-de-4-mil-anos-no-egito,061625eb1cbd1410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Solidariedade egípcia no Rotary


Ah, lembrei-me agora! No mês passado teve lugar num hotel de Lisboa
um jantar de confraternização rotária seguido por uma palestra dedicada
ao tema «Solidariedade e afetos no antigo Egito», onde se enfatizou
a prática da maet - palavra egípcia com o amplo significado de justiça,
verdade, equilíbrio, harmonia, solidariedade, respeito, tolerância...

A sessão foi organizada pelo Rotary Clube de Lisboa-Estrela, e o tema 
estava bem de acordo com o espírito rotário, que privilegia comportamentos
relacionados com o afeto, a solidariedade e a entreajuda, pautando-se pelo
espírito humanitário de ajudar e servir os outros - e assim, os velhos ideais
egípcios da maet podem ainda hoje ser praticados em prol da humanidade.



domingo, 13 de outubro de 2013

Curso em marcha


O VI curso livre de Egiptologia, levado a efeito pelo Centro de História
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que decorre às
quartas-feiras, das 18 às 20 horas, no Anfiteatro III da Faculdade,
está em marcha e decorre com normalidade e com o habitual interesse.

Na semana de 14 a 20 de outubro o curso terá uma breve interrupção,
mas depois prosseguirá no dia 23, com uma matéria variada e já anunciada
 previamente, sendo algumas sessões dedicadas a três grandes faraós:
Tutmés III, Akhenaton e Horemheb, todos da XVIII dinastia.

O grande faraó Ramsés II, cujo sorridente, calmo e divino semblante se vê 
na imagem, não merecerá neste curso uma sessão específica, mas ele será
sempre uma figura tutelar das iniciativas de cariz egiptológico organizadas
pelo Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Publicidade à volta do Egipto:


Em "Illustração Portugueza", 2.ª série, n.º 44, 24-12-1906 (fonte: Porto Desaparecido - Facebook)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Na casa do considerado «pai da egiptologia»

Em Figeac, França.
Musée Champollion.

O espólio.

Os testemunhos.

A memória.

E uma imensa Pedra de Roseta na Place des Écritures.
Recomenda-se a visita.
A cidade e Champollion merecem.

sábado, 5 de outubro de 2013

Vamos lá a animar!


Eis a singela representação hieroglífica do coito sobre uma cama, 
gravada num túmulo rupestre de Beni Hassan, junto do rio Nilo,
datado do Império Médio (XI-XII dinastias).

A região de Beni Hassan, no Médio Egito, tem muitos túmulos rupestres 
feitos para altos funcionários da administração provincial e central,
numa inovadora solução funerária que veio alterar a anterior prática 
de construção de mastabas feitas de pedra e de tijolo típicas 
do Império Antigo (IV-VI dinastias).


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A dar uma de turistas...há nove anos!


Recordar é viver...

Pois bem me lembro da minha viagenzinha ao Egito, na Páscoa de 2004, no âmbito do Curso Livre de Egiptologia, patrocinado pela Associação dos Arqueólogos Portugueses e no qual tive o prazer de participar com muito gosto.

E eis que em frente ao Djeser-djeseru, o «Sublime dos Sublimes», o magnífico tempo mortuário da rainha-faraó Hatchepsut, na região de Deir-el-Bahari, na margem ocidental do rio Nilo, perto de Lucsor, me vejo nesta foto ao lado do nosso estimado professor Luís de Araújo.

Foi uma viagem estupenda, iniciada um tanto atrapalhadamente, sem direito no primeiro dia a um momento de descanso no Cairo, mas mágica e maravilhosa, com um bónus extra, não muito vulgar em viagens pelos pontos turísticos do Egito: uma visita à excelente cidade de Alexandria, a antiga capital dos Ptolemeus, e até - milagre dos milagres - uma entrada na nova Biblioteca Alexandrina (que estava encerrada nesse dia!), erguida em memória à sua antecessora, destruída há milénios.

Pena que não tenha nenhuma foto para partilhar convosco nessa ida à sucessora dessa afamada instituição cultural da Antiguidade, mas outras possuo que revejo com muita satisfação!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Esperando os turistas...


Eis aqui dois simpáticos dromedários, festivamente ajaezados,
 alimentando-se na hora do almoço no planalto de Guiza, 
tendo como fundo os enormes blocos da Grande Pirâmide 
que nos últimos catorze anos temos visitado pela Páscoa.

Quanto à viagem do próximo ano, ainda se mantém a dúvida, porque
a situação político-social do Egito não está de todo clarificada,
embora na verdade não tenham chegado notícias de violências
nas últimas semanas...

Entretanto, e até melhor hipótese, os dromedários continuarão
à espera dos turistas, junto dos monumentos faraónicos.

Novas datas sobre a origem do Antigo Egipto?


«New timeline for origin of ancient Egypt
By Rebecca Morelle, Science reporter, BBC World Service [...]

Previous records suggested the pre-Dynastic period, a time when early groups began to settle along the Nile and farm the land, began in 4000BC. But the new analysis revealed this process started later, between 3700 or 3600BC.[...]»

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Curso de Egiptologia


Começou hoje na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
mais um curso livre de Egiptologia, o sexto desde que em 2008
o Centro de História iniciou este projeto.

A primeira sessão teve por tema «O clero do antigo Egito: ao
serviço dos deuses e da monarquia», prosseguindo o curso as suas
sessões às quartas-feiras, das 18 às 20 horas, até Dezembro.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ammut


Começou hoje na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
mais um curso livre promovido pelo Centro de História com o tema
«Monstros», inserido na História do Maravilhoso e do Fantástico.

A primeira sessão deste interessante curso foi dedicada a uma
criatura monstruosa, chamada Ammut, «A Devoradora de Corações»,
também conhecida por «A Fera do Ocidente», cuja terrível função era
deglutir os corações impuros e indignos de irem para o paraíso.

Lá está ela na imagem de um papiro com a cena do julgamento final,
em que o coração do defunto era colocado no prato de uma balança 
e no outro estava a leve pena da deusa Maet, ilustrando desta forma
o capítulo 125 do «Livro dos Mortos», a chamada «confissão negativa».

A inquietante figura monstruosa reunia em si as três mais perigosas feras 
do antigo Egito, e por isso ela tinha cabeça de crocodilo, a parte da frente 
era de leão ou pantera, e a traseira era de hipopótamo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Um museu vazio


Esta imagem mostra o Museu Egípcio do Cairo surpreendentemente
sem ninguém, o que é de facto invulgar num local sempre com
grandes multidões dentro e fora do imenso edifício, situado num
dos topos da famosa Praça Tahrir, o coração do Cairo.

Como a comunicação social tem mostrado, rarearam as manifestações
 ruidosas e violentas de centenas de milhares de pessoas na Praça Tahrir
e os blindados do exército continuam a proteger o Museu.

A verdade é que desde há umas duas semanas que não chegam notícias
de acontecimentos trágicos no Egito, o que também dá para pensar:
as forças armadas conseguiram impor a paz, ou esta calmaria
esconde alguma coisa em preparação?...

Em todo o caso, a visita de estudo ao Egito, na Páscoa de 2014,
não está totalmente posta de lado!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Egito no Caramulo (3)



Sim, é verdade!!!


O tema desta postagem é uma cópia descarada da anterior
feita pelo nosso escriba Fernando Azul, que em boa hora
regressou das suas férias (nas Bahamas?) para evocar
um velho provérbio egípcio acerca de uma das mais antigas
e saborosas bebidas da humanidade: a cerveja.

Durante as recentes férias no Caramulo pude testemunhar,
no decurso das agradáveis duas semanas em que lá estive,
a virtuosa e fresquíssima atualidade deste provérbio egípcio
bebendo à saúde dos escribas e dos leitores deste blogue.

Seneb!!! - que é como quem diz: Saúde!!!



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"A boca de um homem perfeitamente contente está repleta de cerveja."

    O título desta postagem é um provérbio datado c. de 2200 a.C. (fins do Império Antigo) e concerne, obviamente, a uma das bebidas mais antigas da Humanidade: a cerveja. Não só era bebida para lazer, mas também era prescrita para curar doenças e usada como oferta nos rituais aos deuses. Era consumida por toda a sociedade egípcia, incluindo a realeza. Existem diversas referências e representações da mesma em túmulos, o que atesta a sua importância até na vida além da morte. Nesta imagem abaixo, podemos observar como escreviam "cervejeiro" e "cerveja".

   Escavações em Guiza trouxeram à luz vestígios de padarias e cervejarias para a alimentação dos trabalhadores e não será descabido teorizar que os seus salários possivelmente consistiam não em moeda, mas pão e cerveja. O processo de fabrico era simples: após germinarem, os grãos de cevada eram esmagados, virando malte, o qual recebia mistura de farinha de pão e água e seguidamente era colocado no forno até estar no ponto. Finalmente era filtrado e armazenado em jarros para consumo.

   Na imagem seguinte, datada da XVIII dinastia, observa-se como era feito o consumo da cerveja: este mercenário sírio, ladeado pela esposa, sentada à sua frente, é auxiliado por um servo a usar o canudo como uma espécie de filtro para absorver o líquido, evitando assim o resíduo amargo na boca.


   O fabrico e consumo de cerveja perdurou durante toda a civilização faraónica, a qual, por sua vez, os transmitiu aos Gregos, estes aos Romanos e assim sucessivamente até hoje. Atualmente, a cerveja é mais fácil de produzir e mais agradável de consumir do que na era faraónica, tendo, contudo, perdido o seu estatuto de oferta sagrada ou de medicação prescrita para doenças. Todavia tal como descreve o provérbio já mencionado, podemos afirmar que a nível de lazer, ela não perdeu nenhuma da sua popularidade! 

Fonte(s): http://antigoegito.org/a-cerveja-no-antigo-egito/

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Egito no Caramulo (2)


Durante as recentes férias no Caramulo levei comigo o Egito, que
lá esteve «representado» por uma camisola verde do IV Congresso
Ibérico de Egiptologia organizado com grande sucesso em Lisboa
em 2010, e um chapéu evocando Lucsor, comprado a muito custo
e regateio na última viagem ao Egito metido entre dois vendedores
 que vociferavam e gesticulavam a elogiar a qualidade dos chapéus. 

O Egito no Caramulo (1)


Fachada do Museu do Caramulo que possui, entre a grande variedade
de obras de arte de muitas épocas e estilos, uma pequena coleção
 de antiguidades egípcias, oferecidas por diversos beneméritos.

A exemplo dos anos anteriores, passei duas semanas de férias 
na aprazível região de Tondela e Caramulo, antes de começarem
os horrorosos e dramáticos incêndios que depois lá deflagraram, 
e de novo estive no Museu do Caramulo.

Aqui fica o anúncio para conhecimento dos interessados, e quando
lá forem visitem este agradável museu e vejam a notável coleção
de carros antigos, os belos quadros e objetos lá expostos,
e, claro, o interessante acervo egípcio.



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Voltaremos?...


Eis o nosso guia Mustafa, com a bandeira portuguesa, avançando
para a entrada do templo de Hórus, em Edfu, à frente do grupo
de viajantes na visita do Instituto Oriental na Páscoa de 2013.

Será que a cena se repetirá na Páscoa de 2014?...

domingo, 18 de agosto de 2013

Lá volta a ameaça dos saques


«An Egyptian antiquities museum, the Malawi National Museum, was ransacked, looted, and parts of it torched during recent violence in Egypt. More than 1,000 pieces of history were reported to have stolen, and the few pieces that remained were damaged and left in the rubble. The Museum, located in Minya, was broken into by armed individuals last Thursday. The photo below shows one part of the museum. The attack on the museum shows the dire need to ensure the protection of Egypt's history and culture, and explains why the Military has blocked off all access to Tahrir Square, where the Egyptian National Museum is located. Museum across the country and other archaeological sites remain closed to the public due to security concerns.»

(fonte: Egyptian streets)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Egipto em Dorset


Um obelisco de Philae e um quarto recheado de egiptologia, são os atractivos principais de Kingston Lacy, no Dorset, graças a William John Bankes (1786–1855) e às suas aventuras e explorações no Egipto.

(foto: Patrick Costello)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma interessante notícia arqueológica, mesmo se já com alguns meses de atraso...

    "Arqueólogos descobriram um dos mais antigos portos do mundo, que remonta ao tempo do faraó Quéops, informou hoje o ministro de Antiguidades, Mohamed Ibrahim. O porto foi descoberto em Wadi al-Jarf, localizada na costa do Mar Vermelho, 180km ao sul de Suez. Quarenta folhas de papiro coberto de textos hieroglíficos que lançam luz sobre a vida cotidiana dos antigos egípcios também foram descobertos no local. Os textos supostamente eram relatórios mensais sobre o número de trabalhadores e detalhes de suas atividades diárias e, segundo Ibrahim, são os mais antigos que se tem notícia. As folhas de papiro foram transferidas imediatamente para o Museu de Suez após a descoberta, para que arqueólogos e historiadores pudessem estudá-las e documentá-las, completou o ministro."




 "Uma missão francesa-egípcia descobriu o local, sendo que, navios de transporte de cobre e outros metais, provavelmente frequentavam o porto nos tempos antigos. Um conjunto de cais de pedra também foi descoberto. Adel Hussein, chefe do setor de Antiguidades Egípcias, disse que a missão também encontrou os restos das casas dos trabalhadores portuários, 30 cavernas e várias ferramentas de pedra."

Fonte(s):
http://antigoegito.org/arqueologos-descobrem-um-dos-mais-antigos-portos-do-mundo-e-dezenas-de-papiros/

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Na necrópole de Qubbet el-Hawa

“Nadie quería perderse el momento: se iba a presenciar la apertura de una cámara intacta que no ha visto la luz desde hace casi 4000 años”. Esta frase podría pertenecer al diario de excavación de Howard Carter momentos antes de penetrar a la sala sepulcral de Tutankamón, pero en realidad corresponde al blog de la misión de la Universidad de Jaén en Qubbet el-Hawa, una necrópolis de nobles de Elefantina, frente a Asuán. “Esta provincia, frontera entre el antiguo Egipto y Nubia jugó un papel vital”, explica el director de la excavación, Alejandro Jiménez Serrano, tanto desde un punto de vista “comercial, diplomático como religioso”, detalla. Ahora, sus gobernantes empiezan a emerger de las profundidades del desierto. Es el caso del personaje que el equipo jienense acaba de descubrir en su cámara sepulcral intacta. (http://www.lavanguardia.com/cultura/20130621/54376821682/entrevista-alejandro-jimenez-serrano-egiptologo.html)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Curso de Verão


Decorrerá durante o mês de julho na Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa um Curso de Verão dedicado ao tema
«Erotismo e Sexualidade no Antigo Egito».

É mais um curso livre levado a efeito pelo Centro de História,
decorrendo as sessões às quartas-feiras das 18 às 20 horas,
no Anfiteatro III da Faculdade de Letras de Lisboa,
sendo primeira sessão no dia 10 de julho.

O curso é composto por cinco sessões, e uma delas será
no sábado, dia 27 de julho, na sala de antiguidades egípcias
do Museu Calouste Gulbenkian.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Hoje é dia de Petrie


Se Petrie, nascido neste dia de 1853, é indispensável a quem se interesse minimamente pelo Antigo Egipto, imperdoável será uma ida a Londres sem uma visita atenta ao mini mas excelente museu homónimo.

domingo, 2 de junho de 2013

Viver no antigo Egito


Terminou na passada semana o curso livre destinado a evocar a vida
no antigo Egito, organizado em cinco sessões que estiveram a cargo
de docentes do Centro de História da Faculdade de Letras de Lisboa.

Os temas apresentados no curso livre foram os seguintes: 
«Viver no campo» (Telo Ferreira Canhão),
«Viver na cidade» (José das Candeias Sales),
«Viver no templo» (Luís Manuel de Araújo)
«Viver no exército» (José Varandas)
«Viver no túmulo» (Rogério Sousa)

O próximo curso livre de temática egiptológica levado a efeito pelo
Centro de História da Faculdade de Letras de Lisboa será em julho,
às quartas-feiras, das 18 às 20 h., também com cinco sessões, uma delas
na sala de antiguidades egípcias do Museu Calouste Gulbenkian.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Facebook no Egito


Nesta interessante fotografia obtida no Cairo por Maria Luísa Pinto,
durante a nossa recente visita de estudo ao Egito nas férias da Páscoa,
podemos ver como o velho país do Nilo se moderniza com o facebook,
aqui bem publicitado numa rua típica da capital.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

«Festa egípcia»


Cumprindo a tradição dos anos anteriores, também nesta última 
visita de estudo ao Egito os viajantes participaram na habitual 
«festa egípcia» organizada durante o cruzeiro no rio Nilo, 
na noite anterior à chegada a Lucsor.

Aqui está o grupo na tradicional foto com «trajes típicos» 
para um momento de diversão no amplo salão do navio de
cruzeiro «Nile Style» - e quem na altura não tiver as fatiotas do
folclore local arranja uns adereços para fingir e também participa.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O rei Khakheperré Senuseret!


   A clássica posição da estátua deste faraó, o rei Khakheperré Senuseret  - conhecido por Senuseret II - demonstra bem a sólida autoridade da monarquia faraónica, força motriz da brilhante era do Império Médio.

    Sabe-se pouco deste quarto rei da XII dinastia comparado a alguns dos seus antecessores e sucessores, dado o carácter fragmentário ou contraditório das fontes. Filho de Amenemhat II, a duração e datação do seu reinado são inexactas: tanto lhe atribuem 10 como 19 anos de reinado, algures entre 1897 e 1860 a.C. sendo que muitos apontam 1870-1860 a.C. como a altura mais provável. Também não existe consenso sobre a ideia de um reinado conjunto com seu pai.

   O  pacífico reinado de Senuseret II, sem registo de ações bélicas, é marcado pela diplomacia e pelo comércio com os reinos vizinhos do Médio Oriente. A nível interno, desenvolveu boas relações com nomarcas, como atestam os indícios no túmulo de Khnumhotep, governador de Beni Hasan.

   Sem guerras ou rebeliões para o atormentar, Senuseret II dedicou os seus esforços ao incremento da agricultura. Uma oportuna descida do nível das águas do lago Moeris, no oásis do Faium expôs consideráveis extensões de terras férteis, circunstância que o faraó aproveitou, ampliando vários projectos hidráulicos anteriores mediante a construção de diques e canais para melhor controlo e distribuição de água. Para o efeito, em Senuserethotep - hoje Kahun - mandou erguer os primeiros bairros de trabalhadores conhecidos.

   As artes conheceram também os seus tempos áureos. A nível arquitectónico, destaca-se o complexo piramidal do rei em El-Lahun, onde além de um sarcófago de granito rosado, foi descoberto, em 1889, pelo egiptólogo Flinders Petrie um uraeus de ouro finamente trabalhado, possivelmente pertencente à máscara fúnebre do soberano. Mais recentemente, em 2009, novas escavações permitiram descobrir alguns corpos mumificados.


    Nas criptas adjacentes onde se sepultaram as filhas do rei, foram encontradas belíssimas jóias de ouro, prata e pedras semi-preciosas. No complexo fúnebre do sucessor, Senuseret III, destaca-se a cripta da princesa Sithathoriunet, onde Petrie e Brunton descobriram em 1914, um nicho com mais jóias (como o peitoral com o nome de Senuseret II acima visualizado), vasos, espelhos e outros materiais cosméticos de excelente qualidade.
    A estatuária também atingiu notável refinamento, como se verifica pelas diversas estátuas de Senuseret II, atestando a XII dinastia como exemplar na representação artística da figura humana. Algumas dessas estátuas seriam reaproveitadas séculos mais tarde por outros soberanos.

    Da corte de Senuseret II, as informações são escassas. Existem registos que apontam a existência de duas rainhas - Khenemetneferhedjet I (mãe de Senuseret III) e Nofret II - e duas esposas secundárias. Conhecem-se com relativa certeza três ou quatro filhas, entre as quais Sithathoriunet.
   No que toca aos altos funcionários e ministros, são poucos os dados. Salienta-se Khnumhotep, que além de governador local, terá sido diplomata, chefe da casa real e finalmente vizir. Todavia, como no que toca à maioria dos restantes faraós, as perguntas sobre Khakheperré Senuseret são mais do que as respostas!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Estivemos em Dahchur


No decurso da recente viagem ao Egito organizada pelo Instituto Oriental
 o nosso grupo esteve em Dahchur, a alguns quilómetros a sul de Guiza 
e Sakara, e lá pudemos ver duas grandes pirâmides da IV dinastia pouco 
visitadas, a insólita «pirâmide romboidal», e a «pirâmide vermelha»,
porque são muito raros os grupos que ali se deslocam.

Graças à greve da TAP (obrigado TAP), partimos mais cedo para o Egito,
e assim tivemos mais um dia, que deu para visitar a necrópole de Dahchur,
onde existem pirâmides da IV dinastia (do rei Seneferu) e da XII dinastia
(feitas para os reis Senuseret III, Amenemhat II e Amenemhat III).

A imagem mostra a chamada «pirâmide romboidal», com a sua estranha 
forma, mas alguns «voluntários» entraram na «pirâmide vermelha», 
o que não é nada fácil, quer pela penosa subida até à sua entrada 
quer pelo percurso interno, com vários metros (a descer e a subir) 
andando numa incómoda posição agachada.

Mas sim, estivemos lá!