Solidariedade desconfinada

 

Uma vez mais o Rotary Clube de Lisboa promove nova campanha

de aquisição de cestas básicas alimentares para ajudar instituições

carenciadas, cujas dificuldades aumentaram nestes últimos meses,

constando a ajuda na doação de 20 euros por cada cabaz recheado

de produtos alimentares, podendo os participantes nesta atividade

de solidária partilha adquirir generosamente mais que um cabaz.

Um «clássico» desconfinado

De vez em quando o almoço é totalmente caseiro, para variar

das deliciosas encomendas feitas em take-away no Búzio, no

Rijo ou nos Sabores da Praia, que mantiveram um serviço de

atendimento aos moradores da Praia das Maçãs (e não só) na

fase do confinamento, e que agora, felizmente, já reabriram.

Ora ontem foi dia de uma solução caseira deveras simpática,

recorrendo a um «clássico» saboroso de ovos estrelados com

fiambre e batata frita, um almoço simples e económico, para

rematar de forma frugal o fim do confinamento mas também

para celebrar (as fotos e o belo prato são do Miguel Araújo).

 

A última sessão do curso

Acabou o curso sobre o antigo Egito levado a efeito pelo Solar

Condes de Resende em Canelas, que decorreu com o patrocínio

da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, o qual contou com 

a participação de egiptólogos ligados à Faculdade de Letras da

Universidade de Lisboa e à Universidade Aberta, com o prático

uso da videoconferência devido à pandemia, num total de treze

sessões (26 horas) e mais uma aula prática transmitida do Solar

que se vê na primeira imagem, com a ampla entrada para a área

museológica e o acesso às salas de exposições e ao salão nobre,

mostrando as outras fotos o docente na redação e passeando na

típica zona portuense da Ribeira, com o casario de Gaia atrás.

Os assistentes, que seguiram em direto a transmissão da última

aula, tiveram à sua disposição materiais de apoio didático, com

um resumo da matéria exposta, uma lista dos signos unilíteros e

uma sucinta lista bibliográfica contendo os títulos fundamentais 

sobre a temática, tendo sido redigidos no quadro os pictogramas  

mais utilizados desde a emergência do Egito unificado no início

do III milénio a. C., explicando-se o seu uso como fonogramas

e ideogramas, num vislumbre comparativo com o aparecimento

da escrita pictográfica no Sul da Mesopotâmia (antiga Suméria)

e a evolução do sistema hieroglífico: a formação do plural e do

feminino, o uso de substantivos e adjetivos, numerais e verbos.

Vacinação confinada

Tendo o signatário mais de 70 anos, tratou de fazer a marcação

para tomar atempadamente a vacina salvadora, que a previsão

anunciava estar concluída a 2 de maio... Mas o vacinando, que

mora na Praia das Maçãs, só encontrou vaga disponível para o

dia 16 de maio, no posto de vacinação mais próximo, na Junta 

de Freguesia de Casal de Cambra, data que não condiz com as

boas intenções da task force anti-covídica criada para o efeito,

e que vai colidir com a intenção do vacinando ir para o Egito,

com a partida para mais uma visita marcada para 2 de junho.

Esta discrepância foi colocada no Centro de Saúde de Colares,

que infelizmente não faz vacinações, mas lá não podiam fazer 

nada, a solução seria aguardar pela confirmação e ir ao posto

indicado... Outros cidadãos que lá estavam depararam-se com

o mesmo problema, e um vacinando com idade mais provecta

sugeriu que a única alternativa seria ir ao Ministério da Saúde

protestar, ou então falar com o senhor almirante que dirige as

operações - outra alternativa será pedir ajuda a Ramsés II, só

que o grande faraó está por agora confinado e incontactável. 

Escrita hieroglífica no Solar

Terminou no passado sábado o curso livre sobre o antigo Egito

iniciado em outubro de 2020, em tempos de pandemia nefasta,

o que obrigou a fazer as sessões por videoconferência, sistema

que os docentes do curso usaram com apreciável sucesso, para

satisfação dos participantes no aliciante curso, organizado pelo

Solar Condes de Resende com a sua Academia Eça de Queirós.

A única sessão do curso dada nas instalações do Solar Condes

de Resende foi precisamente a última dedicada a um tema que

mereceu justificado interesse: a escrita hieroglífica, que esteve

em uso no antigo Egito durante mais de três mil anos, desde o

período de unificação do país do Nilo até ao período romano,

tendo só desaparecido de vez com o advento do cristianismo.

O programa da aula prática, transmitida para os inscritos neste

curso, versou sobre a fase inicial de elaboração de pictogramas

e a sua evolução ao longo do tempo com o uso sistemático dos

fonogramas e ideogramas, e a brilhante adaptação para registo

das ideias abstratas, com a presença esclarecedora dos signos

determinativos, além dos unilíteros, os bilíteros e os trilíteros.

Museu da Farmácia: novo catálogo

Acabou de ser publicado um novo catálogo do Museu 

da Farmácia, que teve a coordenação editorial da Dra.

Paula Basso, e que se vem juntar a outras publicações

do Museu, dirigido pelo Dr. João Neto, constando nas

suas páginas alguns objetos do antigo Egito existentes

no acervo de Lisboa, estando outros no polo do Porto,

onde em 2010 foi inaugurado um novo espaço museal.

O Museu da Farmácia, com os dois polos expositivos

de Lisboa e Porto, é um projeto que ao logo dos anos,

e desde 1997, se tem vindo a afirmar como uma clara

referência a nível nacional e internacional, como bem

comprovam os milhares de visitantes que demandam

os seus espaços expositivos, além dos vários prémios

que o Museu tem recebido parabenizando a sua ação.

Ahhh, o desconfinamento...

O desconfinamento foi assinalado festivamente com o regresso

ao restaurante «Búzio» na Praia das Maçãs, que já existe desde 

1959, mostrando a imagem o requintado restaurante numa foto

dos anos 60 do século passado, com o famoso toldo a anunciar

os viveiros próprios de mariscos, que hoje ainda existem, com

grande qualidade e variedade, ótimos para excelentes pratos.

Mas para festejar condignamente o fim do pesaroso e obnóxio

confinamento, que foi sem dúvida necessário mas angustiante,

os ansiosos comensais começaram por recordar uma opípara e

saudosa entrada de camarão à guilho, regada com a fresquinha

imperial do costume, seguindo-se um belo bife do lombo feito

 à maneira e regado por um tinto alentejano Marquês de Borba. 

Escrita hieroglífica: noções de base

Na sessão do próximo sábado dia 24 de abril, dedicada à escrita

hieroglífica egípcia, serão recordadas as noções de base acerca

desse sistema gráfico, criado nos alvores da civilização do país

das Duas Terras e depois desenvolvido e aperfeiçoado ao longo

do tempo, sendo estudado pelos candidatos a escriba na escola

onde o mestre usava uma chibata para estimular os estudantes

mais recalcitrantes (como se vê na primeira imagem), método

ultrapassado e que o atual docente não utilizará durante a aula.

Alguns hieróglifos têm apenas um som, como as nossas letras

atuais (os signos unilíteros), ou têm dois sons (os bilíteros), ou

então três sons (os trilíteros), e além destes signos, que se leem

de facto, há outros que se colocavam no fim de certas palavras 

para esclarecer o seu sentido: são os signos determinativos, os 

quais podem ser fonéticos ou ideográficos - mas todos seriam

redigidos (ou desenhados) com muito esmero e cuidado tendo

em conta os critérios estético-gráficos próprios dos hieróglifos.

Há uma (aparente) simplicidade no funcionamento do sistema

com os signos ideográficos (ideogramas) a representar aquilo

que figuram, e os signos fonéticos (fonogramas) a reproduzir

os sons (mais precisamente os sons das consoantes, as vogais

não se escreviam), e os determinativos, colocados no fim das

palavras, não se liam mas facilitavam a compreensão da ideia

que se pretendia transmitir, sendo bastante esclarecedores no

caso de palavras homógrafas. Agora é só começar a escrever!

Antigo Egito - 14.ª sessão

No próximo sábado, 24 de abril, realiza-se a 14.ª sessão do curso

sobre o antigo Egito que decorre no Solar Condes de Resende em

Canelas, com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova de

Gaia, tendo por tema «A escrita hieroglífica egípcia», a cargo do

Professor Luís Manuel de Araújo, egiptólogo e docente jubilado

da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (a sessão será

por videoconferência tal como as anteriores, devido à pandemia).

A sessão, que terá um cunho essencialmente prático, mostrando

no quadro a forma de redigir alguns dos principais hieróglifos da

complexa escrita utilizada pelos escribas egípcios, é considerada

uma aula extraordinária oferecida aos participantes no curso, que

teve o seu início em outubro do ano passado e decorreu de forma

positiva e agradável, mau grado a impossibilidade de se fazerem

as sessões «ao vivo» no auditório do Solar Condes de Resende.

A pedra e a madeira em Guiza

O planalto de Guiza é um dos locais históricos do Egito de visita

obrigatória, e é o que sucederá na viagem planeada para o Verão,

de 24 de agosto a 3 de setembro, com o Clube Unesco da Cidade

do Porto, precisamente no último dia como remate do programa,

tal como foi anunciado na sessão de webinar do dia 16 de abril.

No tempo da viagem de Eça de Queirós ao Egito, em 1869, onde

esteve para a inauguração do canal de Suez, o nome do planalto

era dito à moda francesa como Gizé, mas hoje, e passados tantos

anos, as editoras portuguesas insistem em usar essa velha forma 

afrancesada em vez da grafia e prosódia mais corretas de Guiza.

Papiro de Amen-hotep

 

Eis um fragmento do Papiro de Amen-hotep, que se encontra

no Instituto Carsten Niebuhr, em Copenhaga, um documento

conhecido como Papiro Carlsberg 250, redigido em hierático,

com capítulos do «Livro dos Mortos» merecendo justo relevo

a colorida vinheta hieroglífica aqui reproduzida, com Osíris à

esquerda a ser venerado pelo defunto, o escriba Amen-hotep,

que também era sacerdote de várias divindades, na região de

Tebas-Uaset (que hoje é Lucsor), tendo vivido durante a XXI

dinastia (c. 1050 a. C.).no desempenho de importantes cargos

como se atesta pelo requinte do traje e do cone de perfume.

As duas colunas hieroglíficas verticais à esquerda apresentam

o deus Osíris como o que está à frente dos Ocidentais (isto é,

os defuntos), em Abido (khenti amentiu em Abdju), a terceira

coluna alude a oferendas que o defunto lhe faz, e as restantes

seis colunas elencam os títulos de Amen-hotep: sacerdote pai

divino de Amon-Ré rei dos deuses (it-netjer en Amon-Ré nesu

netjeru), sacerdote de Mut... (hem-netjer en Mut) e sacerdote 

de Khonsu... (hem-netjer en Khonsu), sacerdote de Amon-Ré 

que está em Karnak (hem-netjer en Amon-Ré her ib en Ipet-

sut), supervisor dos escribas do templo de Amon no domínio

de Amon (heri sechu en hut-netjer en Amon en per Amon), 

Carne de porco à Mercês

Na ementa do restaurante Rijo, na Praia das Maçãs, constava

um prato com o sedutor nome de «carne de porco à Mercês».

e então decidimos experimentar: trata-se afinal de uma forma

local de fazer carne de porco à portuguesa, que se servia num 

eficaz take-away ali à mercê dos comensais em confinamento

que acabaram por aprovar a saborosa e abundante paparoca,

bem acompanhada por um vinho tinto Ventozelo, do Douro.

Antigo Egito - 13.ª sessão

 

No próximo sábado, 17 de abril, realiza-se a 13.ª sessão do curso

sobre o antigo Egito que decorre no Solar Condes de Resende, em

Canelas, com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova

de Gaia, sendo dedicada ao aliciante tema que a primeira imagem

anuncia: «O Antigo Egito no cinema», pelo Professor Doutor José

das Candeias Sales, da Universidade Aberta (esta sessão, que será

a última do curso, é por videoconferência, tal como as anteriores, 

devido à presente pandemia e às regras cautelosas que ela impõe).

Não se pode ignorar, antes, pelo contrário, tem de se reconhecer,

o enorme poder de sedução e influência do cinema na formação

das ideias e de representações sobre o antigo Egito e, sobretudo, 

o seu papel na globalização do conhecimento sobre a civilização

dos faraós, a sua cultura, as suas caraterísticas, as personagens e

as suas divindades. Nesta sessão será revista uma série de filmes

que, desde as décadas de 50 e 60 do século XX até à atualidade,

foram moldando a perceção de milhões de espetadores em todo

o mundo sobre a notável e brilhante civilização do antigo Egito.

O regresso ao Egito

Na próxima sexta-feira, dia 16 de abril, pelas 18,30 horas, será

concretizada mais uma sessão webinar promovida pela agência

Novas Fronteiras, a propósito de mais uma visita ao Egito, que

já está marcada para o Verão, de 24 de agosto a 3 de setembro, 

numa parceria com o Grupo Unesco da Cidade do Porto, dando

assim continuidade à salutar modalidade das parcerias que têm

sido feitas entre o Instituto Oriental da Faculdade de Letras da

Universidade de Lisboa, a agência Novas Fronteiras e diversas

entidades, como aqui se poderá comprovar na terceira imagem.

Passados estes dias perturbadores e angustiantes da pandemia, 

merecemos sem dúvida a fruição de bons momentos que uma

       viagem ao Egito pode oferecer, com uma estival temperatura,       

reconfortante e restauradora, apreciando muitos monumentos

que a brilhante civilização egípcia legou e que são património

da humanidade, gozando os belos e inesquecíveis momentos 

de um deleitoso cruzeiro no rio Nilo num barco de qualidade

e de supremo conforto, que vai parando em locais históricos

para podermos visitar templos em Edfu e em Kom Ombo.

Dourada desconfinada

Depois de há duas semanas termos encomendado no eficiente

serviço de take-away do restaurante Búzio da Praia das Maçãs

um belo robalo, agora optámos por uma dourada desconfinada,

perdão, uma dourada grelhada, servida com a boa e tradicional 

qualidade e quantidade do Búzio para mais um lauto e gostoso

almoço inserido nesta luta tenaz contra os malefícios do covid,

com a indispensável ajuda de um bom vinho branco Cabeça de

Toiro Reserva de cor cítrica, com um aroma de frutos tropicais, 

mais ananás e alperce, bastante envolvente na boca, persistente

e muito fresco - está lá escrito no rótulo, e de facto é verdade.

Os belos ritões persas

Entre os objetos de arte que foram legados pela Pérsia Antiga,

e que foram mencionados no webinar das «Novas Fronteiras»,

estão os ritões, que eram recipientes usados em cerimónias de

forte carga política e ideológica, pelo menos aqueles que eram

feitos com materiais mais nobres, como os que aqui se podem

apreciar, a que se juntam os de marfim, existindo ainda alguns

mais simples feitos de terracota, usados mais para o dia-a-dia,

sendo, em geral, as bebidas mais servidas a água e o vinho.

Ídolos: Olhares milenares

No sábado, dia 10 de abril, foi inaugurada no Museu Nacional

de Arqueologia uma exposição subordinada ao tema «Ídolos:

Olhares milenares», que reúne bens culturais descobertos nos

últimos cem anos no Sul de Espanha e Portugal, com destaque

para as figuras antropomórficas consideradas como figurações

da grande deusa-mãe, num conjunto notável de representações

esquemáticas do corpo e do rosto humano em placas de pedra.

Foi como presidente do Grupo de Amigos do Museu Nacional

de Arqueologia que o signatário lá esteve, para ver a exposição

levada a efeito pelo Museu Arqueológico de Alicante, o Museu

Arqueológico Regional de Madrid e o anfitrião o nosso Museu

Nacional de Arqueologia, em importante evento cultural nesta

jubilosa fase de desconfinamento, com a presença da ministra

da Cultura de Portugal e do ministro da Cultura de Espanha.

"Aton" - a cidade perdida

 Caros amigos e entusiastas da Egiptologia, foi anunciada a 8 de abril, pelo egiptólogo Zahi Hawass, a descoberta de Aten, uma antiga cidade do período do Império Novo, inicialmente construída no reinado do grande Amen-hotep III, (c. de 1390-1353 a.C). A sua localização, perto de Lucsor, foi desconhecida durante muito tempo até que a partir de setembro de 2020, começaram a ser encontrados vestígios que deram início a um considerável período de escavações no local, expondo o que talvez seja uma das maiores cidades do Antigo Egito.

Para quem quer saber mais, eis alguns links:

https://www.theguardian.com/world/2021/apr/09/lost-golden-city-ancient-egypt-aten-discovered

https://edition.cnn.com/style/article/egypt-lost-city-rise-of-aten-scli-intl-scn/index.html

Memórias de há 17 anos...

Mais uma vez, coloco aqui algumas das minhas memórias fotográficas da viagem ao Egito, há precisamente 17 anos, realizada através da Associação dos Arqueólogos Portugueses, na companhia do nosso excelso perito em Egiptologia, Luís Manuel de Araújo e muitos outros bons colegas! De Abu-Simbel a Alexandria (sim, Alexandria, um bónus inesperado), passando por Assuão, Lucsor, Cairo e mais uns quantos lugares, foi uma maravilhosa estada de quase uma semana, conhecendo em maior profundidade, os locais mais emblemáticos do Egito faraónico e da atual República Árabe do Egito.

As elegantes colunas persas

As colunas utilizadas na arquitetura persa caraterizam-se pela 

sua elegância e complexidade decorativa, a começar nas bases

que por vezes assentam numa espécie de campânula invertida, 

podendo ter uma decoração floral vegetalizante, de onde parte 

um fuste que pode ser estriado à maneira jónica, rematando no

capitel formado por três partes: outra campânula invertida, de

onde sai um remate vegetalizante, seguindo-se um bloco com

estrias e volutas de tipo helenizante, e no final dois prótomos 

de touro (ou de grifos) dispostos de forma a servir de encaixe

para as traves de madeira que iam sustentar as tábuas do teto.