quinta-feira, 22 de abril de 2021

Escrita hieroglífica: noções de base




Na sessão do próximo sábado dia 24 de abril, dedicada à escrita
hieroglífica egípcia, serão recordadas as noções de base acerca
desse sistema gráfico, criado nos alvores da civilização do país
das Duas Terras e depois desenvolvido e aperfeiçoado ao longo
do tempo, sendo estudado pelos candidatos a escriba na escola
onde o mestre usava uma chibata para estimular os estudantes
mais recalcitrantes (como se vê na primeira imagem), método
ultrapassado e que o atual docente não utilizará durante a aula.

Alguns hieróglifos têm apenas um som, como as nossas letras
atuais (os signos unilíteros), ou têm dois sons (os bilíteros), ou
então três sons (os trilíteros), e além destes signos, que se leem
de facto, há outros que se colocavam no fim de certas palavras 
para esclarecer o seu sentido: são os signos determinativos, os 
quais podem ser fonéticos ou ideográficos - mas todos seriam
redigidos (ou desenhados) com muito esmero e cuidado tendo
em conta os critérios estético-gráficos próprios dos hieróglifos.

Há uma (aparente) simplicidade no funcionamento do sistema
com os signos ideográficos (ideogramas) a representar aquilo
que figuram, e os signos fonéticos (fonogramas) a reproduzir
os sons (mais precisamente os sons das consoantes, as vogais
não se escreviam), e os determinativos, colocados no fim das
palavras, não se liam mas facilitavam a compreensão da ideia
que se pretendia transmitir, sendo bastante esclarecedores no
caso de palavras homógrafas. Agora é só começar a escrever!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O estilo de desenho das centenas de signos não foi sempre igual ao longo dos séculos, considerando-se os belos hieróglifos do Império Médio e os do Império Novo, nomeadamente os que foram usados durante a XVIII dinastia, como expoentes da elegância e do virtuosismo estético-gráfico, tendo sido depois a fonte de inspiração para os textos da XXVI dinastia, com o celebrado «renascimento saíta» dos séculos VII-VI a. C.
    Mesmo quando, no decurso dos séculos, outras formas de escrita mais prática se foram impondo sobre vários suportes materiais (a escrita hierática e a demótica), os hieróglifos não perderam o seu estatuto de elementos de uma escrita sagrada, mantendo o seu claro monopólio de utilização em estelas de maior significado religioso ou político-ideológico e nas inscrições murais de templos e de túmulos, sendo em geral pintados em cores apropriadas.
    A identificação de cada um dos signos hieroglíficos, desde que apresentados de forma não cursiva, torna-se relativamente fácil porque eles representam seres ou objetos concretos. O sistema começou por ter uma fase pictográfica, e os signos representavam seres humanos e as suas partes, animais, e ainda os astros, a vegetação, a geografia e os objetos do quotidiano que qualquer egípcio poderia «ler» sem dificuldade.
    Note-se que as figuras são apresentadas regra geral vistas de lado, outras vistas de cima (a mosca, o lagarto e o escaravelho, por exemplo) ou de frente – o que interessava era obter um fácil reconhecimento de cada hieróglifo.
    Os signos podiam ser lidos da direita para a esquerda (que era a forma mais corrente), da esquerda para a direita e ainda de cima para baixo, sendo muito fácil perceber o sentido da leitura e, desta maneira, o início do texto: bastará seguir a posição dos signos que estão a olhar ou a apontar para o começo da respetiva frase.

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