domingo, 29 de janeiro de 2023

Os grandes faraós do Egito




Está desde já marcada para o dia 3 de março, após o regresso 
de mais uma feliz viagem ao Egito, uma palestra no Âmbito
Cultural de El Corte Inglés, tendo como tema «Os Grandes
Faraós do Antigo Egito», a coincidir com o encerramento
da exitosa exposição sobre «Faraós Superstars» na Fundação
Calouste Gulbenkian, a qual atraiu milhares de visitantes.

A sessão está marcada para as 18,30 horas,
na sala do Âmbito Cultural de El Corte Inglés,
com entrada gratuita, mas implica marcação prévia.

Iraque: Dos Sumérios aos Persas





Decorreu ontem, como estava previsto, uma sessão de webinar
dedicada ao Sul do Iraque, antecedendo a viagem programada
para outubro de 2023, e para a qual se prevê uma entusiástica
participação, até pela novidade desta experiência turística em
Portugal, e pela oportunidade de ver sítios histórico-culturais
que durante muitos anos estiveram inacessíveis aos viajantes.

Esta sessão teve uma parte de apresentação alusiva aos sítios
que irão ser visitados, evocando a longa e rica história do Sul
da Mesopotâmia, desde a presença dos Sumérios à chegada
dos Persas, e a segunda parte a cargo de Teresa Neves, que
em nome da agência Novas Fronteiras deu esclarecimentos
técnicos relacionados com esta inédita viagem ao Iraque.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Professora Manuela Mendonça



A Professora Manuela Mendonça, presidente da Academia
Portuguesa da História, cujo salão nobre se vê na segunda
imagem (onde já decorreram várias sessões sobre o antigo 
Egito), foi recentemente condecorada pelo presidente da
República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, com a alta
insígnia de Grande Oficial da Instrução Pública, desta
forma reconhecendo, e com inteira justiça, o seu percurso
cívico e científico e a empenhada dedicação na construção
e ampla divulgação do conhecimento histórico.

Professor José Varandas condecorado



O Professor José Varandas, docente da Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa, foi recentemente condecorado,
na Escola Naval, no Alfeite, com a Cruz Naval de 1.ª Classe
testemunhando desta maneira o apreço que a Marinha tem
por este antigo oficial fuzileiro, hoje um digno académico,
e um dos mais considerados medievalistas portugueses.

O agraciado é professor de História Medieval e especialista 
em História Militar e foi nesta condição que colaborou com
a revista Hapi publicando lá vários artigos sobre o exército
e a marinha no antigo Egito, assaz esclarecedores, a que se
juntou o seu livro sobre As Grandes Batalhas Navais 
no Mundo Antigo, onde o antigo Egito está incluído.

É diretor do mestrado interuniversitário de História Militar,
e investigador ativo do Centro de História da Universidade 
de Lisboa sendo também membro da Academia Portuguesa 
da História e Academia de Marinha, Sociedade Portuguesa
de Estudos Medievais e Associação Ibérica de História Mi-
litar, da qual é atualmente um eficiente secretário-geral.

Como é bem sabido, há certas condecorações atribuídas por
iniciativa institucional ou mesmo presidencial para as quais
em princípio não se descortinam os motivos elementares ou
curriculares para tais concessões, mas esta é justa e natural,
reconhecendo todo o meritório trabalho que vem realizando
a nível académico e na sua colaboração com a Marinha.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Uma nova Babilónia



A Paleobabilónia, designação que se adota para a Babilónia
do tempo de Hammurabi e da sua dinastia, foi seguida pela
Babilónia Cassita, mas depois a grande e notável cidade do
rio Eufrates ficou submetida ao domínio do Império Assírio
até finais do século VII a. C., altura em que recuperou a sua
independência fundando um vasto império que transformou
a Babilónia (a Neobabilónia) na maior e mais rica cidade do 
mundo antigo, com espetaculares monumentos, dos quais se
destaca a Porta de Istar (hoje no Pergamon em Berlim), mas
com uma réplica no Iraque, visitando-se ainda Etemenanki,
impressionantes ruínas da famosa zigurate de Babilónia.

A Babilónia, além da Suméria




A zona sul do atual Iraque, que preserva muitos monumentos
do tempo da antiga Suméria, também oferece vestígios muito
expressivos da grande civilização que floresceu em Babilónia
a partir do século XVIII a. C., primeiro com o rei Hammurabi
da Paleobabilónia e depois com a Babilónia Cassita, herdeira
das tradições babilónicas entre os séculos XVI e XIV a. C.

A Suméria e a Acádia, no Iraque




A civilização da Suméria, que se carateriza pela existência
de muitas cidades-estado que se estabelecem sobretudo ao
longo do rio Eufrates e de seus canais, é dominada a partir
de 2325 por uma população de origem semita, os Acádios.

A fusão política, socio-económica e cultural que se vai dar
permite aludir à civilização sumero-acádica, fundada pelo
grande rei Sargão de Akad, que aqui se mostra na terceira
imagem, inaugurando uma dinastia que dura até 2135 a.C.

Depois os Sumérios restauram a sua independência, desta
vez com a criação de um forte reino unificado com capital
na antiga e famosa cidade de Ur: é a III dinastia de Ur que
deixará muitos monumentos e um grande legado cultural.

Rumo à Suméria, no Iraque




A próxima sessão de webinar promovida pela agência Novas
Fronteiras realiza-se no sábado, dia 28, pelas 17 horas, e será
dedicada à apresentação da viagem que já está planeada para 
outubro de 2023, tendo uma primeira parte de cariz histórico
e cultural, evocando a antiga civilização da Suméria e Acádia
que floresceu no III milénio no Sul da Mesopotâmia, hoje no
Iraque, e a segunda parte para informações técnico-logísticas.

domingo, 22 de janeiro de 2023

Ainda os vasos de vísceras



Aqui se mostram alguns exemplares de vasos de vísceras
que abundam, aos milhares, em museus de todo o mundo
que mostram acervos de antiguidades egípcias, incluindo
no nosso país, como bem se comprova pelos exemplares 
que se podem ver na segunda imagem, e que pertencem
à interessante coleção egípcia do Museu da Farmácia em
Lisboa, em cujo catálogo são descritos obviamente como
vasos de vísceras, com os respetivos textos traduzidos.

Quanto aos exemplares que constam na imagem de cima,
considerados como vasos de vísceras e não como vasos
canópicos (que é outro tipo de vasos, para a água nilótica
do culto de Osíris-Canopo) pertenceram à dama Mutpipu
(Museu Real de Arte e História de Bruxelas), a seguir um
conjunto completo para Djehuti (Museu Arqueológico de
Florença), e outro conjunto de Panehesi (Museu Real de
Antiguidades de Leiden), todos com inscrições na pança
invocando as respetivas divindades que os protegiam.

O tamanho e o estilo dos textos profiláticos inscritos nos
vasos de vísceras foi variando ao longo do tempo, todos
com um sentimento comum de insistência na apotropaica
necessidade de proteção, redigida como setep-sa (signos
U21 e V17 da lista de Alan Gardiner), ou sa (o signo V16)
de forma reduzida, podendo ainda surgir uma introdução
de timbre arcaizante com a fórmula hotep-di-nesu, como
consta no conjunto mais pequeno feito para Panehesi (de
Leiden), com a tradução de «Oferta concedida pelo rei».

O maior vaso que aqui se mostra feito para Mutpipu, tem
um texto apotropaico sem a referência à locução setep-sa
ou ao termo sa (indicativos de proteção), mas enfatiza no
seu discurso a ideia protetora com a alusão ao abraço que
a deusa Néftis oferece: «Palavras ditas por Néftis: que os
seus braços envolvam (em proteção) Hapi, que está aqui,
a venerada de Hapi, a Osíris, a líder do harém de Amon,
Mutpipu, justificada» (o texto foi passado para feminino
por se tratar de uma defunta, que ali tinha os pulmões).

sábado, 21 de janeiro de 2023

A decifração dos hieróglifos



Está prevista para o dia 15 de fevereiro, pelas 15 horas, uma
conferência sobre «A decifração dos hieróglifos egípcios» (a
qual também se transmitirá por videoconferência), a realizar
na Sociedade de Geografia de Lisboa, no âmbito da diversa
programação dinamizada pela sua Secção de Arqueologia. 

Nectanebo I da XXX dinastia



Uma das últimas obras de arte que se pode apreciar na parte
dedicada ao antigo Egito da aliciante exposição dos «Faraós
Superstars», que está na Fundação Calouste Gulbenkian até
inícios do mês de março, é esta esfinge que representa o rei
Nakhtnebef, também conhecido pela sua forma onomástica 
grega de Nectanebo I, o qual reinou entre 380 e 362 a. C.

Ele foi o antepenúltimo faraó da XXX dinastia, a última do
país das Duas Terras, num derradeiro momento de evocação
do passado numa clara busca arcaizante de grande atividade 
construtiva, quando os persas procuravam, de novo, invadir
o Egito  -  o que iria acontecer no reinado de Nectanebo II,
em 343 a. C., motivando a seguir a ação de Alexandre.

A titulatura real de Nectanebo I prolonga-se, para a direita 
e para a esquerda, na base da estátua leonina com a cabeça
do faraó, e é um belo exemplo do aproveitamento espacial
propiciado pelos socos e peanhas das estátuas para neles se
gravarem textos apropriados, como aqui se vê com o nome
completo do rei, ou seja, a titulatura real com cinco nomes.

De facto, na sua estabilidade redacional, a titulatura mostra
os cinco nomes completos dos reis, sendo este um exemplo
esclarecedor, como veremos com a decomposição seguinte:

Nome de Hórus: O heroico e bem provido
Nome das Duas Senhoras: O que provê o Sul e o Norte
Nome de Hórus de Ouro: O que gera o amor dos deuses
Nome de coroação: Rei do Alto e Baixo Egito, Kheperkaré
Nome de nascimento: Filho de Ré, Nakhtnebef

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O Conto dos Dois Irmãos



Acabou de ser publicado, numa edição da prestigiada Imprensa
da Universidade de Coimbra, que é muito exigente e criteriosa
quanto às obras que vai publicar, um novo livro do egiptólogo
Telo Ferreira Canhão sobre o afamado Conto dos Dois Irmãos
que merece justificado destaque entre a literatura produzida no
antigo Egito, neste caso elaborada na época do Império Novo.

Trata-se de um atilado e esmerado estudo histórico-cronológico
com texto hieroglífico, transliteração e tradução, inserindo este
volume uma breve introdução ao neo-egípcio muito útil para os
leitores da obra, os quais poderão fruir com este texto dois tipos 
de leitura essenciais: uma de cariz literal ou conteúdo manifesto
e uma interpelante leitura metafórica ou de conteúdo subjacente.

O Autor deste precioso livro, que vem enriquecer sobremaneira
a bibliografia egiptológica que nos últimos vinte anos tem sido
produzida regularmente por diversos egiptólogos portugueses,
sobretudo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e
da Universidade Aberta, está jubiloso e sorridente na segunda
imagem, numa antiga foto tirada no dia do seu doutoramento.

O lançamento do livro será no dia 9 de fevereiro
na Biblioteca da Faculdade de Letras de Lisboa,
pelas 18 horas, na sala B.112.C

Uma mesa de oferendas




Uma mesa de oferendas mandada fazer por Qenherkhopechef
que era escriba da necrópole (ou escriba do túmulo), em Deir
el-Medina (em Lucsor Ocidental), que viveu na XIX dinastia,
nos reinados de Ramsés II, Merenptah, Amenmesés e Seti II,
é uma das mais interessantes peças dos «Faraós Superstars».

Esta mesa de oferendas (udehu), ou altar (devido à conotação 
votiva desta obra de arte), que aqui se revela em três dos seus
quatro lados (o lado frontal, com a imagem do escriba, estava
na imagem publicada ontem) mostra o nome de vários faraós 
e ainda de duas rainhas, com algumas anomalias pelo meio.

Na publicação de ontem vimos os nomes de Ramsés II, com o
seu nome de coroação (Usermaetré-setepenré) de Senakhtenré
(Taá I), Sekenenré (Taá II) e Uadjkheperré (Kamés), estes três
da XVII dinastia, os quais lutaram com vigor contra o domínio
dos Hicsos que então reinavam no Delta (XV e XVI dinastias).

No lado esquerdo da mesa, que está na primeira imagem, lê-se
os nomes de dois grandes faraós que evocam a reunificação do
Egito, um fundando o Império Médio (Mentuhotep II, c. 2040-
1990 a. C., na XI dinastia) e o outro fundando o Império Novo
(Nebpehtiré Ahmés, c. 1550-1525 a. C., na XVIII dinastia).

Rodeando esta mesa de oferendas, indo desde o lado esquerdo, 
passando pelo lado posterior (abaulado) e pelo lado direito, de
acordo com as imagens aqui apresentadas, podemos ler nomes
de vários reis e rainhas do país das Duas Terras de acordo com
os seus nomes de coroação (ou quartos nomes da titulatura): 

Primeira imagem:
Nebhepetré (Mentuhotep II), c. 2040-1990 a. C.
Nebpehtiré (Ahmés), c. 1550-1525 a. C.
Rainha Ahhotep (mãe de Ahmés), XVII dinastia
Rainha Ahmés-nefertari (esposa de Ahmés), XVIII dinastia

Segunda imagem:
Aakheperkaré (Tutmés I), c. 1504-1492 a. C.
Menkheperré (Tutmés III), c. 1479-1425 a. C.
Aakheperenré (Tutmés II), c. 1492-1479 a. C.
Djeserkaré (Amen-hotep I), c. 1525-1504 a. C.
Aakheperuré (Amen-hotep II), c. 1425-1400 a. C.
Menkheperuré (Tutmés IV), c. 1400-1390 a. C.

Terceira imagem:
Nebmaetré (Amen-hotep III), c. 1390-1353 a. C.
Djeserkheperuré (Horemheb), c. 1320-1292 a. C.
Menpehtiré (Ramsés I), c. 1292-1290 a. C.
Menmaetré Seti-merenptah, c. 1290-1279 a. C.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Os nomes dos faraós



Na boa e instrutiva exposição que agora decorre na Fundação
Calouste Gulbenkian e que estará patente até inícios de março
deste ano já foram realizadas várias visitas, a última das quais
foi hoje, dia 19 de janeiro, na sequência das anteriores quatro
visitas e antecedendo outras quatro previstas para fevereiro.

O primeiro objeto com inscrições hieroglíficas está na vitrina
inicial do bem ordenado e aliciante percurso expositivo, com
uma mesa de oferendas num estilo muito divulgado na época
histórica de grande brilhantismo cultural e civilizacional que
foi o Império Novo, sobretudo com a XVIII e XIX dinastias.

A mesa de oferendas que acima se mostra e que na fotografia
em baixo está a ser apreciada na recente visita que lá foi feita
com um grupo do Rotary Clube de Lisboa, é da XIX dinastia
(talvez do final do reinado de Ramsés II) e foi mandada fazer
pelo escriba Qenherkhopechef, um funcionário da necrópole.

A mesa de oferendas (por vezes designa-se este tipo de peças
votivas como altar de oferendas) exibe os nomes de diversos
faraós da XVII, da XVIII e da XIX dinastias, e também duas
rainhas da XVIII dinastia, gravados com esmero no calcário,
por forma a preservar a sua memória e recordar o passado.

O mais curioso e interpelante aspeto que resulta duma atenta
observação das inscrições hieroglíficas que envolvem o tema
central da mesa (vitualhas do ofertório), será verificar que há
erros de colocação de diversos nomes reais na lista de faraós
que lá estão, enfim, lapsos do escriba Qenherkhopechef.

A exposição percorre-se em cerca de duas horas,
mas só esta mesa de oferendas merece meia hora!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Vasos de vísceras em Portugal


Existem treze vasos de vísceras no nosso país, em diversas
coleções públicas e privadas, feitos de vários materiais (em
pedra, terracota e madeira) exibindo alguns deles inscrições
hieroglíficas com o nome do respetivo proprietário, porque
previamente o havia encomendado para o espólio fúnebre,
com a missão de guardar e conservar as suas vísceras, se
bem que em Portugal tenham sido feitas leituras erradas.

Nos dois exemplos que aqui se mostram pode ver-se o vaso
de vísceras feito para o sacerdote pai divino Merui (Museu
da Farmácia), à direita, e o vaso de vísceras de Hahat, com
o título de sacerdote de Montu (Museu de Arqueologia de
Vila Viçosa, da Biblioteca-Museu da Casa de Bragança),
que tem a tampa errada (deveria ter cabeça de canídeo),
vendo-se em ambos a insistência na proteção (setep-sa),

O texto do recipiente feito para Merui diz: «Palavras ditas 
por Ísis que impede o roubo e protege Imseti que está aqui,
o Osíris sacerdote pai divino real Merui justificado. Imseti
protege o Osíris sacerdote pai divino real Merui». Quanto
ao texto feito para Hahat, nele poderá ler-se «(A) proteção 
de Duamutef protege o sacerdote de Montu, senhor de 
Uaset (Tebas, hoje Lucsor), Hahat, justificado».

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Vaso de vísceras de Iunefer


Continua exposto na galeria de arte egípcia do Museu Calouste
Gulbenkian um vaso de vísceras de calcário, feito para Iunefer,
que tinha o cargo de supervisor do armazém, e que terá vivido 
durante o longo reinado de Amenemhat III (c.1825-1780 a.C.),
na XII dinastia, a julgar pelo local onde este objeto foi achado,
Hauara, algures na área onde existiu o chamado «Labirinto».

A inscrição hieroglífica, gravada na pança do vaso de vísceras
em três colunas verticais, afirma: «Neit protege Duamutef que 
aqui está, o venerável de Duamutef, o supervisor do armazém,
Iunefer, justificado e senhor de veneração», merecendo relevo
a alusão à deusa Neit como eficaz adjuvante de Duamutef (um
dos quatro filhos de Hórus), protegendo o estômago do morto.

Cada um dos quatro filhos do deus Hórus tinha a sua função,
eivada de clara profilaxia tanatófila, para bem do defunto:
Imseti, com cabeça humana, protegia o fígado (com Ísis)
Hapi, cabeça de babuíno, protegia os pulmões (com Néftis)
Duamutef, cabeça de canídeo, o estômago (com Neit)
Kebehsenuef, cabeça de falcão, os intestinos (com Serket)

Acrescente-se que Neit era uma deusa caçadora, cultuada
sobretudo em Sais (no Delta), e o título de venerável pode
ser uma boa tradução para o estatuto egípcio de imakh, de
que os defuntos se reclamavam, para além do digno título 
de justificado (maé-kheru), atribuído aos defuntos que, no
tribunal de Osíris-Maet, tinham declarado a sua inocência.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Vasos canópicos



Os ditos vasos canópicos foram produzidos no Egito durante 
a Época Greco-romana (c. 300 a. C. a 200 d. C.), celebrando
o culto tardio, que teve especial relevo na área mediterrânica
de Alexandria e Canopo, ao deus Osíris associado a um culto
helenizante ao herói Canopo, lendário piloto de Menelau que
tinha naufragado no Delta do Nilo e que ali ficara sepultado,
e é este tipo de contentores que devem ser vasos canópicos.

Esses recipientes canópicos eram levados em procissão pelos
sacerdotes, contendo alguns deles água do Nilo para libações 
rituais a Osíris-Canopo, até ao tempo do imperador Adriano,
altura em que passaram a lembrar Osíris-Antínoo, cultuando
o jovem amante de Adriano (que esteve no Egito em 130-131
quando o favorito se afogou no rio Nilo) e depois divinizado,
com especial relevo na cidade de Antinópolis, então criada.

Os exemplares que aqui se mostram são de terracota (frente 
e costas), com Osíris usando uma coroa solar complexa com
orifício atrás (Museu Egípcio de Barcelona; cat. 10), e outro
de alabastro evocando Osíris-Antínoo, com o vaso canópico
mostrando uma iconografia típica do antigo Egito: falcões e 
escaravelho, o touro Ápis e Harpócrates (Museu Gregoriano
Egípcio do Vaticano; de Tivoli, Vila Adriana; GE 22852).

Vaso de vísceras na Gulbenkian


Está exposto na galeria de arte egípcia, a primeira de muitas
salas do excelente percurso museológico que se podem visitar
no Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa, o vaso de vísceras
de calcário que foi feito para o funcionário Iunefer, designado
na legenda da peça como sendo um «vaso canópico». o que é
claramente incorreto, porque se trata de um vaso de vísceras.

Os textos egiptológicos de origem inglesa, francesa, alemã ou
outra, que chegam ao nosso país terão de sofrer as necessárias 
adaptações para a terminologia egiptológica portuguesa que já
existe em Portugal há muitos anos  e uma das fontes fiáveis,
sérias e úteis será o Dicionário do Antigo Egipto (2001),
agora esgotado mas ainda consultável em diversas instituições.

Os chamados vasos canópicos continham água do Nilo e eram
utilizados em cerimónias de culto ao deus Osíris, sobretudo na 
cidade de Canopo, na costa mediterrânica do Delta, que já não
existe (e a designação, cunhada por egiptólogos e antiquários
do século XIX, vem do nome dessa antiga urbe greco-egípcia)
enquanto os vasos de vísceras serviam para guardar vísceras!

A peça aqui referida, um interessante e deveras sugestivo vaso
de vísceras, datado do Império Médio (o estilo dos hieróglifos
que lá estão gravados indiciam também essa época histórica),
insere-se num generoso programa de intercâmbio cultural que
prevê o empréstimo mútuo de objetos, tendo este sido cedido,
até 10 de abril, pela Ny Carlsberg Glyptotek, em Copenhaga.

Devido ao incessante assalto aos túmulos egípcios (ao longo 
de muitos séculos), os conjuntos de quatro vasos de vísceras 
que compunham o tradicional espólio contendo os órgãos do
defunto raras vezes aparecem completos, existindo no nosso
país alguns exemplares isolados em várias coleções públicas
e privadas, num total de treze, de pedra, madeira e terracota.

Na Confraria Queirosiana




Só agora, depois do regresso da viagem de fim de ano ao Egito
que decorreu exitosamente, é que recebemos as fotografias que
lembram o último capítulo da Confraria Queirosiana, realizado
em novembro do ano passado, evocando com dignidade e rigor
mais um aniversário de Eça de Queirós, patrono da Confraria.

Na primeira foto veem-se alguns membros da Confraria ao lado
da estátua brônzea de Eça de Queirós, erguida no Solar Condes
de Resende, em Canelas, com a vereadora da cultura da Câmara
Municipal de Gaia, Eng. Paula Carvalhal, e nas seguintes ficam 
imagens da sessão para recordar mais um capítulo da Confraria.

sábado, 14 de janeiro de 2023

Fruição cultural no El Corte Inglés




A civilização egípcia e a civilização maia, se bem que distantes
no tempo e no espaço (a primeira no Norte de África, a segunda
na América Central) apresentam, no entanto, certas semelhanças
e coincidências que não deixam de ser intrigantes e interpelantes
para propiciar um curioso e enriquecedor exercício comparativo,
em momento de grata recordação para os que por lá já viajaram.

Foi o que se fez na palestra do passado dia 12 de janeiro, por um
simpático convite do Âmbito Cultural de El Corte Inglés, sempre
generoso a proporcionar aos seus clientes momentos de convívio
cultural e fruição de conhecimentos, neste caso evocando antigas
civilizações com a sua diferente história, cultura, arte e religião,
aqui se vendo as máscaras funerárias de Tutankhamon e Pakal.

O mundo maia e o mundo egípcio




Ao longo de mais de duas horas, na sessão do Âmbito Cultural 
do El Corte Inglés, foi possível ver as notórias diferenças entre
a civilização egípcia, a qual floresceu ao longo de três milénios 
antes da nossa era, e a civilização maia, cujo apogeu irá ocorrer
entre 200 e 900 da nossa era, deixando ambas notáveis legados
tanto na arquitetura como na escultura, sobretudo na temática
religiosa (na imagem os deuses maias Kinich-ahau e Chaac).

Os Maias e os Egípcios





Realizou-se no passado dia 12 de janeiro uma palestra na sala
do Âmbito Cultural de El Corte Inglés, a qual se encheu com 
muitos interessados no tema das (eventuais) relações entre os
antigos Maias e os antigos Egípcios em curioso e interpelante
 exercício comparativo entre as duas brilhantes civilizações.

E em Maio vamos à Guatemala e Honduras
continuando a descobrir o mundo dos Maias!