Aqui se mostram alguns exemplares de vasos de vísceras
que abundam, aos milhares, em museus de todo o mundo
que mostram acervos de antiguidades egípcias, incluindo
no nosso país, como bem se comprova pelos exemplares
que se podem ver na segunda imagem, e que pertencem
à interessante coleção egípcia do Museu da Farmácia em
Lisboa, em cujo catálogo são descritos obviamente como
vasos de vísceras, com os respetivos textos traduzidos.
Quanto aos exemplares que constam na imagem de cima,
considerados como vasos de vísceras e não como vasos
canópicos (que é outro tipo de vasos, para a água nilótica
do culto de Osíris-Canopo) pertenceram à dama Mutpipu
(Museu Real de Arte e História de Bruxelas), a seguir um
conjunto completo para Djehuti (Museu Arqueológico de
Florença), e outro conjunto de Panehesi (Museu Real de
Antiguidades de Leiden), todos com inscrições na pança
invocando as respetivas divindades que os protegiam.
O tamanho e o estilo dos textos profiláticos inscritos nos
vasos de vísceras foi variando ao longo do tempo, todos
com um sentimento comum de insistência na apotropaica
necessidade de proteção, redigida como setep-sa (signos
U21 e V17 da lista de Alan Gardiner), ou sa (o signo V16)
de forma reduzida, podendo ainda surgir uma introdução
de timbre arcaizante com a fórmula hotep-di-nesu, como
consta no conjunto mais pequeno feito para Panehesi (de
Leiden), com a tradução de «Oferta concedida pelo rei».
O maior vaso que aqui se mostra feito para Mutpipu, tem
um texto apotropaico sem a referência à locução setep-sa
ou ao termo sa (indicativos de proteção), mas enfatiza no
seu discurso a ideia protetora com a alusão ao abraço que
a deusa Néftis oferece: «Palavras ditas por Néftis: que os
seus braços envolvam (em proteção) Hapi, que está aqui,
a venerada de Hapi, a Osíris, a líder do harém de Amon,
Mutpipu, justificada» (o texto foi passado para feminino
por se tratar de uma defunta, que ali tinha os pulmões).
Sem comentários:
Enviar um comentário