«Toma mulher enquanto és jovem,
para que ela te dê um filho;
deve dar-te filhos enquanto és jovem.
É apropriado gerar homens.
Feliz o homem que tem muita gente,
Saúdam-no em atenção à sua prole.»
TEXTO 2
«Não controles a tua esposa em sua casa,
quando sabes que ela é eficiente.
Não lhe digas: “onde está isto? Vai buscá-lo”,
quando ela o pôs no lugar certo.
Deixa a tua vista observar em silêncio,
então reconheces o seu talento.
É alegria, quando a tua mão está com ela.»
TEXTO 3
«Duplica o alimento que tua mãe te deu,
sustenta-a como ela te sustentou.
Teve em ti um pesado fardo,
Mas não te abandonou.
Quando nasceste depois dos seus meses,
Continuou ainda ligada a ti,
Seu peito na tua boca por três anos.
Quando cresceste e tuas fezes causavam nojo,
Não sentiu repugnância, dizendo “que hei-de fazer?”
Quando te mandou à escola,
e te ensinavam a escrever,
ficou à tua espera todos os dias,
com pão e cerveja na sua casa.
Agora que, na flor da idade, tomaste mulher
e estás bem instalado na tua casa,
presta atenção à tua prole,
criando-a como fez tua mãe.
Não lhe dês motivo para te censurar,
Não erga ela as mãos a Deus
E ele ouça os seus clamores.»
O primeiro texto, da autoria de um tal Anii, no Império Novo, salienta a importância de constituir família, de preferência numerosa, como base de prestígio social enquanto o segundo fala do respeito e carinho devido à esposa pelo marido, demonstrando bem a consideração pela mulher a nível privado e familiar não como propriedade, mas como ser humano.
O conteúdo do terceiro texto, de um tal de Ptahhotep, do Império Antigo, refere-nos a obrigação do filho apoiar a mãe idosa, fazendo-lhe ver o amor maternal e os sacrifícios desta por ele quando novo e a moral responsabilidade do filho em corresponder com o amor filial na velhice da progenitora.
Estes excertos são apenas uma pequena parte de instruções e textos literários de antigos sábios egípcios sobre a posição da mulher na sociedade do Antigo Egito. Fazem parte de um colóquio no qual o nosso estimado amigo professor Luís de Araújo participou - entre outros distintos colegas seus - sobre a temática da mulher ao longo da História Universal. Podem saber um pouco mais do assunto no site abaixo indicado:
http://www.cm-moita.pt/NR/rdonlyres/355CBD20-CCB9-48BC-964C-E33B6C28C898/5287/mulher.pdf
Nestes extratos de textos que o Fernando em boa hora postou, podemos aquilatar de um tremendo bom senso e sensibilidade que já em épocas tão remotas os antigos egípcios demonstravam.
ResponderEliminarSerá muito útil, a propósito do interpelante tema aqui trazido, ler o artigo de José Nunes Carreira, «Mulher», no Dicionário do Antigo Egipto, pp. 385-392, bem complementado pelo artigo do mesmo autor, «Lírica», pp. 499-509.
ResponderEliminarQuanto ao colóquio sobre «A Mulher na História», que o nosso escriba Fernando Azul refere, levado a efeito na Moita em 2001, dele resultou um volume com o mesmo título que agora se encontra esgotado.
Incrivelmente este povo, soube denotar uma "sensibilidade" extraordinária em relação ao papel da mulher na sociedade do antigo Egipto. Esta possuía direitos que em muitos países da actualidade não tem. Peço no entanto desculpa, por introduzir aqui uma questão. Esta questão prende-se com o termo "escravo" no país das Duas Terras. Qual a postura actual dos egiptólogos em relação ao escravo no antigo Egipto? Poderemos considerar a existência de escravatura no antigo Egipto, mesmo não sendo aquela que tradicionalmente convencionámos desde há muito, ou é um termo demasiado excessivo e devemos considerar estes como "servos", "Trabalhadores dependentes", chega a ser um pouco confusa a consideração correcta, uma vez que estes segundo as leituras que pude efectuar, possuíam vários direitos, nada aplicáveis a um homem, o qual se encontra cativo, seja de um templo, de um nobre ou do próprio rei. Agradeço desde já a atenção. :)
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