quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O primeiro egiptólogo!



Falamos muito do Antigo Egito sem dedicar um pouquinho mais às pessoas que se esforçam na descoberta, conservação e interpretação dos vestígios desta milenar civilização. Com esta postagem, pretendo fazer alguma justiça a isso.

A gravura acima visualizada mostra aquele que é considerado «o primeiro egiptólogo». O seu nome é Khaemuaset, ou seja «O que brilha em Uaset», sendo Uaset, nome egípcio de Tebas.

Este príncipe, filho de Ramsés II e da sua segunda rainha, Isitnefert terá tido uma educação militar, pois surge representado ao lado do pai em diversas campanhas como em Dapur.

Sabe-se que no 16º ano do reinado de Ramsés II, Khaemuaset era sacerdote sem de Ptah (ou seja sumo-sacerdote) na capital administrativa do Baixo Egito: Mênfis. Existem diversas referências dele como construtor no templo de Ptah, como mestre de cerimónias fúnebres em honra do Boi Ápis e como criador de galerias de sepulcro para as múmias em honra a essa divindade bovina.

No 30º ano do reinado de Ramsés II, é associado nas festividades do Heb-Sed de seu pai.

A fama de Khaemuaset deriva da sua paixão pelos templos, estátuas e túmulos antigos, desenvolvendo esforços para identificar, restaurar e conservar os mesmos. Entre os seus trabalhos, contam-se o restauro das pirâmides de Sahuré, Userkaf e Unas, faraós do Império Antigo; restauro da estátua de um filho de Khufu, chamado Kawab; recuperação de um templo solar de Niuserré; e a renovação do túmulo de Chepseskaf, só para mencionar o principal.

Por essas acções de conservação e restauro dos vestígios antigos, Khaemuaset é admirado como o primeiro arqueólogo do Antigo Egito, milénios antes do advento da moderna Arqueologia.

Khaemuaset veio também a ser príncipe herdeiro no 50º ano do reinado de Ramsés II, mas terá morrido no 55º ano, sendo sucedido pelo irmão, Merenptah, que assumirá o trono.

Khaemuaset poderá ter sido sepultado numa necrópole em Sakara chamada Serapeum, dedicada ao enterro dos bois Ápis. Segundo Auguste Mariette, em 1853, encontrou-se aí um sarcófago e diversos tesouros funerários com o nome de Khaemuaset presente. Todavia, actualmente a teoria de ser esse o local de enterro deste filho de Ramsés II é posta em dúvida.

P.S. Para um melhor esclarecimento acerca deste curioso personagem, consultem o site:

http://euler.slu.edu/~bart/egyptianhtml/kings%20and%20Queens/Khaemwaset.html


Infelizmente está em inglês, portanto se o dominam, é interessante consultá-lo. Se não é o caso, presumo que o Dicionário do Antigo Egito, do professor Luís de Araújo possa ter um artigo acerca deste príncipe egiptólogo. Mas como não o tenho, desafio todos os que o possuem ou não a pesquisar!

4 comentários:

  1. Mas será Egiptólogo o termo certo, uma vez que a Egiptologia só foi atribuida como cátedra pela primeira vez a Champollion em 1832?


    O artigo do Prof Luís Araújo sobre Khaemuaset no dicionário do Antigo Egipto diz o seguinte:

    KHAEMUASET. Nome de um dos filhos de Ramsés II, que chegou a ser herdeiro do trono e foi sumo sacerdote de Ptah em Mênfis. Organizou várias cerimónias de Heb-Seb para o seu pai e destacou-se nos trabalhos que levou a cabo na região de Mênfis e Sakara para recuperar monumentos antigos: há até quem lhe chame por isso o mais antigo egiptológo. As várias estatuetas funerárias (chauabtis) que chegaram até nós com o seu nome têm a curiosa particularidade de apresentarem um texto com uma redacção invulgar, diferente da habitual fórmula do capitulo 6 do «Livro dos Mortos». Foi o segundo filho da rainha Isitnefert e nasceu quando Ramsés ainda era co-regente de Seti I. Khaemuaset, cujo nome significa «O que brilha em Tebas», faleceu no ano 55 do reinado de seu pai. Procurando imitar Ramsés II, o faraó Ramsés III deu a um dos seus filhos o nome de Khaemuaset, que não teve a fama do seu homónimo.

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    1. Cara Vanessa, em resposta à tua pergunta, digo o seguinte: claro que tens razão, a Egiptologia como ciência só surgiu no século XIX. Evidentemente que Khaemuaset não era um cientista credenciado com uma cátedra em Egiptologia, essa ciência não existia na época dele. Ele simplesmente actuou como um egiptólogo, identificando e restaurando monumentos com respeito pelo passado. Dado que os egiptólogos fazem precisamente o mesmo, há quem o apelide como sendo o primeiro deles, embora vivendo milénios antes do advento da moderna Egiptologia.

      Por outro lado, gostaria muito de saber se achas correcto usar outro termo e qual.

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    2. Na minha opinião a Egiptologia é a ciência que o Antigo Egipto.
      Não tinha a ideia que eram os Egiptólogos que reconstruiam os templos hoje em dia, pensava que eles simplesmente se limitavam a estudá-los.
      Quanto a um outro termo a atribuir a Khaemuaset, não sei qual poderia ser mas parece-me que egiptológo não será o mais correcto.

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  2. Para congraçar as divergentes opiniões talvez possamos colocar «egiptólogo» entre aspas quando aludimos ao famoso filho de Ramsés II, uma importante personagem da corte ramséssida no seu tempo e que teve uma notável atividade no restauro de monumentos anteriores.

    O túmulo de Khaemuaset ainda não apareceu, sendo no entanto conhecidas algumas estatuetas funerárias (chauabtis) com o seu nome contendo uma redação invulgar e com a cabeleira arredondada com a trança típica usada no lado direito pelos príncipes reais.

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