sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Actividades agrícolas

A mania dos antigos egípcios em exibir nos seus túmulos retratos da vida quotidiana permitiu-nos vislumbrar, talvez mais do que de qualquer outro povo da Antiguidade, os seus hábitos, costumes, utensílios, tradições e numerosos outros aspectos básicos.

Esta cena advém do túmulo TT52, em Cheikh Abd el-Gurna, pertencente ao funcionário Nakht, escriba e sacerdote do clero de Amon, que viveu cerca de 1400 a.C.
O túmulo, se não é particularmente grande, é ricamente decorado com todo o género de actividades quotidianas da época, sendo um excepcional exemplo de representação do dia-a-dia da antiga população egípcia.

A cena aqui apresentada exibe algumas das principais actividades do ano agrícola egípcio. Na base, vemos camponeses a desbastarem o terreno, a criarem canais e a realizarem a lavoura com o uso de bois para a plantação de cereais. A imagem do meio concerne à colheita através do uso de foices e depois ao transporte da produção para os celeiros. Finalmente a imagem de cima contém as actividades de armazenamento da produção obtida e a função de separar os grãos dos resquícios vegetais que não interessam.

Tudo isto é presidido por Nakht na qualidade de alto funcionário, responsável pela contagem da produção cerealífera e subsequente cálculo dos impostos a cobrar. À frente do mesmo Nakht encontram-se alguns dos bens alimentares que advinham da rica produção agrícola.

Os antigos egípcios, abençoados com uma fonte praticamente inesgotável de água, clima estável, solo fértil, detentores de desenvolvidas técnicas agrícolas, agraciados com uma população numerosa e orientados por um funcionalismo hábil, terão talvez sido entre os mais bem sucedidos agricultores da Antiguidade.

2 comentários:

  1. Completando a informação dada, diria que no belo túmulo deste sacerdote astrónomo de Amon, que viveu no reinado de Tutmés IV, o nome do deus Amon foi sistematicamente apagado das inscrições durante o reinado de Akhenaton, cinquenta anos depois da morte de Nakht.

    Trata-se de facto de um dos mais bem conservados túmulos privados da necrópole tebana e bom seria que na visita de estudo que na Páscoa a Faculdade de Letras de Lisboa (Instituto Oriental) vai promover ao Egito pudéssemos entrar lá. A ver vamos...

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  2. Gosto particularmente destes túmulos dos altos funcionários, que representam fielmente as várias atividades do dia a dia. Nas imagens são sempre representadas cenas em que a abundância é a regra. Em ambiente fúnebre representavam os campos do Além
    (Campos de Iaru, e que muito mais tarde os Gregos chamaram Campos Elíseos)... um autêntico Paraíso.

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