sábado, 21 de janeiro de 2012

Obra-prima da pintura egípcia!

Esta lindíssima imagem é proveniente do túmulo de Nefermaet, príncipe do Império Antigo que ostentou os títulos de «filho primogénito do rei», «portador do selo real», «profeta de Bastet». Filho do grande Seneferu, fundador da IV dinastia, Nefermaet desempenhou o cargo de vizir, mas não chegou a assumir o trono, devido a morte prematura. Tal privilégio coube ao seu meio-irmão Khufu, o construtor da Grande Pirâmide de Guiza.

Nefermaet («Bela é a Justiça» se a tradução é correcta) veio a ser enterrado numa mastaba em Meidum, cujas paredes apresentam aquelas que são talvez as mais belas pinturas de toda a História do Antigo Egito - os célebres «Gansos de Meidum».

A cena completa exibe seis gansos, três para a esquerda, três para a direita: de cada lado, dois estão com a cabeça levantada e um de cabeça baixa a alimentar-se. A pintura, feita em estuque pintado, apresenta uma sublime disposição simétrica apenas quebrada pela diferença cromática nas plumagens de duas aves. A disposição de cada grupo em três aves não é invulgar já que os antigos egípcios designavam o plural por três linhas ou representações triplas. É portanto, uma maneira de assinalar a multiplicidade das aves.

A disposição simétrica, a pureza das cores, a pluralidade, tudo isso concorre para mostrar as aves como idealizadas ou perfeitas, destinadas a percorrer «os campos da vida além da morte».

Descoberta em 1871 por Auguste Mariette, a cena dos «Gansos de Meidum» seria cuidadosamente transportada para o Museu do Cairo onde hoje pode ser admirada como a mais pura e bela das antigas pinturas egípcias.

P.S. Para um melhor conhecimento, pesquisem no Dicionário do Antigo Egito ou vejam o seguinte site:

http://umolharsobreomundodasartes.blogspot.com/2009/03/arte-egipcia-refere-se-toda-arte.html

4 comentários:

  1. A pintura mural dos designados «gansos de Meidum», hoje no Museu Egípcio do Cairo, aqui trazida pelo escriba Fernando Azul, é de facto um belo exemplo da arte parietal pictórica do antigo Egito, ilustrando bem a arte do Império Antigo.

    Conviria no entanto esclarecer que este tema animalista, que fazia parte de uma pintura mural sobre estuque muito maior, está mais ligado à princesa Itet, esposa do vizir Nefermaet, no reinado de Seneferu (IV dinastia).

    Tratava-se de um túmulo familiar, uma grande mastaba, erigida em Meidum, e a célebre pintura ficou na área fúnebre pertencente à nobre dama, tendo sobrevivido com belas cores, ao contrário de muitas outras da época que desapareceram.

    Quanto ao nome do vizir Nefermaet, ele não consta no Dicionário do Antigo Egipto, mas em compensação seria de recomendar a leitura do artigo «Ganso» (pp. 387-388), para se concluir que as aves representadas podem ilustrar os tipos de gansos existentes no Egito: o ganso do Nilo (semen), o ganso claro (geb) e o ganso cinzento ().

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  2. Ou seja, essa lindíssima imagem tem mais de 4500 anos? Wooowww... Magnífica!

    Ana C.

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  3. Obrigado Fernando Azul. Esta imagem é lindíssima... vou postar a imagem completa do mural...

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  4. Esta pintura também merece atenção pelo ponto de vista da liberdade artística. Os gansos, de forma incomum na arte egípcia relacionada à representação de animais, são de criação livre do artista. Não existe nenhuma espécie de ganso se quer parecida com a plumagem por ele inventada nesta pintura.

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