segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nascidos para trabalhar


Este pequeno grupo de estatuetas funerárias de faiança azul, conhecidos pela designação de chauabtis, faz parte da coleção de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia, lendo-se na pequena inscrição hieroglífica frontal o nome do seu proprietário: Nesipaheran.

As três figurinhas do meio exibem nas mãos enxadas ou alviões com os quais irão trabalhar nos úberes campos do Além em lugar do defunto, sendo ladeadas à direita e à esquerda por capatazes munidos de chicotes para que a ordem e a disciplina deste mundo se mantenham no outro.

A ideia de publicar estas simpáticas personagens, que a magia irá animar no outro mundo para que lá possam trabalhar com afinco, é anunciar que elas constarão na contracapa dos volumes das Actas do IV Congresso Ibérico de Egiptologia que estão agora a ser preparadas.

2 comentários:

  1. Estas estatuetas eram comuns a todos os graus da sociedade ou mais especificamente aos defuntos de posição social mais elevada que não exerciam trabalho braçal?

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  2. A qualidade das estatuetas funerárias tinha a ver com a categoria social do defunto e com as suas posses, até porque essas figurinhas mágicas eram pagas aos artesãos dos templos que as fabricavam em grande número.

    As estatuetas funerárias dos reis tinham de facto um certo requinte, tal como alguns exemplares feitos para altos funcionários, mas para pessoas de menos posses eram feitas em série, sendo por vezes bastante toscas.

    Até à XXI dinastia (séculos XI-X a. C.) as estatuetas funerárias eram conhecidas como chauabtis, depois passaram a ser designadas por uchebtis, «os que respondem», devendo responder sempre que fossem chamadas para trabalhar.

    E assim, com a sua arreigada fé numa vida eterna no Além paradisíaco, os defuntos osirificados não trabalhavam - e bem o mereciam, porque tinham na sua vida terrena cumprido os preceitos da maet.

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