Teticheri viveu cerca de 1594-1540 a.C. e é considerada a matriarca da XVIII dinastia, devido ao seu aparentemente importante papel dinástico e político na fundação do Império Novo (ao lado, a imagem da rainha).
De origem plebeia, casou com Taá I, o Antigo, rei da XVII dinastia que pode lhe ter conferido significativos poderes como "Grande Esposa Real". Seria mãe da notável rainha Ahhotep I (já referida anteriormente), de Taá II, o Bravo e possivelmente avó de Kamés e seguramente de Ahmés I, célebre fundador do Império Novo.
Ela estabeleceu (ou restabeleceu) a tradição de um poderoso matriarcado no seio do faraonato na transição entre o 2ª Período Intermediário e o Império Novo, assegurando a sobrevivência do poder dinástico perante uma sucessão de faraós mortos de forma prematura. A presença desse poder feminino persistiria muito tempo após a morte da rainha, com destaque para mulheres como Hatchepsut, Tye e Nefertiti.
De resto, Teticheri sobreviveu a três reinados, durante os quais é possível que tenha desempenhado um papel político relevante na corte de Tebas, como conselheira e talvez mesmo co-regente com a filha, Ahhotep ao longo da guerra de libertação contra os Hicsos.
Teticheri desapareceu c. de 1540 a.C.. Existem escassas evidências da sua vida, a não ser a estela monumental da sua arruinada estrutura funerária, erguida no complexo fúnebre de Ahmés I em Abido. Presentemente no Museu do Cairo, a estela atesta - de acordo com as palavras do próprio Ahmés - a alta consideração e apreço do jovem rei pela autoridade moral e dinástica da avó, o que evidencia a duradoura influência desta na famosa dinastia que fundou.
Belo texto evocativo de uma grande rainha da XVII dinastia, aqui trazido muito a propósito pelo nosso amigo escriba Fernando Azul (em egípcio seria Fernando Khesebedj).
ResponderEliminarPara além da elegante imagem da rainha, chama a atenção o seu nome hieroglífico colocado dentro de uma cartela que é um bom exercício de leitura bem acessível aos escribas.
A primeira parte do nome é feita com signos unilíteros (Teti) e a segunda é feita com o recurso a um ideograma para criança (cheri), neste caso com o significado de pequena.
Trata-se portanto de Teticheri, «A pequena Cheri», avó do rei Ahmés, cujo nome de Hórus se vê dentro do serekh à esquerda. E saberão os escribas qual era o nome de Hórus de Ahmés?
Esta é muito difícil!
ResponderEliminarA pesquisa na internet que fiz deu o seguinte resultado:
Nome de Hórus de Ahmés: Aakheperu.
Só que isso tenho a certeza que não está lá escrito (assim o serekh conteria trilítera do escaravelho).
Será qualquer coisa parecida com henemuaset???
(partindo do princípio que o 1º símbolo é um bovino)... Sai chibatada e da grossa...LOL
Nome de Hórus de Ahmés: Aakheperu-Kaemuaset («O de grandes transformações-O Touro em Tebas»). Será chibatada?...
ResponderEliminarA nossa diligente escriba Teresa disse corretamente o nome de Hórus completo do faraó Ahmés, fundador da XVIII dinastia, com a qual se inaugura o Império Novo.
ResponderEliminarNo serekh à esquerda que contém o nome de Hórus vê-se apenas a segunda parte do nome: Ka (o touro) em (a preposição em) Uaset (Tebas), atestando que em Tebas-Uaset o enérgico rei era um touro.