segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rumo ao país do Nilo


Faltam dois meses para partirmos em mais uma visita de estudo ao Egito organizada pelo Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desta vez em parceria com o Centro de História da mesma Universidade.

Os guias desta viagem serão os mesmos dos anos anteriores (Mustafa, Teresa Neves e Luís Araújo), e estão aqui elegantíssimos na foto tirada no barco de cruzeiro que nos levou pelo rio Nilo abaixo, desde Assuão a Lucsor, visitando no percurso os templos de Kom Ombo e Edfu.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Actividades agrícolas

A mania dos antigos egípcios em exibir nos seus túmulos retratos da vida quotidiana permitiu-nos vislumbrar, talvez mais do que de qualquer outro povo da Antiguidade, os seus hábitos, costumes, utensílios, tradições e numerosos outros aspectos básicos.

Esta cena advém do túmulo TT52, em Cheikh Abd el-Gurna, pertencente ao funcionário Nakht, escriba e sacerdote do clero de Amon, que viveu cerca de 1400 a.C.
O túmulo, se não é particularmente grande, é ricamente decorado com todo o género de actividades quotidianas da época, sendo um excepcional exemplo de representação do dia-a-dia da antiga população egípcia.

A cena aqui apresentada exibe algumas das principais actividades do ano agrícola egípcio. Na base, vemos camponeses a desbastarem o terreno, a criarem canais e a realizarem a lavoura com o uso de bois para a plantação de cereais. A imagem do meio concerne à colheita através do uso de foices e depois ao transporte da produção para os celeiros. Finalmente a imagem de cima contém as actividades de armazenamento da produção obtida e a função de separar os grãos dos resquícios vegetais que não interessam.

Tudo isto é presidido por Nakht na qualidade de alto funcionário, responsável pela contagem da produção cerealífera e subsequente cálculo dos impostos a cobrar. À frente do mesmo Nakht encontram-se alguns dos bens alimentares que advinham da rica produção agrícola.

Os antigos egípcios, abençoados com uma fonte praticamente inesgotável de água, clima estável, solo fértil, detentores de desenvolvidas técnicas agrícolas, agraciados com uma população numerosa e orientados por um funcionalismo hábil, terão talvez sido entre os mais bem sucedidos agricultores da Antiguidade.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E a divindade chama-se...!


Quem tem um mínimo de conhecimentos poderá facilmente adivinhar o nome desta deusa, cujo significado se exprimia também na forma de um princípio, o qual era de suprema importância para um povo que temia, acima de tudo, a desordem, o caos e a destruição, muitas vezes exemplificados pelas invasões estrangeiras.

Essa visão ou esse princípio ideal era frequentemente representado na forma desta deusa e persistiu ao longo dos milénios.

E agora, meus amigos escribas, deixo-vos para tentarem saber o nome desta divindade e as razões do seu enorme valor para a antiga civilização do Nilo.

Ao vencedor ou vencedora, dou a iniciativa de escolher o prémio que desejar, entre cones de perfume para as senhoras e mosca de ouro para os cavalheiros. E não vale darem pistas! Se sabem qual é, digam!

Boa pesquisa!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

30 anos... (e picos...)

A Junta Militar vai finalmente levantar o estado de emergência imposto desde 1981 no Egito... não era sem tempo!!!!
Vamos a ver se isso vai finalmente permitir o apaziguamento social e religioso no país.


Fonte da notícia:
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Junta-Militar-levantara-amanha-estado-de-emergencia-do-Egito.rtp&article=521006&layout=10&visual=3&tm=7

Gansos de Meidum "globalizados"


Aqui deixo a imagem completa do mural que se encontra atualmente no Museu Egípcio do Cairo.
Cá estão os famosos seis gansos com a particularidade de representarem diferentes espécies.
Quem não gostaria de os ter na parede da sala... ;-)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Obra-prima da pintura egípcia!

Esta lindíssima imagem é proveniente do túmulo de Nefermaet, príncipe do Império Antigo que ostentou os títulos de «filho primogénito do rei», «portador do selo real», «profeta de Bastet». Filho do grande Seneferu, fundador da IV dinastia, Nefermaet desempenhou o cargo de vizir, mas não chegou a assumir o trono, devido a morte prematura. Tal privilégio coube ao seu meio-irmão Khufu, o construtor da Grande Pirâmide de Guiza.

Nefermaet («Bela é a Justiça» se a tradução é correcta) veio a ser enterrado numa mastaba em Meidum, cujas paredes apresentam aquelas que são talvez as mais belas pinturas de toda a História do Antigo Egito - os célebres «Gansos de Meidum».

A cena completa exibe seis gansos, três para a esquerda, três para a direita: de cada lado, dois estão com a cabeça levantada e um de cabeça baixa a alimentar-se. A pintura, feita em estuque pintado, apresenta uma sublime disposição simétrica apenas quebrada pela diferença cromática nas plumagens de duas aves. A disposição de cada grupo em três aves não é invulgar já que os antigos egípcios designavam o plural por três linhas ou representações triplas. É portanto, uma maneira de assinalar a multiplicidade das aves.

A disposição simétrica, a pureza das cores, a pluralidade, tudo isso concorre para mostrar as aves como idealizadas ou perfeitas, destinadas a percorrer «os campos da vida além da morte».

Descoberta em 1871 por Auguste Mariette, a cena dos «Gansos de Meidum» seria cuidadosamente transportada para o Museu do Cairo onde hoje pode ser admirada como a mais pura e bela das antigas pinturas egípcias.

P.S. Para um melhor conhecimento, pesquisem no Dicionário do Antigo Egito ou vejam o seguinte site:

http://umolharsobreomundodasartes.blogspot.com/2009/03/arte-egipcia-refere-se-toda-arte.html

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Hábeis artífices!


Esta imagem provém de um túmulo situado em Cheikh Abd el-Gurna, pertencente ao vizir Rekhmiré, alto funcionário ao serviço de Tutmés III e de Amen-hotep II, da XVIII dinastia, c. de 1450-1400 a.C..

Exibe a destreza manual dos antigos artífices egípcios no fabrico e decoração de vasos, uma arte que se desenvolveu ao longo de séculos até atingir um elevado grau de perfeição durante o Império Novo.

Os artesãos egípcios revelaram-se particularmente hábeis nas artes da joalharia, têxteis, cerâmica, cestaria, carpintaria, só para mencionar algumas. Nos túmulos reais e nos dos altos funcionários são patentes tanto gravuras e pinturas das diversas atividades artesanais como produtos resultantes dessas atividades. Podemos destacar o rico recheio do túmulo de Tutankhamon, o qual continha entre outras coisas, vasos de alabastro, jóias e mobiliário ricamente decorado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Quem foi esta senhora?

Aos meus caros colegas escribas e a todos os não escribas, eu coloco o pequeno desafio de descobrirem quem foi esta atraente senhora na imagem ao lado.

Para os que sabem escrita hieroglífica não será talvez muito difícil uma vez que o nome da dita senhora está na cartela presente na gravura.

E como informação final, o professor Luís de Araújo realizou e publicou um interessante trabalho sobre esta dama do Antigo Egito, pelo que é possível que esteja disponível no Dicionário do Antigo Egito, embora eu tenha descoberto o dito estudo por intermédio de um site na Internet.

Ao vencedor ou vencedora, posso recompensar com «moscas de ouro» ou cones de perfume, mas se calhar irá querer uma propriedade com bons rendimentos ou um cargo administrativo, afinal estamos em época de crise!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O primeiro egiptólogo!



Falamos muito do Antigo Egito sem dedicar um pouquinho mais às pessoas que se esforçam na descoberta, conservação e interpretação dos vestígios desta milenar civilização. Com esta postagem, pretendo fazer alguma justiça a isso.

A gravura acima visualizada mostra aquele que é considerado «o primeiro egiptólogo». O seu nome é Khaemuaset, ou seja «O que brilha em Uaset», sendo Uaset, nome egípcio de Tebas.

Este príncipe, filho de Ramsés II e da sua segunda rainha, Isitnefert terá tido uma educação militar, pois surge representado ao lado do pai em diversas campanhas como em Dapur.

Sabe-se que no 16º ano do reinado de Ramsés II, Khaemuaset era sacerdote sem de Ptah (ou seja sumo-sacerdote) na capital administrativa do Baixo Egito: Mênfis. Existem diversas referências dele como construtor no templo de Ptah, como mestre de cerimónias fúnebres em honra do Boi Ápis e como criador de galerias de sepulcro para as múmias em honra a essa divindade bovina.

No 30º ano do reinado de Ramsés II, é associado nas festividades do Heb-Sed de seu pai.

A fama de Khaemuaset deriva da sua paixão pelos templos, estátuas e túmulos antigos, desenvolvendo esforços para identificar, restaurar e conservar os mesmos. Entre os seus trabalhos, contam-se o restauro das pirâmides de Sahuré, Userkaf e Unas, faraós do Império Antigo; restauro da estátua de um filho de Khufu, chamado Kawab; recuperação de um templo solar de Niuserré; e a renovação do túmulo de Chepseskaf, só para mencionar o principal.

Por essas acções de conservação e restauro dos vestígios antigos, Khaemuaset é admirado como o primeiro arqueólogo do Antigo Egito, milénios antes do advento da moderna Arqueologia.

Khaemuaset veio também a ser príncipe herdeiro no 50º ano do reinado de Ramsés II, mas terá morrido no 55º ano, sendo sucedido pelo irmão, Merenptah, que assumirá o trono.

Khaemuaset poderá ter sido sepultado numa necrópole em Sakara chamada Serapeum, dedicada ao enterro dos bois Ápis. Segundo Auguste Mariette, em 1853, encontrou-se aí um sarcófago e diversos tesouros funerários com o nome de Khaemuaset presente. Todavia, actualmente a teoria de ser esse o local de enterro deste filho de Ramsés II é posta em dúvida.

P.S. Para um melhor esclarecimento acerca deste curioso personagem, consultem o site:

http://euler.slu.edu/~bart/egyptianhtml/kings%20and%20Queens/Khaemwaset.html


Infelizmente está em inglês, portanto se o dominam, é interessante consultá-lo. Se não é o caso, presumo que o Dicionário do Antigo Egito, do professor Luís de Araújo possa ter um artigo acerca deste príncipe egiptólogo. Mas como não o tenho, desafio todos os que o possuem ou não a pesquisar!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Farol de Alexandria- uma das sete maravilhas do mundo antigo


O célebre farol foi mandado construir por Ptolemeu I Sóter (completado por Ptolemeu II Filadelfo) por volta do ano 280 a.C. na pequena ilha de Faros, servindo para ajudar na orientação da navegação para acesso ao porto.
 Era constituído por uma enorme torre com vários níveis, sendo a sua base quadrada, seguido de um outro andar de forma octogonal que era encimada por uma estrutura cilíndrica com uma abóbada que continha uma fogueira e que através de superfícies espelhadas permitia que fosse avistada pelos navios a uma distância considerável.
Ao longo dos séculos foi sujeito à destruição parcial por catástrofes naturais e pela deficiente manutenção, 
No sec XIV foi destruído definitivamente por um grande terramoto.


Piantura de J.B.Fischer von Erlach  sec. XVIII


A pequena ilha transformou-se mais tarde numa península onde foi instalada uma fortaleza mandada erigir no sec. XV pelo sultão mameluco Ashraf Abu El Nasr Qaitbey.

sábado, 7 de janeiro de 2012

A mulher na literatura do Antigo Egito

TEXTO 1

«Toma mulher enquanto és jovem,
para que ela te dê um filho;
deve dar-te filhos enquanto és jovem.
É apropriado gerar homens.
Feliz o homem que tem muita gente,
Saúdam-no em atenção à sua prole.»


TEXTO 2

«Não controles a tua esposa em sua casa,
quando sabes que ela é eficiente.
Não lhe digas: “onde está isto? Vai buscá-lo”,
quando ela o pôs no lugar certo.
Deixa a tua vista observar em silêncio,
então reconheces o seu talento.
É alegria, quando a tua mão está com ela.»


TEXTO 3

«Duplica o alimento que tua mãe te deu,
sustenta-a como ela te sustentou.
Teve em ti um pesado fardo,
Mas não te abandonou.
Quando nasceste depois dos seus meses,
Continuou ainda ligada a ti,
Seu peito na tua boca por três anos.
Quando cresceste e tuas fezes causavam nojo,
Não sentiu repugnância, dizendo “que hei-de fazer?”
Quando te mandou à escola,
e te ensinavam a escrever,
ficou à tua espera todos os dias,
com pão e cerveja na sua casa.
Agora que, na flor da idade, tomaste mulher
e estás bem instalado na tua casa,
presta atenção à tua prole,
criando-a como fez tua mãe.
Não lhe dês motivo para te censurar,
Não erga ela as mãos a Deus
E ele ouça os seus clamores.»



O primeiro texto, da autoria de um tal Anii, no Império Novo, salienta a importância de constituir família, de preferência numerosa, como base de prestígio social enquanto o segundo fala do respeito e carinho devido à esposa pelo marido, demonstrando bem a consideração pela mulher a nível privado e familiar não como propriedade, mas como ser humano.

O conteúdo do terceiro texto, de um tal de Ptahhotep, do Império Antigo, refere-nos a obrigação do filho apoiar a mãe idosa, fazendo-lhe ver o amor maternal e os sacrifícios desta por ele quando novo e a moral responsabilidade do filho em corresponder com o amor filial na velhice da progenitora.

Estes excertos são apenas uma pequena parte de instruções e textos literários de antigos sábios egípcios sobre a posição da mulher na sociedade do Antigo Egito. Fazem parte de um colóquio no qual o nosso estimado amigo professor Luís de Araújo participou - entre outros distintos colegas seus - sobre a temática da mulher ao longo da História Universal. Podem saber um pouco mais do assunto no site abaixo indicado:

http://www.cm-moita.pt/NR/rdonlyres/355CBD20-CCB9-48BC-964C-E33B6C28C898/5287/mulher.pdf

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Qual seria o aspeto de um templo no período faraónico?

Muito se pode especular sobre o aspeto dos templos no período faraónico. 
Quando nos nossos dias olhamos para esses templos vemos pedra descarnada e nela os desenhos em alto ou baixo relevo com alguns laivos de cor especialmente nas zonas menos expostas aos elementos.


Infelizmente a maior parte do reboco profusamente colorido há muito que desapareceu. Tanto no exterior como no interior as imagens de cores fortes ofuscavam a visão de quem estivesse nesse lugar. Essas imagens eram carregadas de ideologia e simbolismo. 


Nestas duas imagens  podemos ter uma ideia aproximada de como seria o seu impacto visual, e embora sejam especulativas, talvez não estejam muito afastadas da realidade.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Quem foi este homem?


A imagem aqui exibida mostra um destacado alto funcionário do Império Novo, cuja importância como sábio será tão considerável que na época ptolemaica virá a ser objecto de culto ao lado de Imhotep, famoso arquiteto da Pirâmide de Degraus.

Quem foi este homem? Desafio os estimados colegas a descobrirem! Para o vencedor um cone de perfume ou mosca de ouro!

Boa sorte!