Na sequência do incêndio de anteontem no Instituto Científico Egípcio:
«[...] “Perderam-se mapas e manuscritos históricos insubstituíveis que foram preservados durante muitas gerações”, disse em comunicado, citado pela CNN, o primeiro-ministro egípcio, Kamal Ganzouri, destacando a perda da “Description de L'Egypte” (“Descrição do Egipto”). “O Egipto perdeu um tesouro nacional raro na história”, disse.
A “Description de L'Egypte” é uma obra composta por 24 volumes e que conta com o trabalho de 160 investigadores que acompanharam Napoleão Bonaparte na sua expedição ao Egipto entre 1798 e 1801. Como o próprio nome indica, nestes livros agora perdidos estava reunida, através de documentos, mapas e artigos, toda a descrição do Egipto, desde a identificação dos monumentos à descrição da fauna e flora do país, passando pelos hábitos, agricultura e comércio dos seus habitantes. Características que tornaram a colecção única no país e numa das mais importantes e valiosas do século XIX. [...]»
Se o país entrar em guerra civil, não serão apenas os manuscritos e documentos históricos escritos que irão arder em chamas: será toda uma cultura monumental e todo um povo! Desculpem o meu pessimismo, todavia tenhamos esperança que a estabilidade e a paz ganhem raízes fixas no país do Nilo.
ResponderEliminarE não consigo evitar de pensar que se Mubarak tivesse voluntariamente deixado o Poder há anos, esta violenta transição teria sido desnecessária!
Mas estamos no Natal, tenhamos esperança, é o que de melhor podemos fazer!
Acabei de ler isto no facebook do grupo "egiptologia em portugal": http://www.almasryalyoum.com/en/node/557796
ResponderEliminarNão é a mesma coisa, como é obvio, mas... Pelo menos não se perdeu tudo.
Ana C.
A oportuna contribuição do nosso escriba cinéfilo Paulo deixa porventura antever, de forma inquietante, o que poderá acontecer no Egito se a situação política não se esclarecer e não estabilizar nos próximos tempos, até porque o processo eleitoral não acabou...
ResponderEliminarPerdeu-se pois um magnífico exemplar dos primórdios da egiptologia, a Description de l'Égypte guardada no Instituto Científico no Cairo, mas felizmente que há outros exemplares da edição imperial napoleónica original em França e noutros países.
Por outro lado, será oportuno referir que a editora Taschen publicou em 1994 uma «edição popular» da obra, num volume com mais de mil páginas, colocando assim este colosso egiptológico ao alcance de um maior número de leitores. Ah, eu tenho!
É lamentável esta situação.
ResponderEliminarSão perdas irrecuperáveis que vão acontecendo delapidando um património ímpar da Humanidade.
Desde há longa data que no Egito há atentados aos seus tesouros arqueológicos. Lembremo-nos dos assaltos aos túmulos ainda na Antiguidade em períodos em que o poder era mais fraco; da destruição da Biblioteca de Alexandria; da destruição de templos e obras de arte por parte dos cristãos primitivos e árabes (por serem símbolos do politeísmo); da delapidação constante nos 3 últimos séculos feita por ladrões de túmulos e traficantes de tesouros; e mais recentemente, estes ataques que têm acontecido nos últimos meses, donde destaco a vandalização de uma parte do Museu Egípcio do Cairo e este incêndio agora noticiado.
Já em Maio de 2011, postei sobre o documento chamado "Description de l'Egypte. Aqui deixo o Link... (copy/paste)
http://faraoecompanhia.blogspot.com/2011/05/descrption-de-legypte.html