Sem quaisquer pistas ou indicações, eu proponho aos meus amigos escribas que identifiquem a cena e os seus protagonistas, pela qual receberão moscas de ouro ou cones de perfumes no caso dos vencedores - sim, vencedores, para ser simpático - e chibatadas para os vencidos!
Boa sorte!
Cena da pesagem do coração, exposta no cap. CXXV do Livro dos Mortos. Amut espera junto da balança que o resultado da pesagem viesse a condenar o defunto e, em consequência, este viesse a ser por si devorado. Comer o coração ib do morto significava retirar-lhe a possibilidade de uma vida nos campos de Iaru. Ufa...
ResponderEliminarReconheço Anúbis, Ammut e Thot... Portanto julgo que estão a julgar o defunto. De um lado o coração do mesmo e do outro a pena (ou pluma) da verdade de Maat (Deusa da Justiça, representa equilibrio, verdade), se a balança não ficar em equilibrio Ammut devorará o coração, salvo erro...
ResponderEliminarMas já que "estou aqui" atrevo-me a perguntar: há imenso tempo que tenho curiosidade em adquirir o Livro dos Mortos, mas não sei onde ou como o fazer. Se me derem uma mãozinha, agradeço. :)
Ana C.
A nossa diligente escriba Teresa, sempre atenta e bem documentada, irá festejar a passagem de ano com um vistoso cone de perfume no alto da cabeça porque acertou na identificação da cena.
ResponderEliminarDe facto trata-se da cena de pesagem do coração na balança maética, ilustrando o capítulo 125 do «Livro dos Mortos», com o monstro Ammut pronto para devorar o coração se ele estiver impuro.
Se tal acontecesse o morto ficaria privado de fruir a vida eterna nos úberes Campos de Iaru, que os Gregos depois iriam reinterpretar como sendo os seus Campos Elísios (e que agora ficam em Paris).
Aumentando o papiro verifiquei que ele pertence a um funcionário chamado Hunefer, que se apresenta com o título de escriba real (sech nesu), aparecendo duas vezes na imagem com o seu belo trajo de linho.
Em baixo está a ser introduzido na sala do tribunal por Anúbis e em cima está ajoelhado perante um friso de dez divindades, todas identificadas por uma pequena legenda com o seu nome.
E, já agora, quem são essas divindades?
Eu até nutro alguma simpatia pelo monstro Ammut, a "fera do Ocidente" ou a "Devoradora", como lhe chamavam, que roubaria a possibilidade da viagem do defunto para os campos de Iaru àqueles que tivessem cometido crimes e o seu coração fosse impuro.
ResponderEliminarInfelizmente quem fosse rico, facilmente enganaria a criatura com o rolo de papiro correspondente ao que chamamos "Livro dos Mortos", reforçado pelos cantos de hinos protetores dos sacerdotes.
Podia ser um animal terrível, com boca de crocodilo, patas de leão e traseira de hipopótamo, mas deveria ter também cérebro de galinha, sendo assim facilmente levado à certa...
Como nenhum dos escribas decidiu responder à questão que lancei no anterior comentário, acerca da identidade das divindades presentes na parte superior da cena, vou responder eu - posso?
ResponderEliminarO defunto Hunefer, ajoelhado à esquerda, venera as seguintes divindades identificadas pelos seus nomes: Ré, Atum, Chu, Tefnut, Geb, Nut, Hórus, Ísis, Néftis e outra divindade secundária.
Trata-se, afinal, da Enéade de Heliópolis, com algumas modificações apropriadas à circunstância: como líder da Enéade está o deus Ré no lugar de Atum, em vez de Osíris (que já está sentado no trono na sala do julgamento) ficou Hórus, e o malvado Set nem aparece aqui, o que seria despropositado.
Relendo os comentários à postagem feita com o papiro de Hunefer, que contém uma cena do capítulo 125 do «Livro dos Mortos», reparei que a nossa leitora Ana C. fez uma pergunta que ficou sem resposta.
ResponderEliminarDeseja a nossa leitora saber como adquirir uma versão do «Livro dos Mortos» - pois bem, por enquanto em português não existe uma versão que seja capaz, há versões um tanto abandalhadas e que não se recomendam.
Por isso é melhor optar por versões em inglês ou em francês. No primeiro caso há os seguintes:
Raymond Faulkner, The Ancient Egyptian Book of the Dead, Londres: British Museum Publications, 1985.
James Wassermann (ed.), The Egyptian Book of the Dead, Cairo: The American University in Cairo Press, 1998.
Thomas G. Allen, The Book of the Dead or Going Forth by Day, Chicago: The University of Chicago Press, 1974.
Em francês recomenda-se:
Paul Barguet, Le Livre des Morts des Anciens Égyptiens, Paris: Les Éditions du Cerf, 1968.
Jean-Louis de Cenival, Le Livre pour Sortir le Jour. Le Livre des Morts des Anciens Égyptiens, Bordéus: Réunion des Musées Nationaux, 1992.
Convém anunciar que está em preparação uma edição portuguesa do «Livro dos Mortos» que sairá em finais de 2012. Até lá pode ser lido um sucinto artigo sobre o «Livro dos Mortos» no Dicionário do Antigo Egipto, pp. 513-517.
Muito obrigada. Foi algo que sempre me fascinou. :) Agora a questão é: compro em inglês ou espero pela versão portuguesa? Talvez não consiga esperar... Muito obrigada mesmo. :)
ResponderEliminarAna C.