quinta-feira, 22 de março de 2012

Sincretismo cultural

Mesmo que Cleópatra tenha sido degradada pela propaganda do 1º Imperador de Roma, Otávio César Augusto como sedutora oriental e vil, destruidora das virtudes romanas, os novos senhores estrangeiros a dominar o Egito durante meio milénio influenciaram e foram influenciados pela cultura egípcia, especialmente na área dos rituais funerários.

Esta imagem provém do Museu de Belas-Artes, em Montreal, no Canadá. Apresenta máscaras funerárias romanas de formato tridimensional originárias da colecção de múmias encontradas na zona do Fayum.

Se os corpos destas pessoas foram mumificados de acordo com a antiga tradição funerária egípcia, as faces foram representadas através de retratos pintados ou máscaras funerárias ao estilo romano, exibindo o que terão sido os seus verdadeiros traços em vida. Em muitos casos, os seus nomes estavam registados em grego antigo.

Isto mostra uma fabulosa simbiose de culturas - a clássica greco-romana com a oriental-egípcia - que persistiu durante os primeiros três séculos da dominação romana no país do Nilo até à altura em que o Cristianismo começa lentamente a superar as antigas religiões pagãs, por volta de meados do século III da nossa era.

Mais de 900 destes retratos foram descobertos na necrópole do Fayum, frequentemente bem preservados devido ao clima seco do Egito. Actualmente muitos deles estão espalhados por diversos museus um pouco por todo o Mundo.

1 comentário:

  1. Recordo que a interessante coleção egípcia do Museu de História Natural da Universidade do Porto (inaugurada em Setembro do ano passado) exibe uma máscara romana feminina de terracota pintada, que poderá ser também originária da região de Faium, de onde vieram expressivos exemplos do verismo retratista romano.

    A máscara romana da Universidade do Porto foi descrita no catálogo da coleção como «retrato feminino» porque se optou por enfatizar a peça como um exemplo da arte retratista típica do período romano no Egito (ver A Coleção Egípcia do Museu de História Natural da Universidade do Porto, pp. 238-239).

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