terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Opinião jagúncica e insultuosa





Depois do brilhante sucesso que foi a realização do Colóquio 
Internacional que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian
em 16 e 17 de fevereiro, enquanto decorria a exposição sobre
os «Faraós Superstars» a par da exposição de «Tutankhamon
em Portugal», na Biblioteca Nacional de Portugal, uma crítica
acirrada e escopélica de Helena T. Lopes quase que estragava
tudo o que de bom tem sido feito, nos últimos meses, em prol 
do estudo sério e da divulgação da egiptologia em Portugal.

A segunda imagem que aqui se publica reproduz o aculeado e
delinquente texto que a egiptóloga Helena T. Lopes publicou,
increpando, sem dar justificação, o diretor adjunto do Museu
Calouste Gulbenkian João Carvalho Dias um homem muito 
 culto e sabedor, um dinâmico, eficaz e incansável trabalhador  
da cultura, a quem se deve muito dos sucessos da exposição e
do colóquio, com a ativa colaboração de uma equipa bastante
preparada e adestrada para as tarefas que foram concretizadas
com grande e digno prestígio para a Fundação e o seu Museu.

Afinal os «graves erros» que a docente da Universidade Nova
de Lisboa (FCSH e CHAM) detetou, com deôntica perspicácia,
no catálogo editado com a exposição dos «Faraós Superstars»,
admirada até hoje por milhares de visitantes, resumem-se, pelo
que se pode concluir da sua esconsa, hebetante e obtusa crítica
infundada, ao facto de ter sido escrito o nome de Maet em vez
de Maat, quando foi esta mesma personalidade que redigiu os 
bem conhecidos nomes de Ísis e Néftis como Eset e Nebthoet,
deixando certamente os seus alunos num estado desalentado.

A talibânica crítica, jaculada por Helena T. Lopes, em aparente
defesa do rigor que tem de existir na escrita de nomes egípcios
de faraós e deuses contrasta, em hebefrénico paradoxo, com os
crassos erros de redação de antropónimos divinos que a mesma
egiptóloga deu adulterando os nomes dos filhos do deus Hórus:
a Hapi, com cabeça de babuíno, chamou Hepi; Duamutef, com
cabeça de canídeo, passou a Duemantef; a Imseti, com cabeça
humana, chamou Emesti; Kebehsenuef, com cabeça de falcão,
ficou a ser Quesenof (ver no comentário as fontes de consulta).

Quem escrevinha estas alvares minudências deveria saber, com
a seriedade e o rigor que se espera de uma docente universitária
da área de História Antiga, que há várias formas para se redigir
os nomes dos reis e deuses do antigo Egito: quem quiser poderá
escrever Quéops ou Khufu, Quefren ou Khafré, Amenemhat ou
Amenemés, Amen-hotep ou Amenófis, Sesóstris ou Senuseret,
entre muitos outros casos como Maet e Maat, sendo de registar
que notáveis egiptólogos como Alan Gardiner, Cyril Aldred ou
Jaromír Málek optaram por Maet, e sem quaisquer problemas.

Será ainda de esclarecer, relendo o desastrado e estouvado naco
de prosa ínvia de Helena T. Lopes, que a palavra subdiretor não
tem hífen, mas isto não é novidade, dados os erros de português
que habitualmente infestam os textos desta egiptóloga, docente
da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-CHAM), cujos alunos 
estão proibidos de ler e consultar os livros e os artigos de outros 
egiptólogos portugueses, da Universidade de Lisboa ou da Uni-
versidade Aberta, que, por sinal, são os que mais textos editam
no nosso país para proveito de alunos, investigadores e leitores.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Colóquio egiptológico


Para assinalar os cem anos da descoberta do túmulo do rei
Tutankhamon por Howard Carter, e as diversas atividades
arqueológicas e de difusão que nos anos seguintes se foram
desenvolvendo (e que afinal ainda hoje continuam) decidiu
o Museu Calouste Gulbenkian, em eficaz colaboração com
a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, realizar
um Colóquio Internacional, que decorreu nos dias 16 e 17 
de fevereiro, com notório sucesso, graças à laboriosa ação
duma equipa organizadora onde pontificou João Carvalho
Dias, diretor-adjunto do Museu Calouste Gulbenkian, e o
egiptólogo Rogério Sousa, da Faculdade de Letras.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Delírios viscerais




A presença de um vaso de vísceras feito para o funcionário
Iunefer, que está exposto na galeria de arte egípcia do Museu
Calouste Gulbenkian, onde ficará até ao mês de abril de 2023
por empréstimo da Ny Carlsberg Glyptotek, permite recordar
que no nosso país existem treze vasos de vísceras em acervos
públicos e privados, dois dos quais estão em Vila Viçosa, que
já foram estudados e publicados num catálogo apropriado.

Mas eis que o egiptólogo brasileiro Ronaldo Gurgel Pereira,
docente da Universidade Nova de Lisboa (FCSH), observou
com perscrutadora minudência os vasos referidos para deles
fazer uma nova e «melhor» leitura, tendo inserido na página
238 de uma gramática que publicou a sua versão, que acima
se reproduz, com um texto diferente do que está no original
do vaso que se vê na primeira foto (mas que aqui não se lê).

Quanto ao vaso de vísceras que está em baixo, encontra-se
no Museu da Farmácia e neste o texto vê-se bem, tendo por
três vezes o hieróglifo sa (signo V16 de Alan Gardiner, que 
até os alunos de Escrita Hieroglífica bem conhecem, o qual
tem o sentido de proteção, ou o verbo proteger), e também
ele está presente no vaso de vísceras de Vila Viçosa, com a
sua típica tampa de cabeça de falcão (deus Kebehsenuef). 

Ao lado do vaso do Museu da Farmácia, eis duas inscrições
hieroglíficas: uma manuscrita, feita há trinta anos, aquando
do estudo do acervo de Vila Viçosa, tendo ao lado um texto
feito em computador, da mesma inscrição, ambas iniciando
a fórmula com o hieróglifo sa com o sentido de proteção ou
o verbo proteger. Compare-se com a tradução do egiptólogo
brasileiro e a proposta exordial, despropositada e delirante.

Donde se conclui que não basta ir a um dicionário de egípcio
para caçar palavras ou signos mais ou menos parecidos, pois
convém ter alguns conhecimentos (pelo menos, os mínimos)
quanto à semântica profilática amiúde presente nos textos de
vasos de vísceras o que implica conhecer e observar dezenas
de exemplares de vasos de muitas coleções estrangeiras que
estão publicados em catálogos (nas bibliotecas e museus).

Note-se que em nenhuma fórmula de qualquer vaso visceral
se lê a frase «criada» pelo egiptólogo da Universidade Nova
dizendo «Este é o bom vaso» e nunca se viu o cargo de hem
-netjer como «o bom sacerdote», é apenas sacerdote, não se
podem inventar coisas! Ainda por cima as notas que o autor 
incluiu no texto que acima se reproduz remetem os leitores 
para «explicações» em rodapé que não esclarecem nada. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

De novo os hieróglifos




Decorreu hoje no Auditório Professor Adriano Moreira, na
Sociedade de Geografia de Lisboa, uma palestra dedicada
à decifração da escrita hieroglífica, tendo sido destacado
o notável trabalho de aturada investigação de Jean-François
Champollion, tendo como base o texto hieroglífico gravado
na Pedra de Roseta, e depois a fase de leitura dos nomes de
antigos faraós, com destaque para Ramsés e Tutmés (e este
segundo nome foi a chave para o sucesso, em 1822), tendo 
o jovem filólogo francês redigido o seu Précis em 1824.

Despedida com bons almoços




Eis, em cima, um almoço de vitela estufada com puré do chefe 
Miguel, ao qual não faltou um ágil toque de especiarias suaves
como despedida em vésperas de partida para mais uma viagem 
ao Egito, onde a gastronomia é diferente, embora os viajantes,
mesmo aqueles mais exigentes, disponham de diversos pratos.

Na segunda foto, a despedida da Praia das Maçãs foi feita com
um magnífico empadão, e na terceira o chefe Miguel esmerou
as virtualidades com ervilhas e ovos escalfados, num deleitoso
adeus à gastronomia nacional, mas no Egito teremos comidas
em estilo ocidental nos hotéis de nível e no cruzeiro no Nilo.

De novo com Mereruka





Dentro de poucos dias estaremos na mastaba de Mereruka, que
fica em Sakara, perto da pirâmide do rei Teti (o fundador da VI
dinastia), de quem este funcionário foi primeiro-ministro (tjati)
além de ele ter desempenhado outros cargos notórios, os quais 
podem ser lidos no túmulo de Mereruka (Meri para os amigos).

Na vasta região tumular de Sakara, que se situa perto da antiga 
capital do Império Antigo (III à VI dinastia), a importante urbe
de Mênfis, onde se venerava o deus Ptah, visitaremos também
o complexo funerário do Hórus Djoser (III dinastia), a mastaba
de Kaguemeni e pirâmide de Teti, com «Textos das Pirâmides».

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O Egito para os mais jovens


Aproveitando a boa exposição sobre os «Faraós Superstars»,
e que, com grande sucesso, continua a decorrer na Fundação
Calouste Gulbenkian (e que foi vista, até agora, por milhares
de pessoas), uma pequena feira do livro foi lá organizada,
quer no edifício principal quer na área do museu, com obras
dos principais e mais conhecidos egiptólogos portugueses, e
com uma secção dedicada aos mais jovens, vendo-se acima
dois dos bonitos livros que lá estão expostos para venda.

Mas contrastando com a elevada qualidade estético-gráfica 
e didática do álbum juvenil que se revela no lado direito, da
Editorial Caminho, que contém alguns acetatos para melhor 
se entender certas imagens, o livro à esquerda mostra vários
erros lamentáveis, que a Editora Universal não soube evitar,
por falta de uma revisão científica e por clara impreparação 
de quem fez a tradução do original inglês  -  e para o efeito
não basta saber inglês, convém conhecer bem o português!

Se já numa obra destinada, genericamente, a um público
mais adulto, os erros de português são um grave atentado
à inteligência das pessoas (que compraram os seus livros,
por vezes bem caros, na convicção de que estão corretos),
em livros para crianças, ainda numa fase de aprendizagem
nos seus vários graus de ensino, isso será gravíssimo, uma
falta de nível cultural, de rigor, de profissionalismo, como
patenteia o álbum da Universal (integrada no grupo Leya).

Não se percebe porque é que alguns nomes que constam
no pequeno volume ficaram à maneira inglesa quando os
jovens leitores são portugueses, além de várias anomalias
de redação, como se vê neste pequeno apontamento, para
mostrar como num livro de apenas 32 páginas está isto:

A deusa Uadjit, do Baixo Egito, ficou como Wadjet (p. 5).
Ao deserto chamavam decheret e não deshret (p. 6).
Gato em antigo egípcio era miau e não «miw» (p. 8).
O nome real era escrito em cartela, não cartouche (p. 20).
Anúbis tem cabeça de canídeo, não de chacal (p. 22).
Há pirâmides famosas em Guiza, não em Gizé (p. 26).
Não é embalsamento mas sim embalsamamento (p. 28).
Não é shabti mas chauabti ou estatueta funerária (p. 28).

Além disto, na imagem da p. 14 vê-se a deusa Ísis com uma
cornamenta liriforme e vestida com um belo traje vermelho,
mas a legenda diz que é a rainha Nefertari, a qual exibe nos
seus braços braceletes, não pulseiras (essas estão nos pulsos
da deusa); na p. 21 «ensina-se» às crianças como escrever o
seu nome em hieróglifos mas os exemplos são desastrados e
pejados de erros; na p. 24, um casal de defuntos é mostrado
como exemplo de «dançarinos e músicos» (?); na p. 24 vem
o «Templo Bubástis» mas é o templo de Bubástis, tal como
dizemos a Torre de Belém, ou a Sé de Lisboa; na p. 28 duas 
estatuetas funerárias são apresentadas como «duas mulheres 
shabtis»; na p. 29 diz-se que os corpos dos defuntos seriam 
embrulhados em ligaduras, mas ficaria melhor enfaixados.

É um assalto aos pais que compram o livro
e um insulto às crianças que o vão ler!

De novo Tutankhamon



Como seria de esperar, o aniversário da descoberta do túmulo
fabuloso do jovem faraó Tutankhamon por Howard Carter,
que ocorreu em novembro do ano passado, propiciou a várias
editoras a publicação de livros e revistas dedicadas a esse rei,
que acaba por ser um dos mais famosos do antigo Egito.

Entre diversas editoras merece relevo a National Geographic,
sempre criteriosa e rigorosa na escolha dos seus temas e dos
autores que convida, completando a seguir com uma apurada
revisão científica por especialistas nas matérias apresentadas
tendo em conta a necessária adaptação para o português.

Infelizmente, algumas editoras, sempre atentas às temáticas,
efemérides e títulos que vendam bem, aproveitam estas boas
oportunidades e lançam obras que são do agrado do público,
mas que não foram objeto de uma revisão científica, talvez
para não encarecer o «produto», e daí os crassos dislates.

Foi o que se passou com os dois livros saídos recentemente,
de editoras ávidas pelas vendas, mas com uma notória falta
de respeito pelos seus leitores, com erros de tradução, a que
se junta uma desastrada adaptação de nomes egípcios (isso
vê-se logo na capa do segundo volume, das Edições 70).

Dos dois livros que se mostram na segunda imagem vão ser
feitas as imprescindíveis recensões críticas, para denunciar
os erros cometidos, atribuíveis ao desleixo editorial, à falta
de preparação dos revisores, à avidez rapace de lançar para
o mercado as obras e ao alvar desrespeito pelos leitores.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

De Sakara a Kom Ombo



Aproxima-se a data de mais uma partida para o Egito, agora
com um grupo de cerca de quarenta pessoas que lá irão fruir
de uma temperatura amena nesta época do ano, a ideal para
a visita de monumentos que constam no aliciante programa,
de Sakara (no Norte) a Kom Ombo (no Sul), com o habitual
acompanhamento dos guias que sorriem na foto de baixo.

Amanhã, dia 8, pelas 21 horas, há uma útil reunião 
por zoom como preparação para a viagem. 

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Dentro da pirâmide de Teti





O rei Teti, fundador da VI dinastia, que reinou cerca de 2345-
-2335 a. C., mandou erigir a sua pirâmide em Sakara, estando
o edifício hoje bastante destruído no exterior, mais parecendo
uma anódina colina, mas no interior tem um bom exemplo da
compilação mágica e profilática conhecida como «Textos das 
Pirâmides», que lá foram gravados, e merecem a atenção dos
visitantes, alguns dos quais, mais curiosos e interessados, não 
resistem a espreitar para dentro do sarcófago vazio de Teti.

Regresso a Filae e a Ísis




As fotos recordam a última viagem ao Egito, durante a qual
se celebrou festivamente a passagem do ano, com o regresso
a 4 de janeiro de 2023, e um dos sítios para visita obrigatória 
será sempre a ilha de Filae, onde se encontra um belo templo 
dedicado à deusa Ísis, além de outros monumentos de grande
interesse como o pavilhão de Augusto-Trajano, onde se tirou
a fotografia de grupo para recordar mais uma boa viagem.

E dentro de duas semanas lá estaremos de novo!

Mais solidariedade rotária



No final de uma assembleia-geral do Rotary Clube de Lisboa,
que se realizou no passado dia 31 de janeiro, alguns membros 
ficaram na sede do Clube para um opíparo jantar de convívio, 
com um belo arroz de pato, durante o qual se reconheceu que
o sucesso das angariações das cestas básicas para instituições
carenciadas deveria continuar exitosamente no ano de 2023.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Pescada à Colares no Búzio



O primeiro almoço no magnífico restaurante Búzio, na Praia
das Maçãs, neste novo ano de 2023, foi uma opípara pescada
à Colares, preparada com requintado esmero e alta qualidade
como de resto é habitual naquela afamada casa, com o lídimo
acompanhamento de um vinho branco e fresquinho Esporão.