quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Ramesseum, de balão


Uma das vantagens da ousada viagem de balão que costuma ocorrer durante as visitas de estudo ao Egito é poder ver lá de cima alguns dos monumentos da margem ocidental de Lucsor, onde há muitos séculos foram feitos os túmulos de reis, rainhas, funcionários e artesãos, sobretudo na fase histórica do Império Novo (séculos XVI-XI a. C.).

Além dos túmulos, também alguns faraós mandaram erigir nessa vasta área os seus templos funerários (os palácios de milhões de anos, como se chamavam), e durante a visita deste ano foi apreciado bem do alto o templo funerário de Ramsés II, o Ramesseum, que está hoje bastante destruído, quer por tremores de terra quer por destruição humana.

Ainda assim, consegue-se perceber, depois de um primeiro pátio coberto de destroços, o que resta da passagem que dava acesso a um segundo pátio hipostilo, onde só estão as bases das colunas e alguns colossos osíricos adossados aos pilares da fachada da sala hipostila, na qual se percebe a nave central mais alta que as naves laterais.

Este palácio de milhões de anos feito para o grande Ramsés II não é habitualmente visitado por grupos, mas pode ser que para o próximo ano consigamos incluir uma visita ao seu interior...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O dia a dia

Uma das grandes dificuldades da "interpretação sociológica" dos antigos egípcios é, obviamente, a sua ausência enquanto sociedade viva. Temos de ir às abundantes fontes históricas, correndo sempre o risco de interpretações abusivas. É por isso que este diorama é para mim interessante, porquanto, abusivamente ou não, aqui os temos vivinhos e bem nutridos, a trabalhar no "maior oásis do mundo".

Fonte: National Museum of Scotland

terça-feira, 19 de junho de 2012

O falcão de Gulbenkian


No seguimento das imagens já aqui publicadas evocativas da visita 
de estudo ao Egito na Páscoa deste ano, aqui vai mais uma, 
desta feita com o pequeno (mas bom) grupo de viajantes 
junto do falcão de Gulbenkian... perdão, do falcão de Hórus, 
no majestoso mas airoso templo de Edfu.

Foi a imponente e conspícua imagem do falcão hórico que serviu
 de inspiração ao escultor Leopoldo de Almeida para fazer a bela 
estátua de Calouste Gulbenkian sentado sob a proteção benfazeja 
e inspiradora do deus Hórus, que bem se pode apreciar 
por quem está na Praça de Espanha olhando para a Gulbenkian.

E tudo isto porque o notável colecionador e generoso mecenas 
que foi Calouste Gulbenkian tirou uma fotografia junto 
desta famosa estátua de Hórus, quando em 1934 visitou o Egipto 
e esteve no grande e majestoso templo de Edfu, 
ficando dessa sua jornada um interessante caderno de viagem.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um servidor de Akhenaton


     Aperel é o nome de um alto funcionário régio nos reinados de Amenhotep III e Akhenaton. Dispunha de títulos como "General dos Carros de Guerra", "Pai do Deus" e ainda Tjati, ou seja "Vizir", o equivalente a principal chefe da administração central. 

    O túmulo de Aperel foi descoberto em 1987 numa região de Sakara, dedicada ao culto da deusa Bastet. Os registos indicam que Aperel desempenhou as funções de "Vizir do Norte" ou seja era o maior responsável pela administração central no Norte do Egito.

   Também exerceu funções militares e certamente teria grande confiança junto do misterioso faraó «herético» Akhenaton, pois permaneceu no seu cargo durante o reinado deste, mesmo durante a confusa revolução religiosa monoteísta implementada pelo rei. Era, portanto, um seu servidor da mais alta estima.

     A sua esposa, Tauseret, aparenta ter sido uma destacada senhora na corte de Akhenaton e Nefertiti, pois ela foi a única mulher não real do Império Novo sepultada num conjunto de três sarcófagos, o que não era vulgar.

     Conhecem-se três filhos deste antigo casal egípcio: Huy, Seny e Hatiay. O primeiro terá falecido, algures no 10º ano do reinado de Akhenaton, talvez com 25-35 anos de idade. O segundo parece ter seguido a carreira de dignitário e o terceiro veio a ser sacerdote.

    Segundo alguns especialistas, Aperel terá falecido entre os 50 e os 60 anos de idade, ao passo que a esposa não terá ultrapassado os 50. É de supor que dada a carreira de Aperel ter decorrido em dois reinados, ele talvez tenha falecido algures no reinado de Akhenaton, embora não existam certezas. Como em tantos aspectos deste estranho período da História do Antigo Egito, as perguntas são mais do que as respostas...

Um Akhenaton "escocês"

Meus caros amigos, imaginem onde fui encontrar esta representação do nosso conhecido faraó Akhenaton...



Foi num excelente museu em Edimburgo- National Museum of Scotland-  (http://www.nms.ac.uk/)  numa enorme ala repleta de objetos de grande qualidade, e com excelente apresentação.
Acreditem que fiquei maravilhado com o que vi e, se alguma vez forem para estas paragens, não o percam.
Este museu é multitemático: abarcando o contexto histórico, tecnológico, biológico (incluindo fósseis de animais pré-históricos como o famoso T Rex e o Triceratops) e mineral.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

As «Múmias de Belém»


No passado sábado, dia 9 de Junho, a RTP 2 passou um excelente 
documentário sobre os estudos realizados com as múmias egípcias 
animais e humanas do Museu Nacional de Arqueologia (chamadas
em curiosa alegoria «Múmias de Belém»), cuja qualidade fica muito
 a dever à realização de Marta Covita e dos técnicos da Iniziomédia.

Depois de vários anos de trabalho, a equipa multidisciplinar, que reuniu 
médicos radiologistas, um bioarqueólogo, egiptólogos e conservadores,
 liderados pelo Dr. Luís Raposo (diretor do Museu Nacional de Arqueologia)
 e pelo Dr. Carlos Prates (médico radiologista do IMI) e grande inspirador
do exitoso projeto, deu por bem empregue todo o tempo dispensado.

Para uma boa divulgação do trabalho em boa hora levado a cabo foram 
feitas conferências sobre o Lisbon Mummy Project na Associação
 dos Arqueólogos Portugueses (no decurso da Festa da Arqueologia
 realizada no dia 5 de Maio) e no Museu Nacional de Arqueologia
 (no dia 19 de Maio, numa organização do GAMNA).