quinta-feira, 1 de junho de 2023

O culto de São Machimon

 




Na bela visita à Guatemala os viajantes tiveram a rara e insólita
oportunidade de entrarem num espaço de culto a São Machimon
uma antiga divindade dos Maias que acabaria por se transformar 
num santo católico, um fenómeno que é bem conhecido na Ásia
Menor e na Europa, quando imagens pagãs foram cristianizadas.

Diversas comunidades com fortes raízes maias situadas em redor
do lago Atitlan mantêm vivo este culto sincrético, que é dirigido
por uma confraria, a qual diligencia para que a imagem do santo
em cada ano vá rodando entre as casas dos crentes num ritual de
música estridente, tabaco, incenso, álcool, velas e muitas flores.

No centro da sala está a imagem de São Machimon com chapéu,
lenços garridos ao pescoço (onde se espetam quetzales e dólares
ou euros), fumando um charuto guatemalteco ou um cigarro que
um dos dois mordomos de serviço vai acendendo, enquanto nas
cadeiras da sala se acomodam os crentes em estado alcoolizado.

Nos extremos da sala o visitante, incrédulo, depara-se com uma
imagem de Cristo numa redoma evocando o santo sepulcro, sob
o olhar benevolente de Santo André, estando à cabeceira Cristo
crucificado, entre outros santos, propiciando um estranho culto
 onde se ouve música aos berros, suspiros e formidáveis arrotos. 

1 comentário:

  1. Num comentário final a este apontamento de etnografia religiosa em ambiente de profanidade obscena, será de recordar o comentário de um viajante: «É pena não ter vindo no nosso grupo o senhor reitor do santuário de Fátima para nos explicar ao vivo este espantoso culto sincrético».

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