segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O rei e os deuses!


    Esta bela imagem provém do túmulo KV43, no Vale dos Reis, perto de Lucsor, onde no Império Novo foi sepultada a larga maioria dos monarcas egípcios das XVIII, XIX e XX dinastias. No caso deste túmulo, viria a ser colocado aqui o corpo do faraó Tutmés IV, que reinou aproximadamente entre 1400 e 1390 a.C., distinto rei da XVIII dinastia, época em que o Antigo Egito atingia um dos seus momentos mais gloriosos.
   Além de Tutmés IV, também parecem ter sido sepultados no KV43, dois dos seus filhos, a princesa Tetamon e o príncipe Amenemhat, de acordo com algumas inscrições e vestígios funerários aí encontrados. O túmulo foi descoberto pelas equipas de Howard Carter, em 1903.
   
   A posição do túmulo, situado numa zona mais elevada do Vale dos Reis permitiu-lhe sobreviver às inundações que por vezes ocorrem no local, contribuindo para a extraordinária preservação das suas pinturas. O sarcófago do monarca encontra-se no seu respectivo lugar, estando essencialmente intacto.
 
   Este painel faz parte da segunda câmara rectangular. Representa o rei Tutmés IV na companhia de diversas divindades, as quais lhe oferecem o ankh, sinal da vida. Da esquerda para a direita, vemos o faraó na companhia de: 

- Hathor, «Senhora do Deserto do Ocidente»;
- Anúbis, divindade protectora dos mortos e dos embalsamadores;
- Hathor desta vez na qualidade de «Senhora de Tebas», «Senhora do Céu», «Senhora das Duas Terras»;
- Osíris, deus do mundo subterrâneo, juíz dos mortos e do renascimento.

   Uma outra divindade está presente no painel, embora não se veja nesta imagem - é mais uma vez Hathor, de novo na capacidade de «Senhora de Tebas», «Senhora do Céu», «Senhora das Duas Terras». Outras partes da sala estão decoradas de acordo com os mesmos temas e padrões artísticos.

   Quem quiser saber mais pormenores do túmulo KV43, pode consultar o site www.osirisnet.net, onde estão listas da maioria dos principais monumentos egípcios, com narrativas detalhadas das suas descobertas e descrições das suas formas e conteúdos.

3 comentários:

  1. As divindades presentes junto do rei Tutmés IV estão aqui bem identificadas, e apenas registaria um pormenor que realmente não é habitual - é que os faraós costumam ser identificados nas representações tumulares com Osíris, o que aqui não sucede.

    De facto, as várias legendas hieroglíficas em frente do monarca apresentam-no como «deus befecicente» (netjer nefer, Menkheperuré (Tutmés IV), amado de Osíris (meri Usir, com anteposição honorífica) - ou seja, não é Osíris mas sim amado de Osíris.

    Esta invulgar discrepância em relação ao título-nome tradicional de Osíris poderia explicar-se pelo facto de a pintura mural no túmulo ter sido feita quando o rei ainda estava vivo, usando o o seu clássico título de netjer nefer...

    Mas acontece que em muitos outros túmulos os reis são chamados de Osíris e no entanto a preparação do túmulo ocorrera ainda em vida do monarca - como de resto era obrigatório quando se desejava ter a casa de eternidade pronta a tempo.

    O título de netjer nefer (deus beneficente ou deus bom) era atribuído ao rei quando ele estava vivo, contrastando com outro que era netjer aá (deus grande) inscrito nas legendas quando ele tinha falecido - chamem um iconógrafo da época para que ele explique isto!

    ResponderEliminar
  2. Estes hipogeus com os seus belos murais são de facto uma maravilha. Infelizmente dificultam ao turista a facilidade de se poder fotografar lá dentro (mesmo sem flash), resultando que qualquer foto tem de ser tirada à socapa do guarda. Obviamente que a qualidade da mesma raramente passa o medíocre, já que as condições de luz são escassas.
    Quem quiser ter boas fotografias teremos de comprar os livros onde, aí sim, se encontram imagens magníficas do interior destes túmulos.

    ResponderEliminar
  3. Ou então em certos sites online, também se apresentam magnificas fotos. As que vemos nos livros de Egiptologia por vezes são tiradas de acordo com técnicas que não danifiquem ou prejudiquem as pinturas e os relevos. Uma vez vi como faziam através do uso de pratos ou superfícies polidas, usando a reflexão da luz do sol para iluminar os espaços e as câmaras subterrâneas. Claro que isso é bem mais difícil quando os túmulos estão profundamente situados debaixo da terra, aí tem de se recorrer ao tradicional método da lanterna...

    ResponderEliminar