segunda-feira, 8 de julho de 2019

Tutankhamon enxovalhado




Na aviltante exposição que agora decorre no Pavilhão de Portugal,
no Parque das Nações, onde o faraó Tutankhamon é enxovalhado,
não se encontram muitas «réplicas» da bela joalharia profilática 
achada no seu túmulo - o que afinal não deixa de ser gratificante,
já bastam os muitos e crassos dislates que por lá abundam, além
de que é possível ver as verdadeiras imagens em catálogos, onde
se poderão apreciar algumas peças como aquelas que aqui estão.

Na verdade, à organização daquela horrorosa e rábida exposição, 
e às pessoas que montaram o percurso expositivo e selecionaram
as «peças», apenas interessou o lucro com o preço das entradas,
porque algumas «réplicas», toscas e frustes, não deviam lá estar,
com a agravante de diversas «peças» nem pertencerem ao túmulo,
são de épocas anteriores e posteriores ao reinado do jovem faraó,
juntando-se a isto muitas legendas redigidas com demência.

A exposição acaba afinal por revelar um deplorável desrespeito
e desprezo pelo público, a quem adrede foi prometida, de acordo 
com a propaganda divulgada pela organização, uma «espetacular
recriação do túmulo», ou ainda «uma fantástica viagem», quando
o que muitos visitantes porventura experimentarão após terem
percorrido aquelas salas é uma evidente revelação do desleixo, 
incúria, ganância e ignorância da organização do evento - com
a agravante de ele ser mostrado ao público num bem conhecido 
espaço cultural que agora pertence à Universidade de Lisboa.

1 comentário:

  1. Costuma-se dizer: é preciso ir ao local de origem para ver o original! Bom, nem sempre, mas se calhar seria preciso, dada a falta de consideração mostrada ao criar-se esta exposição...

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