terça-feira, 10 de abril de 2012

O Barão Vivant Denon


«Toda a minha vida desejei fazer a viagem ao Egipto, mas o tempo que tudo desgasta já tinha desgastado essa vontade. Logo que surgiu a hipótese desta expedição, que devia tornar-nos donos dessa região, a possibilidade de executar o meu antigo projecto, acordou em mim o desejo. Um palavra do herói que comandava a expedição decidiu a minha partida: ele prometeu levar-me consigo, e eu não duvidava do meu regresso. Depois de ter segurado a sorte daqueles que dependiam da minha existência, tranquilo com o passado, eu pertencia por completo ao futuro. Sabendo que o homem que desejava constantemente algo, adquire logo a faculdade de alcançar o seu objectivo, eu já não pensava nos obstáculos ou, pelo menos, sentia dentro de mim tudo o que era necessário para os ultrapassar. O meu coração palpitava sem que conseguisse descobrir se aquela emoção era de tristeza ou de alegria. Eu caminhava errante, evitando todos, agitando-me sem ideia, sem prever nem saber o que iria ser útil num país assim tão desprovido de todos os recursos.»
Regressado a Paris, em 1802, publica este seu relato ilustrado
com 141 gravuras da sua autoria.

1 comentário:

  1. De regresso de mais uma visita de estudo ao Egito encontro esta postagem da nossa diligente escriba Teresa que lembra o saboroso texto que Vivant Denon nos deixou da sua viagem ao país do Nilo, acompanhando Napoleão, «o herói que comandava a expedição».

    A obra do viajante e desenhador francês (e que viria a ser o primeiro diretor do Museu do Louvre) foi editada entre nós pelas Publicações Europa-América em 2004, e desse volume foi feita uma recensão crítica que saíu na revista Cadmo nº 14 (pp. 218-220).

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