sexta-feira, 20 de maio de 2011

Buhen, uma fortaleza que não soube nadar…



A imagem da fortaleza de Buhen, que ficava praticamente sobre a fronteira egito-sudaneza perto da 2ª catarata do Nilo na sua margem ocidental, desapareceu definitivamente, porque infelizmente não foi transladada do local original por motivo do enchimento do lago Nasser na sequência do represamento do Nilo quando foi feita a barragem de Assuão, ao contrário do que aconteceu para alguns templos que se encontravam em localização semelhante. Assim, já que o material de construção era em grande parte o adobe e menos a pedra, terá sido destruída completamente fruto da corrente natural do rio.

Foi atribuída a sua execução ao faraó Senuseret III da XII dinastia, cerca de 1860 a.C. , e destinava-se a fazer a defesa militar do território relativamente à Núbia bem como
o apoio a intervenções militares mais a sul principalmente na região de Cush.
A maior curiosidade é o seu aspecto muito semelhante aos castelos medievais que foram construídos cerca de 2500 anos depois. Podiam-se ver vários tipos de torres com seteiras, muralhas com ameias e contrafortes, valas exteriores de protecção, pontes e até um pequeno templo.
Deixo-vos aqui este raríssimo vídeo que documenta como eram as ruínas antes da área ter sido completamente inundada.
RIP

4 comentários:

  1. Fortaleza verdadeiramente assombrosa. Seria igualmente inexpugnável?

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  2. Não, ela não era inexpugnável. A fortaleza de Buhen foi tomada pelos núbios durante o Segundo Período Intermediário (c. 1650-1550 a. C.), numa fase de declínio do poder faraónico, quando o Egipto estava parcialmente submetido ao domínio dos reis hicsos de origem estrangeira.

    Depois, com o tempo áureo do Império Novo (c. 1550-1070 a. C.), a fortaleza foi reocupada e reconstruída, aumentando ainda mais as suas potencialidades defensivas no conjunto das várias fortalezas egípcias na Núbia.

    Por outro lado, o sítio de Buhen é um paradigma da presença egípcia a sul de Assuão, que se manifestava eficazmente do ponto de vista militar e cultural - é que Buhen tem de ser apreciada a par de Abu Simbel com todo o seu poder ideológico.

    Também em Buhen existiam templos, dois deles dedicados a Hórus de Buhen, uma divindade local, outro a Ísis (cuja imagem de afecto deve ter comovido os núbios) e outro ao grande Min (cuja representação os deve ter impressionado).

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  3. João Alves da Cunha8 de janeiro de 2012 às 02:54

    Hoje, já é ponto assente que a construção da barragem no Egito, foi um dos maiores erros da sua história. Afinal, parece que ela não serve para nada. Em vez de beneficiar, prejudica. O que aconteceu à Fortaleza de Buen, e outros locais, foi um verdadeiro crime contra o património da Humanidade. Como é possível?

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  4. Concordo com o João Alves. Do ponto de vista arqueológico foi uma tragédia. No entanto mais cedo ou mais tarde a barragem teria de ser construída. Era muito complicado num país que atualmente tem cerca de 90 milhões de habitantes lidar com o problema das tremendas enchentes anuais do único rio do país. Na altura as margens recuavam nalguns pontos mais de 5 Km para cada lado.
    Acho que se devia ter tido mais tempo e recursos para explorar exaustivamente toda a zona que ficaria inundada definitivamente, e proceder à deslocalização dos achados, como foram feitas nalguns casos.
    Infelizmente o que está debaixo de água ficou irremediavelmente perdido.
    Eu até compreendo, mas fico chateado...

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