sábado, 11 de fevereiro de 2012

Rosto humano do pastor divino

Esta imagem mostra a cabeça e o rosto de Senuseret III, monarca do Império Médio, cerca de 1860 a.C., feita de um material vulcânico chamado obsidiana e que retrata o rei numa perspectiva notavelmente humana, provavelmente feita já em plena maturidade.

Adornado com o seu toucado real (nemes) e na fronte com o uraeus -a serpente sagrada - Senuseret III surge-nos com uma expressão mais humana que divina, com os reflexos das preocupações e das responsabilidades do seu alto cargo espelhados nos seus traços e contornos faciais.

É um tanto desviado dos cânones tradicionais da escultura egípcia que tendiam a representar os seus reis com traços de absoluta perfeição e pureza onde as fraquezas humanas não tinham lugar.

O artista parece ter tido a intenção de sublinhar uma sensação não apenas de divindade, mas também de humanidade, como se o rei fosse um bom pastor absorvido pelo desejo de praticar os preceitos da maet ao seu povo - preceitos de justiça, harmonia, verdade, equilíbrio.

Esta linda peça pode ser admirada no Museu Calouste Gulbenkian. Outros exemplares de cabeças de Senuseret III são encontrados no Museu do Louvre em Paris, no Museu Egípcio de Berlim, no Museu Britânico em Londres e no Museu de Lucsor, no Egito.

P.S. Podem saber mais sobre Senuseret III através de diversas obras de carácter geral como enciclopédias e Histórias Universais ou então em obras mais específicas como o Dicionário do Antigo Egito e Os Grandes Faraós do Antigo Egito ou ainda consultar diversos sites na Internet.

5 comentários:

  1. Agora fiquei um pouco confuso, pois no Dicionário do Antigo Egipto, no artigo sobre o Império Médio, mesmo no final, diz que o rosto de obsidiana do Museu Calouste Gulbenkian representa Amenemhat III.

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  2. E agora quem ficou confuso fui eu! O site do Museu Calouste Gulbenkian refere o dito rosto de obsidiana como sendo de Senuseret III, assim como no livro "Os Grandes Faraós do Antigo Egito". O que eu posso talvez compreender desta discrepância é que em tempos a cabeça talvez tenha sido identificada como de Amenemhat III, mas agora parece ser Senuseret III.

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  3. É o que acontece quando só resta parte da peça... falta a base que teria o texto com a cartela com o nome do faraó.
    O tipo de escultura é claramente típica do Império Médio, agora uma cabeça de faraó fora do contexto onde foi descoberta é que é mais complicado... Nem sempre podemos atribuir inequivocamente a um soberano!

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  4. Pois é, acontece que no Dicionário do Antigo Egipto, no artigo sobre o «Império Médio» (p. 443), vem de facto o nome de Amenemhat III, mas foi um lapso - na segunda edição desta obra (que se espera para breve), a emenda será feita, dado que se trata de Senuseret III.

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  5. Já escrevi uma anotação no meu exemplar a corrigir esse lapso. De facto, recordo-me de o Prof. Araújo ter dito que a tal cabeça de obsidiana representava Senuseret III na visita de estudo ao Museu Calouste Gulbenkian. Obrigado pelo esclarecimento.

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