terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Comentário às manifestações no Egipto (Jan/2011)

Temos assistido muito recentemente a movi-mentos importantes de contestação em alguns países do mundo árabe, desde a revolução tunisina... Este processo tem-se alastrado e agora a novidade é que também chegou ao Egipto, e com alguma força, quando se esperava a passagem "automática" do poder de Mubarak para o seu filho.
É uma situação a seguir com atenção... Sabemos como começou, mas ainda não sabemos como vai acabar...

3 comentários:

  1. É previsível que acabe como a da vizinha Tunísia, mais cedo ou mais tarde, escriba Jorge P;-)

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  2. A situação é de facto preocupante, e hoje no encontro com o nosso amigo Mustafa, no Museu Nacional de Arqueologia, o assunto foi aflorado, mostrando ele alguma preocupação pelo que está a acontecer sobretudo no Cairo e em Alexandria - embora seja possível que alastre a outros sítios.

    O alto custo de vida, o desemprego, a pressão do aumento demográfico, a falta de habitação, os salários miseráveis... faziam prever de algum modo o que está a ocorrer, embora os acontecimentos na Tunísia tenham de facto acelerado o processo.

    A instabilidade que poderá vir aí terá certamente influência no turismo, e as consequências serão trágicas - não tanto para os turistas, que sempre podem encontrar outros destinos, mas sim para uma grande parte da população do Egipto de hoje.

    Na verdade, num país que tem oitenta milhões de habitantes (!) a viver num espaço habitável que é metade de Portugal (!!), e onde o salário médio ronda os dois euros por dia (!!!), as verbas enormes deixadas pelo turismo são cruciais - e seriam mais úteis se não fossem desviadas para outros fins que não a preservação dos vestígios históricos.

    E é aqui precisamente que convém lembrar o que significa o bakchich entregue diariamente pelos turistas a multidões de crianças, de pedintes e de vendedores. Um euro por dia que uma daquelas crianças receba vai ajudar imenso o orçamento familiar, três ou quatro euros por dia que os vendedores de rua possam obter é para muitos deles a salvação.

    Claro que a instabilidade que se prevê, com o caos e a desordem, acompanhados pela quebra da autoridade e pela ineficácia das forças de segurança (por mais legítimas que sejam as reivindicações dos manifestantes), vai levar ao aproveitamento por parte de extremistas e de fundamentalistas que estão à espreita - e se assim for o desfecho será imprevisível!

    Claro que quem mais perderá com a quebra do turismo, ou talvez mesmo, se a situação se agudizar, com o desaparecimento do turismo, serão os donos dos grandes hotéis, dos barcos de cruzeiro, das grandes lojas - mas isso é o menos...

    Convirá perguntar o que sucederá às riquezas históricas e artísticas guardadas no Museu Egípcio do Cairo e noutros museus, aos locais históricos - neste caso perderemos todos.

    Soluções? Não imagino...

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  3. se quiserem uma análise actualizada e desapaixonada, bem documentada sobre o que se está a passar no Egipto consultem o seguinte:

    http://www.thedailybeast.com/

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